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quinta-feira, novembro 02, 2023

 Botafogo


Tem coisas que só acontecem ao Botafogo. Essa frase, um clássico do time, mais uma vez se faz presente. Resolvi escrever esse texto agora, enquanto ainda estou com a cabeça quente e o coração triste. Porque, independente de quem será o campeão brasileiro, eu precisava expor o que é ser um(a) botafoguense.

Eu não acompanho o futebol brasileiro. Tenho uma lembrança muito feliz do Campeonato Carioca de 1989, porque meu pai morreu dois meses antes e aquele título, após 21 anos, era para ele. Não lembro absolutamente nada do Brasileirão de 1995 - só os comentários de que o título do Botafogo não foi merecido.

Em 2017 o Botafogo disputou a Libertadores e foi razoavelmente bem. Eu até me animei, mas não fui aos jogos. Lembro da derrota, esperada, para o Grêmio de Renato Gaúcho. Eis que em 2023 eu estava almoçando vendo o Globo Esporte e descubro que o Botafogo era líder do Campeonato Brasileiro. Que surpresa! Lembro também que as pessoas que sabem que sou botafoguense disseram que o time era 'cavalo paraguaio'. Eu fiquei calada.

Repito: eu não acompanho futebol brasileiro. Até junho, eu nem sabia quem era o Tiquinho Soares. Eu sequer sabia que o Gatito - único jogador do Botafogo que conheçia até então - estava lesionado. Quem é Lucas Perri? Como assim, o Tchê Tchê não está no Palmeiras???????

Parei para ver pela TV Palmeiras x Botafogo no Allianz e fiquei chocada com a vitória. Pensei: 'se ganhou do Palmeiras, tem alguma chance". Fui, aos poucos, conhecendo o time. Acompanhando os jogos. Ficando feliz e emocionada como eu não ficava desde 1989.

Comprei a camisa que eu queria comprar faz muitos anos. Fui ao Niltão pela primeira vez ver o Botafogo - estádio que eu ainda chamo de Engenhão (descobri que botafoguense raiz não chama assim). Comecei a ouvir várias pessoas dizendo que o Botafogo não perderia o título, que pintou o campeão. Fui até parabenizada pelo meu time. Mas eu, como botafoguense típica, jamais acreditei no título.

E mais: eu pensava que o título só viria se os melhores times (no caso, todos os outros) desandassem no Brasileirão. Internamente, eu torcia pro Palmeiras ir bem na Libertadores e, assim, esqueceria o campeonato nacional. Pois é, deu no que deu. O 'jogo épico' entre Botafogo x Palmeiras não teria sido tão dramático se o Botafogo tivesse vencido o Cuiabá. Não seria tão dramático se o artilheiro Tiquinho não tivesse perdido pênalti e se o Lucas Perri não tivesse tentando acelerar um jogo que era para retardar.

A expulsão foi injusta? Sim. Favoreceu ao Palmeiras? Sim. Mas o Botafogo perdeu para si mesmo. Quando Tiquinho perdeu o pênalti, eu falei em voz alta: "é, não era para ser".

Sou e sempre serei botafoguense. O time combina comigo. Ser botafoguense é ser um derrotado na vida. É ser frágil, tosco, supersticioso ao extremo. Ser botafoguense é sonhar bem alto e levar tombos. É ficar extremamente feliz com uma vitória, mas ter dúvidas se essa vitória vai te levar para algum lugar. Ser botafoguense é ser um eterno fracasso. Por isso, mesmo não acompanhando o time de perto, sempre serei botafoguense, porque é assim que me sinto na vida. Derrota e fracasso. Para mim, para o Botafogo. Jamais poderia torcer para outro time. Somos iguais.

Eu fui muito feliz nesse Campeonato Brasileiro com o Botafogo. O que virá pela frente, só Deus sabe. Segundo os videntes de plantão e toda a imprensa esportiva, aquilo que eu sempre achei vai acontecer: o Botafogo não será campeão. Então é isso. Foi bom enquanto durou e, o que quer que aconteça, sou grata pelos momentos alegres. Mas hoje estou chateada com o rumo que as coisas tomaram. É muito ruim ter essa sensação que a gente nunca consegue ser totalmente feliz. Porque tem coisas que só acontecem com o Botafogo. E eu sei bem como é isso.



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