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quinta-feira, outubro 18, 2018

Jornalismo Cultural

Quando fiz a transição do jornalismo econômico para o cultural, ouvi que 'escrever sobre cinema qualquer um faz'. Esse menosprezo que existe em relação à cultura está mais vivo do que nunca. Quem trabalha com cultura é visto como 'de esquerda', 'comunista', e por aí vai. Gastronomia, por exemplo, nem é considerada cultura quando, na verdade, a comida de um povo é sua maior identificação. Eu mesma me sinto 'menor' diante dos meus colegas de profissão que trabalham com política ou economia, por exemplo. Ainda penso que decepcionei muita gente ao caminhar para aquilo que eu mais amava - cinema e gastronomia - porque tinha potencial para voos mais altos no chamado 'jornalismo de verdade'.

Hoje, quando alguém fala que sou famosa, fico bastante chateada, porque entrevistar gente famosa mas me traz fama e esse jamais foi o objetivo da minha vida. Sou jornalista, daquelas que faz apuração, estuda a pauta, e tudo mais que um jornalista deve ser. Percebi que, já que não vou mudar o mundo, posso ao menos levar mais leveza para as pessoas que ainda leem jornal, revista ou sites bacanas. E a cultura nos dá isso: a tal da leveza que precisamos cada vez mais, e ainda um conhecimento 'fora da caixa'.

Outro dia me disseram que eu não preciso provar nada para ninguém. Mas eu sempre precisei provar para mim mesma que o que faço não é menor, nem menos importante. Caminhamos para um mundo onde a cultura está sendo varrida para baixo do tapete porque as pessoas acham que ela não é relevante. Pois bem: ela é! E que legal que a cultura também pode ser mais divertida do que outros assuntos que lemos por aí. Isso não faz de nós, que trabalhamos com cultura, pessoas alienadas.

Então, desculpem, o que eu faço não é qualquer um que faz. É, sim, mais legal do que muita gente faz. E nem por isso é menos importante. #cultura #resistencia #jornalismocultural

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