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quinta-feira, junho 06, 2019

Caso Neymar


Tive o privilégio de, em 2006, trabalhar em uma ONG pelos direitos da mulher. Eu era a jornalista responsável pelo site da ONG e acompanhei de perto a aprovação da Lei Maria da Penha. Foi ali que descobri a quantidade assustadora de estupros dentro de casamentos e/ou relações estáveis. Homens que, se achando donos dos corpos de suas companheiras, por compartilharem com elas uma vida em comum, não respeitavam suas vontades de, em algum momento por motivos diversos, não fazerem sexo.

Perdi as contas de quantas mulheres denunciavam seus maridos/namorados/companheiros e depois voltavam atrás. Até que eu me vi envolvida em uma situação dessas. Após descobrir uma traição, fui ameaçada pelo meu então namorado. Fiz Boletim de Ocorrência, fui humilhada em uma Delegacia de Mulheres e tive minha vida devastada. O julgamento moral, então, esse foi avassalador: eu era a culpada, eu era a vagabunda, eu era a otária que foi traída e tinha que me calar.

Não tolero que mulheres inventem histórias de assédio, agressão, estupros. Isso é algo muito sério. Admiro sim quem leva adiante uma acusação (verdadeira) sobre isso, porque é preciso coragem para enfrentar a sociedade machista e misógina que nos aponta o dedo, mesmo tem quatro dedos apontados para ela.

Todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Não posso julgar, mas posso ouvir, ter minha opinião e torcer para que a verdade prevaleça. E posso explicar que, não importa o que aconteça, se em algum instante a mulher titubear, desistir, pedir para parar, falar não... pare!!! Apenas pare! Não interessa se o homem pagou, se a mulher está casada com ele desde sempre, se ele está subindo pelas paredes. Se a mulher falar não, despeje sua testosterona em outro lugar.

Não defendam nem acusem são antes saber verdadeiramente dos fatos. E aprendam a respeitar o direito do outro de falar ou ficar calado.

Dito isso, e independente de qualquer coisa, espero que as crianças do mundo tenham um ídolo melhor do que o Neymar. Ele não é e nunca foi um bom exemplo, e isso está além de uma acusação de estupro.

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