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quarta-feira, novembro 30, 2016

O Carma Coletivo


O acidente de avião que matou 71 pessoas na Colômbia, foi mais do que uma tragédia para o esporte e o mundo. A morte prematura do time da Chapecoense, dos tripulantes, comissão técnica, representantes do clube e jornalistas que estavam no voo, representam um carma coletivo que o mundo atravessa faz algum tempo.

Cada vez mais individualista, o ser humano não se importa muito com o outro. Se o outro está bem ou não, se precisa de ajuda ou apoio, se está feliz ou triste, isso hoje em dia é irrelevante. É cada um por si, em busca de sua glória individual, em sua ambição desmedida. Talvez por isso uma tragédia comova tanto: é quando o ser humano percebe que a morte faz parte do roteiro de todos nós e ela vai chegar mais cedo ou mais tarde.

Não saber quando vamos morrer deveria ser um ponto importante de nossas vidas. Deveria nos dar aquela coragem para mudar o rumo, ter boas atitudes, praticar o bem, sermos a cada dia pessoas melhores. Mas não. O mundo consumista e individualista faz com que a morte seja só uma palavra no vocabulário, afinal, o ser humano se acha invencível e não pensa que amanhã tudo pode acabar assim, rapidamente, sem maiores explicações.

Não importa sua religião ou fé, mas eu acredito na Força Maior que comanda tudo. Ele é quem sabe. E Ele coloca nas nossas mãos decisões que podem mudar nossas vidas - cabe a cada um pensar e refletir sobre o que fazer com elas. Morremos todos os dias. Cada dia é um dia a menos. E isso deveria ser fundamental para nos tornarmos mais fortes diante dos infortúnios; corajosos diante dos medos; audaciosos diante das dúvidas; corretos diante das mentiras.

Temos prazo de validade. A morte vai chegar para todos e isso é inevitável. O maior jogo, o  da vida, não está em nossas mãos. Há uma força que comanda tudo, que decide, que sabe o melhor, ainda que, no momento, a gente ache que é o pior. O carma coletivo existe para refletirmos sobre nossa própria existência. O que somos hoje como seres humanos? O que fazemos em nosso dia a dia? Agimos de forma correta somente com quem amamos e ignoramos aqueles que realmente precisam de ajuda? Afinal, hoje eu sou melhor do que ontem?

O mundo grita por ajuda, e em cada lágrima que cai, fica a dor insuportável de que não vamos nunca ter a situação sob controle. Então vamos respeitar o sofrimento alheio; vamos olhar o outro com mais generosidade, vamos ser gratos pelo que temos e cobiçar bem menos o que o outro tem.

A vida é curta demais para desperdiçar com egoísmo. E o carma coletivo continua existindo, desde sempre, transformados em guerras, acidentes e tragédias porque o homem, infelizmente, nunca aprende que ele não pode e não é um só. Somos frutos de um todo, e se o todo não melhorar, não conseguiremos evoluir.

segunda-feira, novembro 28, 2016

Set Fire To The Rain

(Adele)



I let it fall, my heart,
And as it fell, you rose to claim it,
It was dark and I was over,
Until you kissed my lips and you saved me,
My hands, they're strong, but my knees were far too weak,
To stand in your arms without falling to your feet,

But there's a side to you that I never knew, never knew,
All the things you'd say, they were never true, never true,
And the games you'd play, you would always win, always win,

But I set fire to the rain,
Watched it pour as I touched your face,
Well, it burned while I cried,
'Cause I heard it screaming out your name, your name,

When I lay with you I could stay there,
Close my eyes,
Feel you here forever,
You and me together, nothing is better,

'Cause there's a side to you that I never knew, never knew,
All the things you'd say, they were never true, never true,
And the games you'd play, you would always win, always win,

But I set fire to the rain,
Watched it pour as I touched your face,
Well, it burned while I cried,
'Cause I heard it screaming out your name, your name
I set fire to the rain,
And I threw us into the flames,
Well, It felt something died,
'Cause I knew that that was the last time, the last time,

Sometimes I wake up by the door,
That heart you caught, must be waiting for you,
Even now when we're already over,
I can't help myself from looking for ya,

I set fire to the rain,
Watched it pour as I touch your face,
Well, it burned while I cried,
'Cause I heard it screaming out your name, your name
I set fire to the rain,
And I threw us into the flames,
Well, I felt something died,
'Cause I knew that that was the last time, the last time, oh,
Oh, no,
Let it burn, oh,
Let it burn,
Let it burn.

sábado, novembro 26, 2016

Tempo, tempo, tempo


O tempo nos afasta das pessoas - ou a falta dele. Recentemente descobri que uma querida amiga, que eu gostava muito e teve papel importante em uma fase da minha vida, havia falecido. Nós perdemos o contato ao longo dos anos, e eu demorei a saber de sua morte. Fiquei chocada, triste, passei dias mal. Além do sentimento de culpa por sempre pensar nela, mas não procurar, fiquei pasma com a notícia, porque ela era muto jovem e jamais passou pela minha cabeça que seu sumiço estava relacionado a isso.

Com o fato comecei a pensar muito nas pessoas que foram importantes para mim e que o tempo afastou. Eu sempre procuro manter as amizades, mas é aquilo: se a pessoa não dá retorno, eu deixo para lá. E esse 'deixo para lá' tem sido cada vez maior. Fora que é cansativo ficar procurando as pessoas e sempre receber como resposta que elas estão sem tempo.

Uma coisa que me incomoda é quando falavam que eu viajava muito e nunca parava em São Paulo. Acontece que, quando estou na cidade, ninguém está disponível. Todo mundo é ocupado demais para o outro. Todo mundo tem seus problemas e acaba deixando o amigo como última opção. Aí as pessoas mudam de cidade ou de país, casam, têm filhos, e quando a gente vai perceber, o tempo passou e alguém tão importante não faz mais parte da nossa vida.

O curioso é que o tempo também proporciona grandes reencontros. Pessoas que, do nada, voltam para sua vida como se nunca tivessem ido embora. E isso não tem preço. E isso é muito bom. E isso deveria acontecer sempre, ou pelo menos com mais frequência.

O tempo que afasta, e que às vezes só afastou temporariamente. Com trocadilho.

terça-feira, novembro 22, 2016

Declaro-me vivo!


Luis Ernesto Espinoza



Saboreio cada momento.

Antigamente me preocupava

quando os outros falavam mal de mim.

Então fazia o que os outros queriam,

e a minha consciência me censurava.

Entretanto, apesar do meu esforço

para ser bem educado,

alguém sempre me difamava.

Como agradeço a essas pessoas,

que me ensinaram que a

vida é apenas um cenário!

Desse momento em diante,

atrevo-me a ser como sou.

A árvore anciã me ensinou

que somos todos iguais.

Sou guerreiro:

a minha espada é o amor,

o meu escudo é o humor,

o meu espaço é a coerência,

o meu texto é a liberdade.

Perdoem-me,

se a minha felicidade é insuportável,

mas não escolhi o bom senso comum.

Prefiro a imaginação dos índios,

que tem embutida a inocência.

É possível que tenhamos que ser apenas humanos.

Sem Amor nada tem sentido,

sem Amor estamos perdidos,

sem Amor corremos de novo o risco de estarmos

caminhando de costas para a luz.

Por esta razão é muito importante

que apenas o Amor

inspire as nossas ações.

Anseio que descubras

a mensagem por detrás das palavras;

não sou um sábio,

sou apenas um ser apaixonado pela vida.

A melhor forma de despertar

é deixando de questionar se nossas ações

incomodam aqueles que dormem ao nosso lado.

A chegada não importa,

o caminho e a meta são a mesma coisa.

Não precisamos correr para algum lugar,

apenas dar cada passo com plena consciência.

Quando somos maiores que aquilo que fazemos,

nada pode nos desequilibrar.

Porém, quando permitimos

que as coisas sejam maiores do que nós,

o nosso desequilíbrio está garantido.

É possível que sejamos apenas água fluindo;

o caminho terá que ser feito por nós.

Porém, não permitas que o leito escravize o rio,

ou então, em vez de um caminho, terás um cárcere.

Amo a minha loucura

que me vacina contra a estupidez.

Amo o amor que me imuniza

contra a infelicidade que prolifera,

infectando almas e atrofiando corações.

As pessoas estão tão acostumadas

com a infelicidade,

que a sensação de felicidade

parece-lhes estranha.

As pessoas estão tão reprimidas,

que a ternura espontânea as incomoda,

e o amor lhes inspira desconfiança.

A vida é um cântico à beleza,

uma chamada à transparência.

Peço-lhes perdão, mas

DECLARO-ME VIVO!

terça-feira, novembro 15, 2016

Vincent e eu

Vincent Van Gogh é o meu pintor favorito - junto com Monet - e visitar seu museu foi um desejo que, depois de muitos anos, consegui finalmente realizar. Minha avó pintava (e muito bem), por isso desde pequena eu descobri as cores e formas de alguns pintores famosos - mas foi aquele vaso de girassois o primeiro quadro que me emocionou na vida. 

Eu era criança, e vi nas páginas de uma enciclopédia (ok, os menores de 30 nem sabem o que é isso, mas eu sou vintage, não nasci na era da internet) o quadro Sunflowers; e foi assim que conheci Van Gogh. Sua história sempre me comoveu, e estar em seu museu foi uma experiência única. Por vários motivos, mas um deles foi o fato de que o museu estava lotado, uma ironia imensa para um homem que morreu buscando o reconhecimento. Pior: aquelas milhares de reproduções de seus quadros em camisetas, bolsas e imãs de geladeira me incomodaram (e me lembraram minhas aulas sobre Indústria Cultural na faculdade de jornalismo). 

O museu também está com uma exposição temporária sobre a Insanidade do pintor - há diversas teorias sobre suas doenças, inclusive que ele era bipolar. Eu só acho que Van Gogh enlouqueceu porque queria ser reconhecido e não era, então surtou - e os surtos fazem parte da vida dos artistas, que o diga a maravilhosa (e pouco reconhecida) Camille Claudel. O fato é que a loucura, e a representação clara do quanto a vida é injusta, sempre me fascinaram na história de Van Gogh - além de suas cores e flores, óbvio. 

Um giro pelo meu Instagram e minhas fotos refletem o quanto Monet e Van Gogh habitam minha vida, por suas obras e pelos homens que foram. Ao meu redor, a maioria das pessoas estava ali apenas 'porque é um ponto turístico de Amsterdam'. Mas eu estava ali porque Van Gogh e sua obra são uma das coisas mais fascinantes que existem nesse mundo cada vez mais sombrio e desprovido de respeito, reconhecimento e talento. Eu estava ali não para comprar uma bolsa com girassois, mas para lembrar de que a obra (o quadro, o livro, a música) fica, ainda que boa parte do mundo nunca entenda, de fato, o que ela significa. 

sexta-feira, novembro 11, 2016

Epitáfio
Titãs
 


Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr


quarta-feira, novembro 09, 2016

O mundo de Trump


Nunca fui fã dos EUA. Meus amigos mais próximos sabem disso: não acho NY encantadora, Los Angeles é a terra do cinema mas nem por isso me agrada, jamais escolheria férias nos States se posso ir para outros países da América do Sul, Ásia, África, América Central e Europa. 

Sem generalizar, a empáfia, a soberba e o gosto pela guerra sempre me incomodaram nos americanos (e peço desculpas aos meus amigos americanos, sei que nem todo mundo faz parte dessa estatística). Em meu twitter, faz semanas que descrevo a vitória de Donald Trump - e meu post de ontem não era profético, e sim uma visão realista dos fatos.

Não só os americanos, mas o mundo está assumindo sua face conservadora, machista, misógina, racista. Sempre digo que o ser humano é branco, magro, alto e heterossexual - qualquer pessoa que fuja disso será vítima de preconceito. Minha timeline está indignada, mas eu vivo além das redes sociais, e o que vejo (faz muitos anos), é exatamente isso. 

Sim, a coisa vai piorar. O direito de ir e vir é algo que incomoda muita gente, e aquela máxima 'vou morar fora e ser mais feliz, mesmo tendo subemprego' é algo que já foi captado pela ala política conservadora em todo o universo - e, para eles, é um 'mal' a ser eliminado. 

Também falo sempre 'me tratam bem porque sou turista, se um dia eu for morar, serei a latina roubando o emprego deles'. É assim que a maioria pensa. É assim que o mundo é. Sejam bem-vindos à realidade. O mundo está ao contrário faz tempo e só agora estão reparando. Olhando além da internet, estava tudo muito óbvio. As pessoas só tinham vergonha de assumir. Os americanos não são diferentes dos brasileiros, ou do povo do Reino Unido que votou para sair da União Europeia. 

Sinceramente, não acho que vivemos um retrocesso: a gente nunca evoluiu. Não como um todo, não como povo, não como planeta. Pessimista? Não, eu acredito ainda no ser humano, em uma minoria que deseja realmente algo melhor. Talvez a gente não vença o jogo no final, mas isso não significa que vou parar de lutar. Nasci na época da censura, sobrevivi até hoje aos preconceitos e não é um mundo conservador que vai me impedir de qualquer coisa. Provavelmente a vida ficará mais difícil, mas eu vou continuar fazendo a minha parte. Boa sorte, mundo (e a todo mundo, com trocadilho). A gente vai precisar.

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