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sexta-feira, novembro 28, 2003

Os queridinhos da Jana
(Eu sou quem eu sou por causa deles)


Uma das coisas mais interessantes da propaganda é que não trabalhamos sozinhos, nunca. Como filha única fui obrigada, ao longo dos quase dez anos de publicidade, a lidar com a divisão dos bens profissionais. Sempre dividi mesa, bancada, telefone, computador e/ou jobs com alguém. A redatora tem dupla. O dupla é um diretor de arte. Poucas vezes eu tive problemas com eles. Alguns viraram meus grandes amigos. Este texto é especialmente para esses meninos e meninas que dividiram jobs e vidas comigo.

Já tive alguns duplas inesquecíveis. Dois deles se chamavam Marcelo. Em comum o fato de serem muito divertidos e gente boníssima. Aliás, nunca tive dupla mau-caráter. Ainda bem. A Simone, minha grande amiga até hoje, foi minha primeira dupla do sexo feminino. E trabalhávamos em sintonia total. A Si é uma das melhores pessoas com quem eu já trabalhei até hoje. Um ser humano maravilhoso, uma mulher fora de série. Jamais esqueço o dia em que ela disse que acreditava mais em mim do que nela mesma. E olha eu aqui, Si, contando pra todo mundo que você é uma das peças-chaves da minha carreira…

O Giovane e o Sérgio também me trazem boas recordações. Mas foi na ID & A do RJ que eu tive as duplas que mudaram minha vida: Danielle e Priscila, a Dani e a Pri, amigas para toda eternidade. A Claudete também foi uma das minhas duplas/amigas inesquecíveis, com quem trabalhei duas vezes. Clau: uma amiga e tanto. Não posso esquecer o Adriano e o Moa, pessoas importantes no meu amadurecimento pessoal e profissional.

Tenho ainda um carinho enorme pelas minhas duplas virtuais: a Christiane e a Fabiana . A Chris, que montou pasta comigo, é uma dessas amigas raras que está sempre por perto quando preciso. A Bibila, que participou comigo do Prêmio Apple algumas vezes, é uma pessoa muito querida e especial.

Chegando a SP tive a chance de trabalhar com dois diretores de arte muito queridos na Registrada: meus amorecos Erlon e Silvio. Tops de linha, pacientes e amigos, o Erlon e o Silvio souberam lidar com a pirralha assustada que desembarcou em Sampa perdida na multidão. É público e notório minha admiração e carinho por eles. Sinto muita falta de trabalhar com os dois, embora a amizade seja eterna e uma das melhores coisas que ficou da nossa relação profissional – além de alguns anúncios brilhantes que fizemos, claro.

E ai chego a uma parte especial da minha vida: trabalhar numa agência onde eu não tinha dupla fixa. Na Grey eu “duplei” com tanta gente … mas sempre tinha um ou outro com quem a afinidade era maior. Eu passei pelo Caio, pelo Daniel, pelo Wilsan, pelo Wlad, pelo Carlinhos, pelo Elói, pelos meus queridíssimos Antonio e Fernandinha, até chegar ao meu querido, amado e idolatrado Alexandre, o Alê, e as minhas amigas de fé Tatiana, a Tati, e Raquel, a Rachel. A Tati, em particular, devo uma pasta inteira. Poucos duplas na minha vida foram tão fundamentais como ela.

O mundo dá voltas e eu voltei a trabalhar com o meu querido Silvio. Descobri o Antonio e agora ainda tenho o Gustavo e o Marcelo para descobrir também. E por último, mas não o último, tem o Sergio, que como é irmão gêmeo do Sil, só podia ser querido também. Mas ele é mais que isso: é um garoto gente boa, amigo e companheiro, com aquele jeito sério que sabe fazer uma piada e que ainda gosta do U2, da Madonna e da Cindy Lauper. Fala sério, só podia mesmo ser um fofo. O sucesso de uma dupla se faz com parceria, respeito e muita afinidade. Acho que eu e o Sergio estamos no caminho certo e com uma vantagem: a gente fala a mesma língua (mas com sotaques diferentes).

A sintonia que rola entre pessoas tão distintas se reflete em bons trabalhos e soluções criativas pros jobs ossos-duros do nosso dia-a-dia. A vida me levou a conhecer essa gente especial, bacana e que me ajudou a ser a redatora que sou. Foram eles que me fizeram aprender mais e mais. Uma dupla é um casamento, tem que ter empatia e química para rolar um clima e o trabalho fluir.

Este texto é pra vocês, meus queridinhos ex-duplas, pros meus queridinhos duplas atuais. Pros meninos e meninas que me ajudam a ser uma redatora melhor a cada dia. Obrigada pela paciência, pelo carinho e pela amizade de ontem, de hoje e de sempre. Obrigada por existirem em minha vida. Obrigada por dividirem jobs e vidas comigo.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

terça-feira, novembro 25, 2003

But I still haven’t found what I’m looking for


Tem dias que não dá. Pára o mundo que eu quero descer agora ! Eu estou cansada e ainda estou com TPM. Aí é foda. Não dá para falar sério num momento desses. Entre um job e outro discute-se se o Marcelo Antony é gato ou não. Ele é absurdamente lindo, eu vi ao vivo. Gritam no meio da criação: “experimenta, experimenta !” Eu experimento sim, fácil, fácil.

Ainda bem que tenho o CD do U2 que a Sil me emprestou pra salvar o meu dia. Ouço no último volume. Com meus fones de ouvido não tenho que aturar o atendimento cobrando job. E a voz no Bono é melhor do que a de um bando de gente tentando se entender quando o cliente não quer ser entendido.

E pensar que sábado eu estava tão feliz com a (re)descoberta da vida na maravilhosa peça “Tio Vânia” do Tchekhov, com tradução do Millor e direção do Aderbal Freire Filho… Com um layout fantástico (cenário de Daniela Thomas, figurinos de Marcelo Pies e iluminação de Maneco Quinderé) e um texto de arrepiar, sai do teatro sem ação. Uma história difícil e triste, interpretada com brilhantismo pelo Diogo Vilela, que me fez pensar: “caramba, é viver agora ou não mais !”

E pensar que no domingo eu me sentia extremamente feliz ao contar histórias para minhas crianças, que fazem da minha vida algo muito mais útil. Sim, eu tenho as minhas crianças e como não sou a Maria Clara “Malu Mader” Diniz, posso dizer que faço um trabalho voluntário com o maior prazer. E meus domingos são mais especiais porcausa delas. Enquanto você aí tá perdendo seu tempo dormindo, sofrendo, curtindo sua solidão ou usando suas válvulas de escape, eu posso ser útil. Como você também poderia, mas não quer.

E o Botafogo ainda voltou para primeira divisão ! Não é a minha cara ser torcedora de um time que é conhecido como “estrela solitária” ?

Tudo ia bem … tão bem … mas chega esse mau humor, esse cansaço, essa falta de tudo, essas sombras do passado, esse dia que não termina, essa vida nebulosa, esse mundo que não decide por mim …

Acho que nunca vou encontrar o que quero. E eu não sei porque ainda continuo procurando.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www. fotolog.net/janaredatora

sexta-feira, novembro 21, 2003

I will survive


Está todo mundo cansado, trabalhando muito, entediado, deprimido, aborrecido, chateado, solitário. É incrível como o mundo acorda de mau humor quando o sol não aparece. Eu estou absurdamente cansada, o trabalho anda consumindo 48 horas do meu dia. Sim, porque o dia pra mim não tem mais 24 horas faz um bom tempo.

Mesmo assim, eu odeio a sensação de que a vida está passando e eu estou só olhando pela janela. Eu tenho 29 anos, os sinais da idade vão aparecer em breve no meu rosto. Meus cabelos vão perder a cor, meu corpo um dia não vai ter mais a vitalidade de agora. E não adianta fingir que nada está acontecendo, em algum momento eu vou olhar para trás e perceber que envelheci.

Apesar de todo meu casaço, eu quero sair, dançar, beijar, amar e fazer tudo que eu tenho direito. Eu não posso, não devo e não vou ficar vendo a vida passar. Eu não permito que um cara que sumiu, um amigo que me esqueceu e um job a mais me tirem a energia. Eu estou viva e amo o meu trabalho, mas eu amo a vida que tenho e que levo por aqui.

Hoje é sexta-feira. Pelo amor de Deus, vamos sair por ai, beber, gritar, falar alto, curtir os amigos, namorar ! Vamos viver. Não fiquem aí parados espiando a vida. Juntem-se a multidão agora. Parem de perder tempo com o fulano que não te quer, com a sicrana que te largou, com o cliente que não aprova nunca a merda do job, com o seu chefe chato, com sua família mala. Aproveitem cada minuto: ele pode ser o último.

A vida é cheia de riscos. Arrisque-se na doce aventura chamada diversão. Curta a vida mesmo, loucamente. Porque a maior loucura que o ser humano pode fazer é deixar de aproveitar a vida. Então … live and let die.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora


terça-feira, novembro 18, 2003

And the winner is


Na última sexta-feira, meu amigo Kiko (um dos personagens mais queridos dos meus artigos) me ligou para contar que era um dos selecionados para a final do Festival do Minuto. Do caralho. Mais de 700 inscritos e ele estava na final. Ontem lá fui eu para o CineSesc prestigiar o Kiko. O tema do Festival deste ano foi simplesmente sensacional: mãe. Quantas visões distintas e distorcidas podemos ter dessa mulher fabulosa que coloca a gente no mundo ? Adoraria fazer um vídeo de 1 minuto para minha mãe. Pensei quantas idéias a gente pode ter com um assunto tão rico. E idéias simples e fantásticas estavam lá.

O Kiko estava particularmente feliz vendo seu vídeo entre os finalistas no seu cinema favorito. E isso já era sensacional. Sua alegria contagiante e seu sorriso fácil foram a atração da noite. Várias idéias brilhantes passearam pela tela; algumas eram aflitivas, outras divertidas. O Kiko, o Pedro Becker e o pessoal da Sentimental Filmes optaram pelo bom humor: na hora que você xinga alguém, quem leva o palavrão pela cara ? A mãe, lógico. Ninguém é filho do puto do pai. Mas todo mundo um dia é chamado de filho da puta … é a puta, coitada, é a mãe.

E estavamos todos lá, inclusive o Pedro Bacic e seus brilhantes olhos verdes (ontem estavam verdes porque combinavam com sua camisa). Todo mundo feliz da vida, aplaudindo os vencedores e não concordando com alguns resultados. De repente, o comentário da Laís Bodanzky – a diretora do sensacional “Bicho de sete-cabeças”, que é muito mais do que um filme com Rodrigo Santoro – ecoou pelo bar do CineSesc. Sim, “A tua mãe” ficou em segundo lugar no Festival do Minuto. O Kiko ganhou o prêmio, a Sentimental ganhou o prêmio, os amigos ganharam a alegria de ver um trabalho muito bacana ser reconhecido. Afudê.

Depois disso, tudo foi festa. Mais do que um prêmio para um publicitário, o Festival do Minuto premiou um excelente redator, um cara fora-de-série e um amigo muito querido. Parabéns pro Kiko, pro Pedro Becker, pra Sentimental Filmes, pra iniciativa do maravilhoso Festival do Minuto.

Publicitários adoram festas, badalações e prêmios. Só que muitos desses prêmios são para anúncios que nunca existiram e filmes que passaram bem longe da TV. Eu adoro ver um prêmio como esse: um reconhecimento de verdade, que vai além daquele anúncio que nunca saiu em lugar nenhum, daquela idéia que ninguém entendeu. Este foi um prêmio baseado em fatos reais: idéia que não foi chupada, vídeo originalmente escrito e produzido para um Festival. Um prêmio merecido e que tem muito mais valor do que alguns clios, leões, papagaios, lâmpadas, lustres e outros que andam por aí assombrando nosso mercado.

Quem disse que a gente tem que comprar leão da Alameda Santos, hein ? Aliás, quem disse que publicitário só se realiza ganhando Cannes ? O Festival do Minuto está logo ali para provar que criativo de verdade se vira bem em até 60 segundos, sem precisar vender as mentiras que nos ensinaram a contar. Publicitário de verdade faz folheto, mala-direta, mídia alternativa, aprova anúncio bom e real, aprova anúncio ruim e verdadeiro, cria para ganhar prêmios num festival que foi feito somente para isso: para incentivar as idéias com base num tema.

Criativo de verdade vira a noite fazendo trabalho chato e não pensa 24 horas na porra da idéia fantasmagórica que vai te dar um bicho pra por em cima da geladeira (e o bicho nem é um pinguim). E quer saber mais ? Que bom que a recompensa divina sempre vem e que o bem vence no final. Que bom que alguém como o Kiko, que fica feliz mas não fica metido, ganhou seu merecido prêmio. Graças a Deus que foi ele. Ou melhor, graças a mãe.

P.S.: “A tua mãe” e os outros finalistas do Festival do Minuto em www.uol.com.br/minuto

Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

quinta-feira, novembro 13, 2003

Comer, beber, viver


Terça-feira, meu dia cármico, subia quase sem fôlego a Manoel da Nóbrega, rumo à minha casa. Ia almoçar rapidamente, depois de bater perna para colocar minha vida em ordem. Pelo meu caminho passaram meus queridíssimos amigos Pedro e Kiko, astros do meu artigo “Almoço com as estrelas”. Acompanhados de seus companheiros da Thompson, Sérgio e Luis, eles iam para mais um almoço no tradicional point publicitário “Galeto Paulista”. Fui até lá com eles.

Incrível como eu não consigo mais falar de propaganda na hora do almoço. Deve ser influência do Sergio (não o da Thompson, o meu DC). A gente anda abstraindo tanto o assunto fora da agência que eu aprendi a não comer anúncio, não beber layout nem fazer do prêmio que não ganhei uma indigesta sobremesa. Mas acho interessante a visão das pessoas para o dia-a-dia da propaganda. Parece que é tudo igual, só mudam os endereços das agências. E deve ser isso mesmo. Foi divertido almoçar com os meninos e ouvir as histórias inusitadas de cada um. Eu adoro ouvir, tanto quanto falar. E ouvi opiniões diversas do louco mundo publicitário. E ainda teve a surreal cena da mulher que passou pela nossa mesa, quase morrendo, numa sequência hilária. Lógico que, como criativos, fizemos um filme para ela. Job resolvido rapidamente.

E os brilhantes olhos azuis (ou seriam verdes ? Nunca sei !) do Pedro brilharam ainda mais quando ele viu sua van de Smirnoff Ice passando pela rua. Job na rua é pura emoção. Adorei o acaso-que-nunca-é-acaso de encontrar os meninos. Prometi um artigo a eles, e só agora, chegando de outro almoço, consegui pensar no que escrever.

Hoje almocei com o Sergio, meu DC, meu dupla e mais novo amigo, tão publicitário quanto eu. Propaganda foi um assunto que não foi incluso no cardápio. A gente preferiu falar dos caminhos divertidos e significativos da vida. Das surpresas que ela nos dá. Do olhar que temos pro mundo.

O mais legal da vida é a diversividade de pessoas que passam por ela. Na minha vida eu convivo com pessoas de todos os tipos, para todos os gostos. No meu universo profissional eu conheço muita gente. Gente que está do lado de cá e gente que está do lado de lá do balcão. Como diz aquele velho slogan, “cada um na sua mas com alguma coisa em comum.” Em comum é justamente o fato de que todos nós escolhemos o mesmo caminho tortuoso da publicidade. Para alguns, o caminho tem flores. Para outros tem pedras. Só que as flores um dia murcham. E as pedras, mesmo com dificuldades, sempre poderemos remover do nosso caminho.

Sigo comendo, bebendo e vivendo. Mas, não sei ainda se felizmente ou não, respirando muito menos publicidade. Só uma coisa não muda: continuo escrevendo muito. Porque isso sim é a parte fundamental da minha vida e a razão da minha existência.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

quarta-feira, novembro 12, 2003

Janaina de raquete


Na última sexta-feira, enquanto o mundo publicitário fervia em mais uma festa de arromba, eu estava no ginásio do Ibirapuera torcendo pro Guga. Carrego a frustração de nunca ter visto ao vivo o meu ídolo Ayrton Senna correr. Não podia carregar também a frustração de não ver o Guga. Ainda mais jogando a poucos metros da minha casa.

Carismático como poucos, o Guga é um daqueles casos raros de atletas fora de série, que sabem o que está fazendo. E neste caso, joga tênis pra valer no país do futebol. Nem venham me dizer que ele não é mais o número um do mundo. Ele é muito bom e tem aquela energia positiva que só gente do bem pode ter.

Então eu vi o consistente Saretta vencer e sim, eu vi o Guga. Ele não foi brilhante mas teve momentos de fantástica emoção. Posso dizer que foram uma dúzia de jogadas sensacionais. E elas valeram mais que tudo. Ele é excepcional. É muito do bem. Tem a imagem do vencedor, do corajoso, da pessoa cheia de garra que vai à luta. Ele é um dos meus.

Desejo realizado, fui caminhando lentamente para minha casa. Com a doce lembrança de que o Guga bateu uma bolinha a poucas quadras do meu quarto. E com a certeza de que eu admiro as pessoas que, muito antes de vencer ou perder, irradiam luz e vibração positiva. Quem é do bem sempre vence na vida. E muitas vezes essa vitória é invisível aos olhos da maioria dos seres humanos. Mas é bastante visível aos olhos divinos. E isso é o que conta e faz com que eu e o Guga sejamos iguais num ponto: a gente cai, levanta e nunca desiste.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
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quarta-feira, novembro 05, 2003

Os anéis de Saturno


Quando a gente completa 28 anos se prepara para entrar na tal Conjunção de Saturno, um período de quase dois anos que muda radicalmente nossa vida. A cada 28 anos Saturno influencia nossa vida de modo devastador, provocando uma série de mudanças. A intensidade dos acontecimentos e o questionamento da nossa vida ocorre com força entre os 28 anos e meio e os 30 anos e meio. É nesta época que ficamos mais reclusos, que procuramos dar novos rumos à nossa vida e que coisas surpreendentes ocorrem.

Casamentos, separações, nascimentos de filhos, mortes de pessoas queridas, mudanças de cidade, de país, de profissão… os castelos que construimos vão caindo um a um porque a maioria deles era de areia.

Eu estou bem no meio dessa Conjunção de Saturno. Eu bem que percebi que minha vida estava diferente, ou melhor, que os caminhos que eu estava seguindo eram diferentes. Vieram os quinze minutos de fama e a certeza de que a razão da minha existência são as palavras.

Eu não tenho a menor idéia das pessoas que lêem este blog. Sei que alguns amigos lêem, que algumas pessoas gostam, que a maioria se identifica. Sei que tem gente que não curte, que acha meus textos pesados e que eu sou deprimida. Mas eu concordo com Nélson Rodrigues que achava que toda unanimidade é burra. Portanto, achem o que quiserem, eu vou continuar escrevendo do meu jeito.

A maioria das pessoas que lêem os meus textos não me conhece. O primeiro que causou grande repercussão, “Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui”, que saiu no site Trampolim, ainda é o meu preferido. E a partir dele eu comecei a receber dezenas de e-mails que significaram mais do que qualquer palavra que um diretor de criação já me disse. Nenhum anúncio que fiz até hoje significou tanto como estes textos.

Talvez eu nunca receba um prêmio, eu nunca mais vá a uma festa publicitária, eu nunca seja apontada como uma puta redatora, eu nunca trabalhe nas agências mais cobiçadas e eu nunca seja disputada pelo mercado publicitário. Isso não quer dizer que eu nunca serei feliz. A Conjunção de Saturno me fez descobrir que aquilo que eu mais desejei era um castelo de areia que aos poucos vai se desmoronando. O que ficará no fim dessa história ? Minhas palavras sempre sinceras e a certeza de que eu sou mais do que alguns anúncios numa pasta bonitinha. Eu sou alguém que ama escrever e que acredita em cada palavra que escreve. Alguém que não precisa de fama porque jamais quis ser publicitária para ser famosa. Antes de tudo eu sempre adorei escrever e é isso que eu sei fazer – e dizem as centenas de anônimos que me escrevem, que eu sei fazer isso bem. Em 8 meses foram 16 artigos em vários sites e mais de 200 e-mails recebidos por causa deles: todos com elogios, com carinho, com respeito pelo que escrevo. Todos os e-mails foram lidos, respondidos e guardados. Assim como todos aqueles que entram no meu messenger aleatoriamente são respondidos com a mesma atenção que merecem.

Se para alguns eu apareci demais com isso, recebi prêmios de consolação ou simplesmente me promovi, paciência. Se para muitos frequentar os eventos publicitários era um motivo para me autopromover, paciência também. Eu sempre fiz o que tive vontade sem me preocupar com a opinião dos outros. Agora o que quero fazer é continuar escrevendo porque este é um dom que eu aprendi a respeitar. Quando a Conjunção de Saturno acabar, talvez este seja o único castelo que sobreviva. Porque eu tenho certeza que a minha paixão pelas palavras foi construída num castelo de pedra. E nada nem ninguém vai desmorar este castelo.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora





segunda-feira, novembro 03, 2003

Amigo é pra se guardar


É impressionante como o ser humano tem sempre uma segunda intenção para todas as coisas. Até mesmo quando o assunto é amizade. Eu levo muito tempo até confiar em alguém. E nunca confio cegamente em ninguém. A única pessoa neste mundo que eu sei que faria qualquer coisa por mim é a minha mãe. Mas claro que, com o passar dos anos, a gente acaba descobrindo pessoas extremamente fiéis, aqueles que chamamos de amigos.

Como sou filha única, sempre achei que meus amigos eram meus irmãos. E hoje posso dizer que tenho alguns irmãos mesmo, que eu tive o privilégio de escollher. São pessoas que já me ajudaram emocionalmente, espiritualmente e até financeiramente. A maioria está longe de mim, mas só no aspecto físico, porque estão muito mais próximas do que aqueles que fisicamente estão ao meu lado.

Fico desapontada quando dedico meu tempo e energia a tanta gente que sequer lembra de mim. É duro você acreditar e confiar em alguém que nem se importa. É péssimo você procurar ajuda ou um simples ouvido e a pessoa não dar atenção. O incrível é que a mesma pessoa que agora está ocupada demais para você amanhã estará batendo na sua porta. Porque ainda bem que o mundo dá voltas e é exatamente por isso que ele é redondo.

Eu não tenho muito o que oferecer além da minha amizade. Talvez algumas pessoas procurem algo mais que isso em mim. Com o passar do tempo fica muito claro que eu só tenho mesmo é amizade, e todos os valores agregados a ela, para oferecer. Carinho, respeito, atenção, apoio, solidariedade, isso é o que posso dar. Mas algumas pessoas acham que eu posso dar algo mais do que isso. O que seria ? Contatos ? Dinheiro ? Poder ? Amor ?

Detesto gente que cobra porque amizade não precisa de cobrança e nem precisa de lembrança. Não precisa estar com problemas para procurar. Minha mão sempre está estendida para quem precisa mas eu também quero contar com alguém. Ainda bem que para cada decepção existem vários bons amigos para me apoiar. Alguns tão distantes, como a Gi, que mesmo dos EUA está presente em todos os dias da minha vida. Então se tem tanta gente maravilhosa que cuida de mim, mesmo de longe, por que perder tempo com quem tem segundas intenções até com a amizade ?

No final da história eu quero olhar para trás e ver quantas pessoas eu ajudei. Mesmo sabendo que a maioria delas jamais pararia para me socorrer. Porque como disse Walt Whitman – um dos meus poetas preferidos – a gente deve levantar quem caiu e apoiar quem resiste.

P.S.: Escrevi texto exclusivo para site Trampolim, confiram: www.trampolim.art.br


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

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