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sexta-feira, novembro 01, 2024

Vida


 “A vida não é o que a gente viveu, e sim a que a gente se lembra, e como se lembra para poder contá-la.” (Gabriel Garcia Marquez)


quinta-feira, outubro 31, 2024

 

É tempo de Botafogo

 

Sou botafoguense desde que nasci. Meu pai, fã de Garrincha, já comprava as camisetas do Botafogo quando eu era bem pequena. Ia ao Maracanã com ele, chorava quando o time fazia gols, mas, como o Botafogo já não ganhava quando nasci, eu tinha vergonha de dizer que era botafoguense. Falava que não gostava de futebol.

Tudo mudou em 1989. Meu pai comprou a camisa oficial do Botafogo em janeiro, e disse que naquele ano seríamos campeões. Em 7 de março meu pai morreu. Em 21 de junho o Botafogo ganhou o campeonato carioca, diante do Flamengo de Zico, após 21 anos sem títulos. Naquele dia, eu me tornei, de fato, botafoguense.

Desde então, não lembro de outros títulos. Não tenho ideia do que rolou no campeonato brasileiro de 1995 – sei da polêmica da final contra o Santos, mas não lembro do campeonato em si. Lembro um pouco da Libertadores de 2017. Nunca mais fui ao estádio.

Tudo mudou em 2023. Prestei atenção no time, fui ao Nilton Santos, torci. E, no final, vivi uma das maiores humilhações da minha vida. Entendi que ser botafoguense é ser constantemente humilhado, diminuído, maltratado. É sofrer para vencer. É ter a vitória arrancada das mãos de forma brutal e dolorida. Ser botafoguense é ser eternamente marcado pelo fracasso.

Não poderia ter outro time. O fiasco de 2023 deixou claro que torço para o time certo. Lembro de ver a torcida do Fluminense feliz com a conquista da Libertadores e pensar: ‘Isso nunca vai acontecer com o Botafogo’.

E veio 2024. Não fui ao estádio, quase não vi os jogos. Fui me surpreendendo com a resiliência do time, com a volta por cima. Escrevo esse texto sem saber o final da história, que, talvez, seja a perda dos dois títulos que disputa. Quem sabe? Ou ganha um e perde o outro. Ou ganha os dois????? Acho que não, hein? Botafoguense raiz é pessimista, é supersticioso e vai até o fim com medo da vitória.

Vencer... será que o Botafogo vai virar um time vencedor? Já temos a glória e agora? Será que, finalmente, ela será eterna?

Ser botafoguense é nunca acreditar em final feliz. É estar preparado para o pior, sempre. É aceitar que, se a vitória vier, será com muito suor, muita luta, muita força de vontade, muita resignação.

O Botafogo é um time para os fortes. Pensam que a gente é fraco, mas a torcida é a força desse time. Somos fortes, e quanto mais nos humilham, mais a gente vai lutar para seguir adiante. Sabemos que a partida nunca está ganha, e, por isso, quando perdemos, a gente aceita. E recomeça. E acredita.

Ser Botafogo também é ser perdedor. É ser humilhado. É ser um fracasso na vida e no campo. E, por isso, quando a gente ganha, há aquela sensação infinita de que chegamos ao topo do mundo.

Ser Botafogo é estar sempre preparado para o pior. É saber que vão nos derrubar mesmo a gente não sendo uma ameaça. É saber que incomodamos mesmo não tendo nada para oferecer perigo. É saber que temos um brilho próprio. A tal da luz da estrela solitária, que incomoda tanto os outros, mesmo a gente sendo apenas ... o Botafogo.


(texto escrito após o Botafogo se tornar, pela primeira vez em sua história, finalista da Libertadores.)


segunda-feira, outubro 28, 2024

Quando o time se torna parte fundamental da sua vida

Por Janaina Pereira


Nasci botafoguense. Influência do meu pai, Ivo Pereira, torcedor fanático do

time (para ele, Garrincha sempre foi melhor do que Pelé. Para mim também,

claro). Quando eu era criança, adorava usar as camisetas do Bota. Escudos da

Estrela Solitária sempre se multiplicaram em casa. Eu ia ao Maraca com meu

pai, e sempre chorava quando o Fogão fazia gol. Detalhe: a gente só ia ao

clássico Botafogo x Flamengo, e colecionávamos vitórias. No jogo né, porque

campeonato que é bom, nada!

Era começo dos anos 1980. O Flamengo foi campeão do mundo, e um dos

meus primos, flamenguista roxo, só me zoava. Eu ficava envergonhada e

pensava “será que nunca vou ver meu time ganhar?”. Mal sabia que as vitórias

do Botafogo seriam muito mais importantes na minha vida adulta do que os

campeonatos perdidos durante toda a minha infância. Infância, aliás, em que

eu era a ‘menina esquisita que gostava de futebol’. Naquela época, futebol era

coisa (somente) de homem. E eu levei muitos anos para encontrar amigas

boleiras como eu – nem por isso deixei de ser a menina que não queria

aprender balé e sim jogar futebol e vôlei, mas como isso não podia, ficava o

domingo inteiro vendo Show do Esporte, com o Luciano do Valle.

Minha relação com o Botafogo se tornou muito maior quando meu pai morreu.

O ano era 1989, e meu pai tinha comprado a camisa oficial daquele time. Ele

falava o tempo todo que, finalmente, a gente ia ganhar o Campeonato Carioca.

Sr. Ivo faleceu em 7 de março de 1989. Em 21 de junho, o Botafogo ganhava,

após 21 anos, o título carioca. Lembro que vi o jogo no meu quarto e minha

mãe no quarto dela. Na hora do gol do Maurício eu surtei. Quando o jogo

finalmente acabou, eu e mamãe corremos para a sala, nos abraçamos e

choramos muito. Naquele dia sai na rua com a camisa oficial que era do meu

pai. Eu queria muito que ele tivesse vivido aquele momento, mas sei que, de

alguma forma, ele vibrou com o título. Campeão invicto em cima do Flamengo

de Zico e Junior. Sem mais!

A partir dali, ser botafoguense se tornou uma lembrança afetiva do meu pai.

Aquele ano de 1989 mudaria para sempre minha relação com o esporte. É a

maior e melhor lembrança que tenho do Sr. Ivo. As corridas de F-1, os jogos de

vôlei, as lágrimas a cada ouro olímpico, as lágrimas a cada desclassificação do

Brasil na Copa, o Maraca que eu nunca mais voltei para ver um jogo do nosso

time. Cresci, mas esse amor me acompanha até hoje.

Queria ser jornalista esportiva, mas os caminhos me levaram ao jornalismo

cultural. Ainda assim, tive a oportunidade de assistir ao GP de Mônaco de F-1,

uma das maiores emoções da minha vida – foi no histórico GP de Mônaco de

1984, visto pela TV, que eu descobri o automobilismo graças ao meu pai, que

me chamou para ver “o cara que vai ser o melhor piloto do mundo”. Sim, era o

Ayrton Senna. Mônaco se tornou a minha corrida preferida. E no dia que estive


lá, em 2015, dediquei aquele momento ao homem que me ensinou a amar o

esporte. Também fiz uma entrevista marcante, provavelmente a mais badalada

até hoje, com Ronaldo Fenômeno, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil,

em 2014. Aí eu virei o orgulho da mamãe (que passou a gostar de esporte

também por influência do meu pai, e mantém até hoje a tradição de termos a

Estrela Solitária nos quatro cantos da casa). Isso sem falar na minha mania de

visitar estádios de futebol mundo afora (até jogo da Champions League eu já

assisti). O amor ao esporte só não é maior do que o amor ao Botafogo, que é

um caso à parte na minha vida.

Estava no Rio de Janeiro esta semana e cogitei ir ao jogo do Fogão contra o

Atlético Nacional, pela Libertadores. Minha mãe mora próximo ao Engenhão

(que eu só conheci ano passado, durante as Olimpíadas, num jogo da seleção

feminina de futebol – porque a vida é irônica, né?). Mas eu precisava voltar a

São Paulo, onde moro, para trabalhar e, confesso, fiquei com receio de ir ao

jogo e o time perder. Olha o drama: desde que meu pai morreu eu nunca mais

vi o Botafogo ao vivo e a cores, e a superstição é tanta que prefiro não ver só

pro time ganhar!

Ontem à noite estava trabalhando e só soube do resultado do jogo nessa

madrugada. Chorei ao saber da classificação antecipada para as Oitavas de

Final da Libertadores, algo bastante improvável para um time que veio da pré-

Libertadores e caiu num grupo super forte. Eu só conseguia pensar como o

Botafogo me representa. É tudo sofrido e dramático, uma mistura de força e

garra, e aquela situação improvável, de repente, acontece.

Eu, que trilho tantos caminhos improváveis; que sempre lutei muito para

conseguir o pouco que tenho, não poderia ter outro time. Não poderia ser

diferente. É simplesmente apaixonante ser botafoguense. Hoje mais do que

nunca estou me sentindo Gloriosa. Deixa eu aproveitar porque não sei até

quando o sonho vai durar – e não me acordem, por favor! Porque tem coisas

que só acontecem ao Botafogo e, ainda bem, coisas boas também acontecem

ao Botafogo! 

Estamos nas oitavas da Libertadores, classificados com uma rodada de

antecedência, vencendo quatro campeões da Liberta, e antes do Flamengo.

Obrigada ao meu pai, por me fazer gostar desse clube, que transformou esse

dia chuvoso num dia verdadeiramente Glorioso.


*texto escrito originalmente em 2017, para o site Dibradoras.


quinta-feira, outubro 24, 2024

 O tal do 5 a 0


Se for um sonho, não me acordem! 


terça-feira, outubro 22, 2024

 

A segurança daquele que se refugia em Deus

91 Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do SenhorEle é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.

Porque ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas estarás seguro; a sua verdade é escudo e broquel. Não temerás espanto noturno, nem seta que voe de dia, nem peste que ande na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil, à tua direita, mas tu não serás atingido. Somente com os teus olhos olharás e verás a recompensa dos ímpios.

Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio! O Altíssimo é a tua habitação. 10 Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. 11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. 12 Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra. 13 Pisarás o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.

14 Pois que tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o meu nome. 15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; livrá-lo-ei e o glorificarei. 16 Dar-lhe-ei abundância de dias e lhe mostrarei a minha salvação.


quarta-feira, outubro 16, 2024

Thanks, Paul


 A longa e sinuosa estrada me levou novamente ao Allianz Parque para assistir ao maior artista do mundo. Você pode não gostar dos Beatles, mas negar a importância de Paul McCartney para a música é viver num mundo paralelo. Dito isso, o primeiro show da minha vida foi de Paul, em 1990, no Maracanã. 

De lá para cá foram seis shows, contando o de ontem. E seriam sete, se não tivesse acidente no percurso - faz parte da vida. Curioso que o mesmo show sempre tem algo de diferente - dessa vez eu ouvi Drive My Car, música que nunca tinha escutado ao vivo. Ainda que Yesterday, The Long and Winding Road e a minha favorita dos Beatles (Eleanor Rigby) não estivessem no setlist, há sempre alguma canção inesquecível. Tipo Something, provavelmente a melhor declaração de amor em forma de música (e agora que me sinto um George Harrison na vida - o talentoso que ficou na sombra de Paul e John - eu choro toda vez que ouço essa música). 

Bem, eu choro até com A Hard Day´s Night - é quando lembro que estou viva apesar de tudo, e que vai começar mais um show do Paul. Achei o Paul meio cansado, mas todos estamos. Ao mesmo tempo, aquela olhadinha para o céu com o dedo para cima, como se agradecesse por conseguir cumprir sua missão, me pareceu uma certa despedida. Só tenho a certeza de uma coisa: enquanto estivermos vivos, e enquanto nossos corpos e mentes estiverem ativos, onde você estiver, Paul, eu estarei lá também.

Obrigada por tanto, Macca.



sábado, outubro 12, 2024

 Dia das Crianças (e Salve N.S. Aparecida!)



A Janaina criança nasceu botafoguense, descobriu o cinema com quatro anos e na mesma época já gostava de assistir a programas de culinária. A Janaina criança nunca pensou que trabalharia com seus três amores: o cinema, o esporte e a comida. A Janaina criança agradece a Janaina adulta por trilhar caminhos imprecisos, muitas vezes inseguros, mas manter a chama desses amores sempre acesa em seu coração.


quinta-feira, setembro 26, 2024

 As coisas que não vou entender


Eu não faço a mal a ninguém. Não prejudico ninguém. Não sou deliberadamente mal educada com ninguém. Então por que as pessoas insistem em me prejudicar? Por que insistem em me derrubar? Por que querem sempre me prejudicar?

Eu sou gentil e educada com quase todo mundo. Especialmente em se tratando de trabalho, eu sou muito profissional. Então porque continuam com essa perseguição descabida?

Provavelmente a única pessoa do mundo que eu trato mal é minha mãe. Ela que me atura, que sofre com meus desaforos, que ouve minhas palavras mais duras. E eu sei que, um dia, vou me arrepender de tudo isso. Mas, apesar de ser essa pessoa péssima com ela, nunca passou de palavras. Nunca fui agressiva ou algo do tipo. Eu respeito a integridade física dela e de qualquer ser vivo.

Já aconteceu de me aborrecer com nossas cachorrinhas e me arrepender de imediato. O animal, em sua inocência, late quando não pode e faz bagunça quando não deve. Brigo, mas perdoo logo.

Fora isso, eu só me desentendi com quem me desrespeitou. Com quem deliberadamente me atingiu de forma física e moral. Mas o curioso é que essas pessoas que ficam nessa busca incessante em me prejudicar são pessoas com quem eu nem tenho contato. É uma rasa relação profissional e olhe lá. Porém, volta e meia lá está a pessoa tentando me prejudicar de novo. Impedindo meu trabalho, mentindo, inventando história para que eu não consiga fazer a minha parte. Inacreditável.

Confio plenamente na justiça divina. Ela tarda, mas não falha. Ainda vou ver essas pessoas na melhor parte pior parte de suas vidas. Estou esperando sentada esse dia, mas ele vai chegar.


quarta-feira, agosto 28, 2024

Pois é


“There is no end. There is no beginning. There is only the infinite passion of life. ” (Fellini)


terça-feira, agosto 20, 2024

Vida



"Estão perdendo a viagem aqueles que não sabem de onde vieram nem tentam descobrir. Que não sabem para onde ir e nem tentam encontrar um caminho. Aqueles para quem a televisão pode tranqüilamente substituir as emoções." (Marta Medeiros)


sexta-feira, agosto 16, 2024

É o fim do caminho


É bem cansativo ter que ler/ouvir 'tomara que você consiga, você merece' ou 'que seus sonhos se realizem' ou ainda 'tudo vai dar certo'. Oi? Quando você chega aos 50 anos com a plena certeza de mais da metade da sua vida passou e NADA de relevante aconteceu, esse tipo de 'desejo' só piora a depressão.

São gatilhos que mostram que você é uma pessoa fracassada e que a vida, daqui pra frente, só vai comprovar ainda mais isso. O pior é quando as pessoas te desejam coisas como ' o trabalho dos seus sonhos' ou 'todas as coisas boas' quando você já está caminhando para o trecho final da vida e não há nada mais para acontecer. Que irritante.

Neste estágio da vida eu só quero saúde. Não quero sentir dor, nem cansaço. Não quero ter meus movimentos limitados, nem quero ficar sem fazer isso ou aquilo por causa de qualquer outro tipo de limitação. Eu quero poder dormir sem ser interrompida. Quero acordar tarde sem que isso seja um crime. Quero respirar sem dificuldade. Quero caminhar sem dificuldade. Quero sorrir ou chorar porque é bom sorrir e chorar.

Eu não quero mais nada além disso. Quero apenas acordar até quando tiver que acordar, sem que isso seja um esforço ou uma obrigação. Porque nada, absolutamente mais nada de novo vai acontecer daqui pra frente. Tudo que era para ser feito, já foi. Tudo que era para ser realizado, já foi. Não há sonhos, não há esperança. Há apenas o que resta da vida.

O pior de chegar aos 50 anos é ainda ter que ler/ouvir esse tipo de ilusão da humanidade de que algo de bom está para acontecer. Porque as pessoas realmente não querem lidar com a finitude e se recusam a entender que o fim se aproxima e não há nada que possamos fazer em relação a isso.




quarta-feira, agosto 14, 2024

 50


Cheguei aos 50 anos. Nem eu acredito. Olho no espelho e sei que envelheci muito, especialmente depois da pandemia, mas não me sinto com 50 anos. Ao mesmo tempo, tenho um cansaço infinito da vida. Das pessoas, então, nem se fala. 

Acho que o pior da segunda idade não é a idade em sim, mas olhar para trás e perceber como sou um fracasso. Não conquistei nada. Tive dez anos de viagens e aventuras incríveis que camuflavam uma vida cheia de problemas. Com a pandemia, tudo piorou. Tive que abrir mão da minha liberdade para cuidar do outro, e me sinto sobrecarregada.

No trabalho, eu tinha um caminho feliz que foi interrompido. Hoje vejo todo o meu talento desperdiçado em subempregos, sendo explorada constantemente. Eu escrevo bem, sou boa jornalista, tenho talento de verdade, mas nunca tive reconhecimento. Sou um grande fracasso. Me sinto, diariamente, derrotada. Isso dói profundamente, porque é como se tudo que eu fiz até hoje não valesse de nada. E não valeu.

Relacionamentos? Para que? Para ser julgada, constantemente humilhada e ainda ter que fazer um papel que não tem nada a ver comigo???!!! Não, obrigada. Passo.

Eu nunca gostei de aniversários. Nem quando eu era criança. Aprendi, desde cedo, que é uma data para os outros fingirem que se importam. Envelhecer, com suas dores e tristezas, tornou o dia ainda pior.

Cheguei aos 50 anos como uma fracassada. Não foi uma trajetória catastrófica, mas está longe de ser feliz. Tenho que agradecer apenas por estar ao lado de quem amo de verdade e por elas estarem vivas. Quanto a mim, não importa. Já entreguei nas mãos de Deus faz muito tempo, e deixo que Ele resolva o que está por vir.



segunda-feira, junho 17, 2024

 Cansei


Cansei de ser humilhada. Tratada como algo descartável. Volta e meia aparece um(a) chefe em minha vida que me joga para baixo, me menospreza e me faz ficar em dúvida quanto ao meu próprio talento. Sim, porque eu tenho talento.

Eu escrevo muito bem. Sou boa repórter. Sou boa com as palavras. Mas as pessoas adoram me colocar num lugar que não me pertence: o de ser ruim. Desvalorizar o meu trabalho é algo corriqueiro.

Estou cansada de fazer o que não gosto porque preciso pagar as contas. Cansada de não viver, de não existir, de não ser quem sou e de não me mostrar porque as pessoas podem não me entender. Estou cansada dessa vida mais ou menos. Quero mais.

Já que eu não tenho coragem de cortar o mal, o mal se cortou. Foi-se embora. Vá com Deus! E não volte.



sábado, junho 15, 2024

 Lua Crescente


Com a lua crescente, eu abro espaço para cresimento e transformação. 

Manifesto meus sonhos com confiança e gratidão.


domingo, junho 09, 2024

 Dando um tempo - parte 2

"Confia no tempo, que geralmente dá doces saídas às dificuldades amargas." (Miguel de Cervantes)


sexta-feira, junho 07, 2024

 Dando um tempo


"Como não tens experiência das coisas do mundo, todas as coisas com alguma dificuldade de compreensão te parecem impossíveis." (MIguel de Cervantes)


domingo, maio 05, 2024

  Madonna in Rio


Eu podia estar me lamentando, eu podia estar reclamando, eu podia estar sofrendo, mas eu estava em Copacabana vendo Madonna.

Não foi fácil o caminho até lá. Eu era a garotinha que, na infância, achava o máximo a moça de cabelos loiros esvoaçantes, laçarotes na cabeça, sutiã à mostra e ostentando grande crucifixo. Não sabia inglês, não entendia o que ela cantava, mas pulava sem parar com aquelas músicas dançantes (não à toa, Material Girl ainda é minha favorita dela). Em 1986 ganhei do meu pai o disco True Blue - até hoje o meu preferido. E em 1993 chorei em frente a TV porque minha mãe não quis me levar para ver Madonna no Maracanã. Deste show, lembro especialmente dela cantando Rain, a minha música favorita daquele ano.
A vida caminhou e em 2008 eu disse para minha mãe: "Ainda bem que agora sou adulta e tenho dinheiro para comprar meu ingresso". Fui ver dois shows de Madonna no Estádio do Morumbi, com direito a comprar ingresso de cambista, algo que nunca mais se repetiu, nem antes, nem depois. Quando a vi pela primeira vez, da arquibancada, fiquei emocionada. Eu só lembrava da Janaina criança que pulava no sofá.
Em 2011, Madonna foi lançar seu filme W.E. no Festival de Veneza. E esse foi um dos momentos mais importantes da minha vida. Eu tinha entrevista no horário de sua coletiva, mas esperei ela passar para a sala de imprensa. Eu vi Madonna muito mais de perto do qualquer vipão do Itaú. Ela sorriu. Eu tirei uma foto. E ali eu morri, mas passo bem.
Em 2012, Madonna voltou a São Paulo com novo show e meu amigo William Magalhães me convenceu a vê-la de novo. Fui com relutância, mas queria ouvir um trecho de Material Girl. Madonna detesta a música e não canta mais. Seus shows, extremamente teatrais, não me atraem tanto. Gosto de show com banda. Gosto do show de 1993. Gosto do que não terei mais. Mas Madonna é generosa e canta seus principais sucessos, sempre. Incluindo a minha segunda preferida, a mágica Vogue.
No dia 7 de março, quando o Lauro Jardim anunciou que Madonna viria para um show de graça em Copacabana, já comecei a planejar a logística. Mas a vida não me permitia acreditar que eu iria. Eu fui e ainda estou incrédula que aconteceu. Parte do que sou eu devo a ela. Madonna é, para mim, uma das mulheres mais importantes da minha geração (e a artista mais relevante, ao lado de Michael Jackson). Não só como artista, mas por sua representatividade para o universo feminino. A mulher chamada de vulgar e pervertida, aos meus olhos, sempre foi inclusiva e realista. Tantas vezes xingada, usou a polêmica a seu favor. Soube ser ousada. E está aí, comemorando 40 anos de carreira. Deus te abençoe, Madonna, obrigada pela sua existência!
No final das contas, deu tudo muito certo, até o encontro com meu amigo Will, marcando nosso terceiro show de Madonna juntos - o quarto meu. A Janaina criança agradece a Janaina adulta por todo o esforço físico e mental para ver Madonna. E a Janaina adulta agradece ao Universo por conspirar a favor. Consegui ouvir Rain ao vivo 31 anos depois, teve Vogue novamente, homenagem lindíssima a MJ e até Material Girl instrumental. O Will gravou a versão acústica de Express Yourself e é isso que temos de recordação para os outros. Para nós, ficará na memória a noite que entrou para a história. Um capítulo lindo daquela que tanto faz pela inclusão, pelo feminino e pela diversidade.
Madonna ainda é, para mim, uma lembrança de criança. De uma Janaina criança que nunca entendeu porque os homens podiam tantas coisas e as mulheres sempre eram julgadas. Porque eu tinha que seguir uma cartilha de comportamento 'você é menina, precisa ser assim"???? E até hoje eu sou obrigada a ouvir: "Jana, você é muito independente, homem não gosta de mulher assim". É, Madonna que o diga...
Obrigada por tanto, Madonna. A gente segue nessa luta, e que bom que tenho você para mostrar que vale a pena lutar. 40 anos e contando!!!

segunda-feira, abril 29, 2024

Detestável


Eu detesto quando me descontrolo, grito e saio de mim.

Detesto perder o rumo.

Detesto ser uma pessoa detestável.

Detesto ofender os outros.

Detesto ser essa pessoa ruim e péssima que só vê as coisas horríveis que me cercam.

Detesto ser essa pessoa que estou sendo.

Comigo mesma e com os outros.

Detesto a mim mesma quando sou desse jeito estúpido.

Detesto ser estúpida.

Detesto ser impulsiva, reativa, grosseira.

Eu me detesto todo os dias.



terça-feira, abril 23, 2024

 Salve Jorge!


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por Nós.

terça-feira, abril 16, 2024

 Cansaço


Um cansaço imenso da vida, de tudo.

Da dor, do choro.

Da lágrima, da tristeza.

De tudo, de tudo.

Da vida.

Da vida não vivida.

Da dor sofrida.

Do lamento. Do ócio. 

Do ritmo frenético.

Cansei de viver.

De ter e não ter.

De ser e não ser.

Cansei.

Apenas cansei.



sexta-feira, março 29, 2024

 Fé


Eu tenho fé na vida e por isso tudo de melhor vem a mim.


domingo, fevereiro 04, 2024

 A Volta


"Na minha opinião existem dois tipos de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar." (Erico Veríssimo)


segunda-feira, janeiro 01, 2024

Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, dezembro 31, 2023

 2023/2024

Não sou muito fã das festas de final de ano. Talvez, na infância, eu gostasse do Natal... hoje em dia eu respeito muito a data, especialmente depois de conhecer Jerusalém. Acho a história de Jesus Cristo uma das mais bem escritas, embora a humanidade prefira vê-lo apenas como o Salvador - JC é tão maior do que isso!


Já o Réveillon, que eu não apreciava tanto até certa idade, virou uma forma de renovar as esperanças. Rituais e superstições passaram a fazer parte dos últimos dias do ano, algo que eu ainda mantenho... mas, depois da pandemia, nunca mais fui a mesma.

Eu só quero que essa época acabe e a vida siga seu curso. Coisas boas e ruins sempre vão acontecer, e final de ano para mim, na atual fase da vida, é muito mais um peso de tudo que aconteceu (ou não) do que qualquer outra coisa.

A medida que vou envelhecendo, eu só quero paz de espírito. Eu quero descanso. Eu quero silêncio. Eu quero ficar com os meus (no caso, as minhas - mãe e pet). Eu quero saúde porque o resto sempre vou dar um jeito.

Ninguém é obrigado a ser feliz no final do ano. As tristezas e derrotas da vida fazem parte, e a gente vai levá-las para o ano seguinte também. O ano vai mudar, mas se a gente não muda, as coisas não serão diferentes.

Entrar em 2024 sem olhar para trás é um pouco difícil, mas espero levar na bagagem só o aprendizado. Seguir em frente é uma meta, muitas vezes não cumprida, mas continuo tentando.

Até já.


sábado, dezembro 30, 2023

 2023


O ano infinito, que parece que se arrasta entre dores e tristezas, entre angústias e lamentações, entre lágrimas e desespero, entre sofrimentos e tormentas. Acho que nunca vivi um ano tão sem esperança. Não enxergo mais o futuro; todos os meus planos escorrem ralo abaixo; minha vida parece suspensa e a felicidade foi algo tão pontual quanto efêmero.

2023 foi tão difícil!!! Não o mais difícil, mas muito difícil. Muitas incertezas. Muitas dúvidas. Muita falta de rumo. Muitos momentos tensos. Eu sei que a vida é assim, que a gente não vai ser feliz todo dia e que não devemos esperar do outro o que a gente faria... mas está puxado demais.

Eu aprendo cada lição, mas estou muito cansada. Cansada da vida. De tudo. Cansada de chorar, de sofrer, de lamentar. De trabalhar apenas para pagar as contas. Mas que bom que ainda tenho um trabalho que pague as contas.

Eu me vejo no fundo de um poço que não tem fim. Não consigo enxergar a luz. E, em diversos momentos de apatia e desespero, acabo descarregando nos outros toda a minha revolta. Sinto como se estivesse morrendo lentamente, de tristeza e angústia.

Vejo o mundo colorido e solar dos outros e não consigo enxergar nada parecido com o que já vivi. Fico pensando se tudo de bom que aconteceu na minha vida até hoje era um prenúncio dos anos sombrios que viriam. Sinceramente, tenho até medo do que o futuro me reserva.

É uma mistura de sentimentos contraditórios. Hoje tenho uma certa alegria; amanhã vem a vida e me derruba com alguma situação ruim. Eu não sei lidar com a doença do outro; mas se eu fico doente, eu encaro como uma oportunidade de melhorar e me reerguer.

Tento entender o que Deus reservou para mim e, embora ainda acredite  que Ele só dá uma cruz cujo peso a gente possa suportar, eu às vezes acho que não vou aguentar. Eu me sinto um ser que não vive, apenas existe,. Que passa o dia se arrastando, buscando forças onde nem sei mais se tenho.

Não sei se há alguma lição nisso, mas eu só gostaria que 2023 terminasse em paz. Sem surpresas, sem medos, sem choros. Eu gostaria muito que 2024 fosse mais feliz e saudável, mas não posso esperar nada do próximo ano, porque o futuro nunca esteve nas minhas mãos.



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