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sábado, janeiro 30, 2010

Pílulas


“A minha vida não é de domínio público. Os meus pensamentos são. Mas só às vezes.” (André Takeda)

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“Não é que eu seja brilhante. Apenas fico com os meus problemas mais tempo.” (Albert Einstein)


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“Há corpos de agora em almas de outrora. Corpo é vestido. Alma é pessoa.” (Eça de Queiroz)


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"Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira." (Cecília Meirelles)


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“À minha volta reprovava-se a mentira, mas fugia-se cuidadosamente da verdade.” (Simone de Beauvoir)

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Meu Jardim

(Vander Lee)


Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho

Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

terça-feira, janeiro 26, 2010

Porque eu gosto tanto do Clint Eastwood



Clint Eastwood é um dos meus cinco diretores preferidos - ao lado de Almodóvar, Tim Burton, Spielberg e Hitchcock. Não lembro de nenhum filme dele que eu não tenha gostado. Fazendo comparações, prefiro Sobre meninos e lobos a Menina de Ouro, por exemplo. Mas gosto de todas as produções que ele dirigiu. Assisti hoje seu mais recente filme, Invictus, que estreia sexta dia 29, cheia de expectativas. E ele manteve seu alto grau de popularidade comigo. Mais uma vez, Clint faz um filme sincero, sensível, com aquele jeitinho doce que ele tem para dirigir grandes histórias - e fazer delas grandes filmes.

Para dar um charme a mais ao filme, ele retoma a parceria com um dos maiores atores americanos de todos os tempos, Morgan Freeman - juntos eles fizeram Os Imperdoáveis e o já citado Menina de Ouro. Só que em Invictus Freeman é simplesmente Nelson Mandela. Preciso dizer mais alguma coisa?

Pois é, mas eu vou falar. O filme retrata o início do governo de Mandela na África do Sul. Você se lembra como era? Eu lembro bem: um país dividido entre negros e brancos, onde havia ainda muita segregação racial e uma fome de vingança pelos que estavam oprimidos durante o apartheid. Para diminuir essa diferença, Mandela viu uma grande oportunidade no rugby, esporte praticado no país.

Com a proximidade da Copa do Mundo de rugby, que seria disputada por lá, o presidente procurou se aproximar do jovem capitão da seleção africana, o loiríssmo François (Matt Damon, praticamente o sósia do personagem de desenho animado He-man). O objetivo de Mandela era encorajar os jogadores e fazer com que o time tivesse chances reais de ganhar o torneio - e aí Clint dá um olhar crítico bastante sutil para a dobradinha política e esporte, afinal, sabemos bem o quanto políticos se aproveitam do esporte para encobrir podres e situações extremistas, como a ditadura, por exemplo.

Para dar força ao time, Mandela usa o texto Invictuous, de William Ernest Henley, que ele mesmo lia no período em que ficou preso. O poema tem frase forte no final: ”Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma”. Impossível não absorver a mensagem embutida nestas palavras.

O ponto alto do longa é a parte final, com o jogo decisivo da seleção africana na Copa. Eastwood mostra todo seu potencial de diretor fazendo cenas primorosas, usando a câmera lenta e o som como aliados. O que se vê na tela é uma verdadeira batalha, onde homens dão suas vidas - e suas almas - para, mais do que vencer um jogo, reconstruir um país. Lindo, emocionante e uma aula de direção.

Claro que nenhuma cena seria tão grandiosa se os dois atores principais não tivessem nascido para os papéis que representam em Invictus. Morgan Freeman como Nelson Mandela - ele foi escolhido pessoalmente pelo presidente para interpretá-lo - é impecável, e por vezes confundimos o ator com o próprio Mandela. Já o capitão François Pienaar é interpretado por um Matt Damon forte na aparência, como o personagem exige, e carregado de emoção numa atuação inesquecível.

Vale resaltar que Mandela não é santo - embora a mídia tentasse, por muitos anos, vender essa imagem do presidente africano. E Clint, com sua habitual elegância, dá as dicas do comportamento contraditório de um personagem mundialmente popular: as (poucas) cenas familiares e um Mandela xavequeiro mostram que ele não é flor que se cheire. Nada que comprometa a imagem carismática do presidente, mas dá uma arranhadinha básica. Ou, como diz um de seus seguranças no filme, "ele (Mandela) também é gente e tem problemas de gente."

Os atores, o diretor e o filme estão concorrendo a vários prêmios na temporada pré-Oscar, mas infelizmente não levaram muita coisa até agora. Freeman ganhou alguns merecidos prêmios como ator, mas na reta final parece que Invictus está implodindo nas premiações. Não se deixe levar por isso: o filme merece ser visto e apreciado como espetáculo cinematográfico que é.

E Clint, ah, Clint é um diretor de milhares de recursos, um cavalheiro atrás das câmeras, um cineasta que brinca com as emoções do espetctador como poucas vezes vi na vida. Vida longa para Clint Eastwood e seus filmes extraordinários.



Janaina Pereira

domingo, janeiro 24, 2010

Preciso explicar de novo


Vou editar um texto antigo e republicar para que fique bem claro.

Eu não gosto, não gosto mesmo, que fiquem falando do meu sotaque. Aliás, eu não osto que falem de mim. Nem bem, nem mal. Não gosto que queiram saber onde estou, o que estou fazendo, ou com quem estou saindo.

Não gosto que fiquem esperando eu abrir a boca para falar que não sou mais carioca só porque meu sotaque não é mais tão carregado. Não gosto que gritem comigo, não gosto que coloquem o dedo no meu nariz, não gosto que me toquem, não gosto que me critiquem em público. Não gosto nem que me elogiem em público.

Não gosto que, no auge da sinceridade, alguém resolva falar que eu deveria fazer isso ou aquilo. Não gosto que debochem de mim pelos cantos. Não gosto que, nas entrelinhas, ataquem minha vida e depois corram atrás de mim pedindo ajuda.

Entre as coisas que mais detesto é que cuidem da minha vida, do que escrevo ou do que falo. Porque, até segunda ordem, quem paga minhas contas sou eu. Portanto, eu não devo satisfação nem da minha vida, nem do meu sotaque, nem das minhas palavras, a absolutamente ninguém.

Entendeu ou quer que eu grite?


Janaina Pereira

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Do outro lado do espelho



A beleza pode fazer muito por uma mulher, porém, mais cedo ou mais tarde, vai cobrar seu preço. Aproveitar os belos traços da juventude é uma dádiva, mas envelhecer faz parte, e com as rugas vem uma infinidade de sentimentos até então inexplorados. O amor entre uma belíssima mulher madura e um rapaz mais jovem, que se tornou um clichê cinematográfico, ganha os contornos sombrios da velhice que atinge em cheio esta mulher. E não é qualquer mulher, é aquela que foi - e ainda é - uma das maiores referências de belezas hollywoodianas: Michelle Pfeiffer.

Cabe a atriz, hoje com 51 anos, dar vida à personagem principal de Chéri, o drama de Stephen Frears - que dirigiu Michelle no ótimo Ligações Perigosas - baseado no livro da renomada escritora francesa Colette, que chega às telas hoje e eu já havia comentado aqui quando assisti em dezembro.

Situado na exuberante Paris antes da Primeira Guerra Mundial, Chéri conta a história da relação amorosa entre a linda cortesã aposentada Léa (Michelle Pfeiffer) e Fred, apelidado de Chéri (Rupert Friend), filho de sua antiga companheira de profissão e rival, Madame Peloux (Kathy Bates).

Léa educa o imaturo e mimado garoto nas artes do amor, mas depois de seis anos Madame Peloux planeja secretamente um casamento entre Chéri e Edmée (Felicity Jones), filha de outra rica cortesã, Marie Laure (Iben Hjejle).

Léa parece aceitar tudo mas sileciosamente percebe que, se a idade fez com que ela fosse fundamental para o amadurecimento sentimental de Chéri, são os sinais da velhice que tiraram dela toda e qualquer chance de viver um grande amor.
Ao perceber que por sua cama, enquanto jovem, tantos homens passaram, e agora na velhice ela está só, Léa se confronta com algo que o espelho não pode revelar: mais do que passar o tempo com Chéri, ela o amou de verdade, e isso ninguém poderá mudar. Enquanto isso, o rapaz tenta se acostumar com a idéia de que pode se casar e viver à sombra do sentimento avassalador por Léa.

O grande trunfo do filme está em Michelle Pfeiffer, linda, loira e com a dignidade mantida em rugas que mostram o passar dos anos, mas que a mantém única na tela. Sua beleza perturbadora ajuda a conduzir os caminhos da cortesã Léa, uma mulher que viveu apoiada no belo e que já não tem mais nada em que se apoiar, a não ser sua experiência de vida. Michelle empresta o rosto que Léa merece ter, a beleza amarga pelo passar dos anos, mas mantida apesar do avanço da idade.

Como sempre, Frears se preocupa com cada detalhe do filme: fotografia, direção de arte, trilha sonora e toda parte técnica são um luxo. Vale ressaltar ainda a participação da sempre talentosa Kathy Bates como a mãe de Chéri.

Para as mulheres, Chéri soa como um tapa sem luva de pelica, uma forma de mostrar que o tempo passa e o amor vai com ele, sem dó nem piedade. Seria mais fácil se a gente não se importasse com as rugas que ganhamos com os anos, e nos preocupássemos apenas com o amor que sentimos por alguém.
Aliás, amar não deveria ser complicado, mas como o filme enfoca muito bem, a gente faz muita questão que seja.



Janaina Pereira

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Eu sou uma drag queen


Assisti ontem ao filme Amor sem Escalas, que estreia no dia 22. Sabe o novo filme do George Clooney? Pois é, esse mesmo. Aquele que ia ganhar o Globo de Ouro, que era um dos favoritos ao Oscar mas está perdendo fôlego. Justamente, o próprio.

Confesso que, até quase o final, eu estava gostando do filme mas sem achar a tal faísca brilhante que o fazia ser tão comentado. George Clooney interpretando ele mesmo - charmoso, carismático, praticamente irresistível com aquela risadinha que não mostra os dentes, 'odeio' homens que fazem isso! - não me entusiasmava com sua perfomace nem tão digna de prêmios e tal. Ai uma cena, uma única cena, e eu me rendi: o filme é bom pacas.

Pior foi descobrir que sou o Ryan, o personagem de Clooney. O cara não pensa em casar, nem em ter filhos muito menos em assumir um compromisso real (de acordo com os padrões da sociedade), porque o real dele é cada um na sua. Ele não se preocupa em comprar uma casa, ter bens, nada. Ele não quer se comprometer, simples assim. E todo mundo questiona esse jeito tão peculiar, aparentemente solitário, mas que foi uma escolha dele. E a vida é feita de escolhas, não?

Fiquei me perguntando como sou masculina nesse ponto. As mulheres são obrigadas a assumirem esse papel de 'mãe e esposa' que a sociedade impõe - e quem foge dos padrões está lascada. Se um homem quer ser solteiro por toda a vida, pode ouvir aqui e ali mas passa. A mulher não. Ela é defeituosa porque não tem filhos, incompleta porque não casou, imatura porque não assumiu a responsabilidade de construir uma família.

Caramba, que injusto. Eu me sustento sozinha, tenho uma casa para cuidar, uma vida para administrar e não sou responsável? Francamente. Não preciso casar e ter filhos para ser adulta. Eu cresci faz tempo e não tenho que provar nada a ninguém.

O filme acabou me conquistando por mostrar situações tão comuns hoje - o isolamento humano, a tecnologia substituindo pessoas, o individualismo exagerado. E de repente percebi que as minhas roupas coloridas disfarçam bem o que realmente eu sou: um homem. Mas como gosto de homens, então sou gay. Mas como não sou gay, então sou uma drag queen.

Muito complexo isso. Eu só fiz uma escolha (que não é mudança de sexo), talvez eu me arrependa dela algum dia e quando voltar nesta decisão... poderá ser tarde demais. Mas até o momento eu não me arrependo de nada. Acho que não me apegar às pessoas, aos lugares e ao mundo que me cerca foi a melhor maneira de me proteger do inevitável: é bom ter companhia, mas no final da história você morre só.

É assim que vai ser, e ninguém poderá mudar isso. Eu não era assim, mas depois de morar em São Paulo eu fiquei muito seletiva, praticamente me isolando e evitando qualquer coisa que me comprometa. Ok, pode ser uma válvula de escape, pode ser que lá no fundo eu queira jogar tudo para o alto e ir ao encontro daquela vida supostamente feliz ao lado do suposto homem da minha vida. Mas isso é utópico. Não existe o homem da minha vida. Existe a minha vida e quem quiser me acompanhar nela.

Nossa, eu sou mesmo o Ryan do filme. Medo.


Janaina Pereira

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Malas!


Como as pessoas me cansam. Jesus me chicoteia. Povo mau humorado, que não mede as palavras e atitudes. Gente chata, grossa, ignorante. Ai, odeio gente que joga seus problemas nos outros. Quanto estou mal, eu fico na minha.

Odeio grosserias públicas. Odeio baixarias, odeio esse povo marrento que alisa sua cabeça para te detonar depois.

É por isso que não gosto de gente. Prefiro os cachorros.


Janaina Pereira

sexta-feira, janeiro 15, 2010

O monstro que existe em cada um de nós


A imaginação infantil pode ser extremamente fértil, assim como as crianças podem ser absurdamente cruéis. A espontaneidade e a sinceridade tornam os pequenos muito próximos daquilo que chamamos de ser humano puro. A medida que crescemos, no entanto, perdemos esta pureza, a inocência é deixada de lado e somos corrompidos pelo sistema, ainda que a gente não queira. Ser adulto é estar só, mas ser criança também exige jogo de cintura para lidar com a solidão.

A ternura e a crueldade infantil são os pontos-chaves do clássico livro de Maurice Sendak, ‘Onde Vivem os Monstros’, que chega às telas hoje pelas mãos do cineasta Spike Jonze. Talvez o filme seja um pouco assustador para crianças muito pequenas, mas certamente vai tocar o coração dos adultos que não sabem lidar com seus sentimentos mais obscuros. Afinal, cada monstro de Sendak nada mais é do que um sentimento, nem sempre bom, que a gente carrega desde pequeno - e Jonze soube transmitir isso muito bem.

Onde Vivem os Monstros segue as aventuras de Max, um menino levado que, depois de desobedecer a mãe, se transporta para um reino desconhecido. Na terra dos Monstros Selvagens, Max é o rei e as travessuras fazem parte do dia-a-dia. Ele finalmente tem a liberdade que sempre sonhou, mas o mundo pode ser cruel mesmo na imaginação.

Embarcar na aventura de Max e descobrir com ele o lado bom e ruim da vida é o grande charme do filme. Spike Jonze consegue fazer uma das coisas mais sensíveis que o cinema já produziu. Mesmo tratando das questões mais tristes da infância, como a solidão e a raiva, o cineasta não deixa de lado a alegria e a graciosidade dos pequenos. Seus monstros também refletem isso, aparecendo como figuras cheias de personalidade,
defeituosas e cruéis como todos nós somos em algum momento da vida.

As imagens captadas em paisagens reais e as atividades dos monstrengos liderados por seu pequeno rei enraivecido encantam. Tudo isso embalado por uma música inesquecível, que é triste sem perder a doçura. E, embora o longa divirta em muitos momentos, mas seja cansativo em outros, tem um final de pura delicadeza, para emocionar, arrancar lágrimas e dar aquele aperto no coração.

Onde Vivem os Monstros é sobre a infância, mas não necessariamente para crianças. Para nós, adultos, é um prato cheio para liberarmos esses monstros internos que nos perseguem e que quase sempre não sabemos lidar.


Janaina Pereira

terça-feira, janeiro 12, 2010

O Portão

(Roberto & Erasmo)


Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!

Tudo estava igual
Como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei!

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei pr'as coisas
Que eu deixei
Eu voltei!

Fui abrindo a porta devagar
Mas deixei a luz
Entrar primeiro
Todo meu passado iluminei
E entrei!

Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar
Por onde andei?
E eu falei!

Onde andei!
Não deu para ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei!
Pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!

Sem saber depois de tanto tempo
Se havia alguém a minha espera
Passos indecisos caminhei
E parei!

Quando vi que dois braços abertos
Me abraçaram como antigamente
Tanto quis dizer e não falei
E chorei!

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é o meu lugar
Eu voltei!
Pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!

Eu parei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo!


*Será que algum dia eu vou cantar essa canção de verdade?

sábado, janeiro 09, 2010

A difícil arte de perdoar


Ultimamente o que mais tenho ouvido é que devo perdoar. Uma pessoa ou uma situação, eu preciso perdoar. Às vezes acho isso impossível, acho mesmo que nunca vou conseguir. O tempo passou mas a cicatriz está lá, profunda e visível, para que eu nunca esqueça o que aconteceu.

Eu não fico mais remoendo o que passou, mas volta e meia alguém pergunta, alguém questiona, e a história se faz presente. O tempo passa e eu ainda preciso explicar e narrar fatos dolorosos que eu gostaria de nunca ter vivido. Mas vivi e era eu mesma, não era outra pessoa. Era eu quem estava lá, sangrando e chorando, vivendo dias de tormentos infinitos.

O tempo passa, pessoas vão e vem na minha vida, e a história não morre. Sempre há alguém para reacender tudo, para colocar o foco num momento da minha vida que eu gostaria de esquecer. Gostaria de voltar no tempo e não ter passado por aquilo, mas talvez viver tanta dor fosse necessário para me tornar a pessoa que sou hoje.

Já deixei de ser amarga, o medo ainda me ronda, mas o desejo de que este pesadelo nunca mais ronde a minha vida permanece. O perdão, porém, esse é mais difícil. Eu não perdôo a situação, não perdôo a pessoa, não perdôo nada nem ninguém.

Eu não era merecedora de tanta dor, mas talvez fosse e não sei. A questão é que não consigo perdoar, não consigo ir adiante porque a revolta e o desprezo por tudo que passei permanecem muito vivos.

Dizem que o tempo cura tudo, mas no meu caso ele não curou absolutamente nada. A dor permanece no meu coração; as lágrimas ainda caem dos meus olhos; e a certeza de quem tudo que vivi era uma ilusão idiota só me fazer crer que o amor realmente não existe. Só o ódio move o mundo.

Quem sabe um dia eu perdoe o mundo por ter zombado de mim. Hoje eu não estou a fim de perdoar ninguém.


Janaina Pereira

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Eu


"É dinâmico e muito inquieto. Aprecia atividades que possibilitem satisfazer seus desejos de aventura, de liberdade, sua curiosidade, ou de viajar. Cheio de ideias, necessita de variedade de tarefas, experiências e, por isso, pode fazer várias atividades diferentes, simultaneamente.

Coloca em prática a sua versatilidade, o seu talento para resolver problemas e a sua facilidade de se adaptar às mudanças.
Para se dar bem... Finalize projetos iniciados e aprenda a respeitar as regras. Deve aprender a se adaptar a rotinas que ajudem a ordenar e a completar as tarefas iniciadas.

Vai obter êxito em áreas que envolvam comunicação, criatividade, relações públicas, guia de turismo, vendas.
Profissões ligadas a risco e aventura, como: piloto, alpinista, esquiador etc.
Publicitário, fotógrafo, investigador ou detetive, escritor, professor, conferencista, colunista, editor, alguma carreira das comunicações. Profissional de marketing, jornalista, ator, consultor, professor de psicologia ou de línguas, intérprete, negociante do comércio de importação-exportação."


A numerologia diz isso. Pena que nada deu certo.


Janaina Pereira

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Esse meu jeito estúpido de ser



Não sou uma pessoa que passa a mão na cabeça só porque é amigo. Não faço tipo para ninguém, para amigo muito menos. Sei que o ser humano tem suas diferenças, e procuro aceitar todo mundo do jeito que é.

Mas também não tenho que engolir qualquer coisa e fingir que nada aconteceu. Se tem algo que me irrita é passar 362 dias do ano sem notícias dos outros, mas em três dias as pessoas quererem se fazer presentes: no meu aniversário, no Natal e no Ano Novo.

Sei que minha relação com meus amigos cariocas mudou ao longo dos anos, mas ainda existem aqueles que são tão amigos quanto antes. Os outros eu não deixo de gostar, não deixo de querer bem, mas infelizmente não são tão presentes e por isso não podem exigir de mim uma atenção que eles mesmos não me dão.

Detesto ser cobrada por amizade, detesto ser cobrada por qualquer coisa. Eu sou dona do meu nariz arrebitado e em 90% da minha vida a maioria das pessoas não está nem aí para os meus problemas.

Eu não cuspo no prato que comi, sei bem que muita gente me ajudou e me apoiou. Mas o tempo passou e outras pessoas foram se tornando importantes, e por aí vai. A vida é assim. Muitas vezes a gente gosta de alguém mas o tempo e o destino nos afastam das pessoas. Isso é o que mais acontece comigo, a grande maioria passou pela minha vida, não ficou.

Os que ficam são, em grande parte, pessoas que nunca exigiram nada de mim, nunca me idolatraram, nunca me colocaram num pedastal, sempre aceitaram meus defeitos e, principalmente, acompanharam as minhas mudanças. São pessoas que sabem que eu não sou mais a mesma Janaina do passado; sabem que eu mudei, evolui. São pessoas que se fizeram presentes sempre, não apenas no Natal,no aniversário e no reveillon.

Eu sei que sou uma pessoa complexa, difícil, brava, chata, cheia de defeitos. Mas ser uma boa amiga e ter um coração gigante sempre foi a minha maior qualidade. Eu amo meus amigos, mas não quero ser o ponto de apoio de ninguém. É preciso se desapegar e fazer com que as pessoas sejam parte de sua vida, e não apenas figuração nos momentos que lhe convém.

Talvez eu seja assim porque sou uma pessoa que gosta e cultiva a solidão, que sabe que é preciso ser só para sobreviver neste mundo cão. Talvez eu esteja errada, mas isso é algo que não consegui mudar.

Eu mudei muito, mudei tanto, mas a mania de falar o que penso, por mais cruel que isso seja, eu não mudei. E se não gostar de mim assim, problema, sempre vai ter alguém que goste do meu jeito estúpido de ser.


Janaina Pereira

sexta-feira, janeiro 01, 2010

2010, o ano de Iemanjá


YEMANJÁ é considerada mãe de todos os demais ORIXÁS OGUM, XANGÔ, OBÁ, OXOSSI e OXUM que nasceram de caso ilícito que teve com IFÁ. NANÃ como vimos, é mãe de OMULU e OXUMARÉ. YEMANJÁ, por sua vez, filha de OLODKUN, ORIXÁ masculino em BENIN, ou feminino em IFÉ, sempre do mar. No Brasil, é muito venerada, e seu culto tornou-se quase independente do CANDOMBLÉ. É representada como uma sereia de longos cabelos pretos.

Gosta muito de flores e é costume oferecer-lhe sete rosas brancas abertas, que são jogadas ao mar para agradecimento.

Sua cor é a branca com azul. Usa um ADÉ com franjas de miçangas que esconde o rosto. Leva na mão o BÉBÊ -- leque ritual de metal prateado de forma circular, com uma sereia recortada no centro.

O mais popular e universal de todos os orixás das àguas: Iemanjá (nagôs), Dandalunga (angolas), Kaiala (congos); também chamada Janaína e Dona Janaína, Princesa de Aiucá e, nos candomblés-de-caboclo, Sereia Mukunã.

Ela é a senhora do mar – a que amaina a fúria das ondas, contorna os escolhos, impede que as redes de pesca voltem vazias.

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