<$BlogRSDUrl$>

quarta-feira, novembro 22, 2023

 Brasil x Argentina



A última vez que fui ao Maracanã ver um jogo de futebol eu era criança. Muitos anos depois, voltei para ver o primeiro show de Paul McCartney no Brasil e dois shows do Rolling Stones. Embora tenha visto o Brasil ser tetra e penta campeão mundial de futebol, nunca quis ver (ao vivo) a seleção masculina de futebol. Já a feminina eu vi, nas Olimpíadas de 2016, e posso dizer que assisti Marta, Formiga e Cristiane jogando juntas! Naquela época eu já era fã do Messi. Sempre tive antipatia pela seleção argentina, mas também sempre fui muito bem tratada no país. Aliás, nessa época o Messi era detestado em Buenos Aires. O pessoal de lá dizia que ele, na verdade, era mais espanhol que argentino. Para o mundo, Messi não era unanimidade. Dividia os holofotes com Cristiano Ronaldo, e tinha seu talento questionado por muitos. Mas eu sempre gostei dele. Não só pelo talento no futebol, mas pela pessoa discreta, o que destoava da maioria dos jogadores de futebol. 

Em 2015, antes de ver a Marta, eu já tinha tentado ver o Messi no Barcelona. Assisti a um jogo da Champions League no Camp Nou, mas ele estava machucado - Suárez fez as honras da casa e marcou três gols (Neymar estava no time mas só caiu). Em 2019, eis que Messi vai a São Paulo disputar o terceiro lugar da Copa América contra o Chile. Consegui ingresso na véspera do jogo, e lá fui eu para o Itaquerão numa tarde fria de inverno. Messi foi expulso ainda no primeiro tempo - a segunda expulsão da carreira. Não pode nem voltar para receber sua medalha de bronze. 

Uma das maiores frustrações da minha vida foi não ter visto Ayrton Senna correr ao vivo. Tentei duas vezes ir ao GP Brasil em São Paulo, ainda morando no Rio, mas não consegui. Foram as duas vezes que o Ayrton ganhou. Desde então, eu me esforcei muito para realizar meus sonhos, porque a vida é curta, e eu não quero morrer sem ter vivido. Vi Guga jogar, fui em dois jogos da Champions - Barça e Bayer de Munique - fui às Olimpíadas do Rio. Então é meio óbvio que eu ia dar um jeito de ir ver o Messi no Maracanã, naquele que pode ser seu último jogo no Brasil. E eu fui.

Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que assistiria o Messi jogar no Maraca - e como campeão do mundo. Camuflei a camisa da Argentina, a do tri, recém-comprada, mas o clima estava tranquilo e assumi para quem torcia (pro Messi, não para Argentina!). Eu e muitos brasileiros vestimos a camisa do Messi. Aí rola uma confusão, a polícia bate muito nos argentinos, vejo gente se jogando das arquibancadas... um cenário pavoroso. Jogadores argentinos tentam acalmar os ânimos, e os brasileiros fazem o que? Nada. Assistem tudo. Marquinhos, nosso capitão, vai até a torcida, fica dois minutos e sai. Para quem ainda não sabe, assim como eu tinha muitos brasileiros com a camisa da Argentina. Aquela torcida que apanhou não era só de argentinos. Em vários pontos do Maraca tinham brasileiros e argentinos em total harmonia. Mas naquele trecho da briga tinha parte da torcida organizada do Flamengo, que vaiou o hino argentino e começou a confusão.

"Ah, mas os argentinos são racistas". São. Os brasileiros também e nada justifica a violência. Não se vaia hino de país nenhum. No vôlei não tem isso. Brasil e Cuba tinham uma imensa rivalidade e o hino cubano nunca foi vaiado no Maracanãzinho. Certa vez, a saudosa Isabel do vôlei parou um jogo do Brasil para reclamar da torcida que vaiava a seleção adversária. Isso se chama respeito. "Mas os argentinos não respeitam a gente". Esse é o problema!!! O brasileiro se preocupa com o outro, quando deveríamos olhar nosso próprio umbigo. E isso serve para todos os países do mundo. Respeitem para serem respeitados!

Encerrei minha cota futebolística. Vi o Messi, e sentirei falta dele no futebol, mas eu volto para o vôlei, onde a gente torce de verdade. E olha que a seleção de vôlei também não está lá essas coisas, mas a de futebol, francamente!!! Falta jogo, falta atitude, falta tudo! 

Mas a seleção tem a torcida que merece: um bando de gente que vai pro Maraca cantar hino do Flamengo e do Fluminense, brigar e ficar 90 minutos vaiando a própria seleção e o adversário... é o mesmo povo que vive do passado, que se vangloria de ser o único pentacampeão... e não sabe o porquê o Brasil não ganha uma Copa desde 2002.

Aquela torcida do Maraca não me representa. A seleção brasileira de futebol masculino não me representa. E sim, gosto do Messi, e fico feliz de ter visto ele jogar novamente. Eu assumo porque fui ao Maracanã - ao contrário da maioria que foi ou para brigar, ou para ver o Messi mas prefere continuar xingando os argentinos porque todo mundo faz isso. Lamentável.

Comentários Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?