<$BlogRSDUrl$>

domingo, dezembro 27, 2015


Minha história de amor com Star Wars



Eu sou de uma época em que Star Wars se chamava Guerra nas Estrelas. Foi em 1986 que vi o Episódio IV pela primeira vez, na TV – quase dez anos após a sua estreia nos cinemas. Fiquei encantada com aquele universo de sabres de luz e figuras estranhas, me apaixonei pelo Luke Skywalker (ou seria pelo Han Solo?) e queria ter o R2-D2 em casa. Foi em um modesto aparelho de TV que eu vi também O Império Contra-Ataca (na minha opinião um dos melhores roteiros da história do cinema) e O Retorno de Jedi. Na década de 1990, George Lucas resolveu relançar a trilogia com novas cenas, e só assim pude ver os três filmes no cinema.

Quando uma nova geração descobriu Star Wars – é assim que chamam agora – na década passada, eu já era fã de carteirinha da saga, capaz de repetir diálogos inteiros. Fiquei realmente ansiosa pela trilogia inicial, que se tornou uma grande decepção.  Descobrir como o maior vilão do cinema virou Darth Vader foi uma das coisas mais esperadas na minha vida de cinéfila – e como é frustrante a forma com que Lucas achou para contar isso.

Chegamos então a 17 de dezembro de 2015, quando finalmente Star Wars: O Despertar da Força (o tão aguardado Episódio VII) chegou aos cinemas. Hoje trabalho como jornalista, e tenho a sorte de ver filmes como esse antes da estreia. Não posso contar detalhes do longa, e nem faria isso com os fãs. Evitei spoiler até o último minuto mas, curiosamente, tudo que seria uma surpresa para mim não foi surpreendente.

Explico: encaro Star Wars como um cinema da melhor qualidade, não como religião, por isso consigo ver os defeitos do filme. Que, na verdade, nem é um defeito, é apenas o simples fato de não ser uma história original. Star Wars: O Despertar da Força nada mais é do que o remake de Guerra nas Estrelas com algumas cenas de O Império Contra-Ataca (não é por acaso que Lawrence Kasdan, roteirista deste, escreve o novo episódio também).
J.J.Abrams (responsável pelo retorno triunfal de Star Trek), que assumiu a nova trilogia, trouxe de volta os personagens icônicos do Episódio IV, cativando os velhos fãs com a imagem de Luke, Leia, Han Solo, Chewbacca, C-3PO e R2-D2 exatos 32 anos depois do último filme deles. A nova trama, que se passa depois da vitória dos Jedis sobre o Império em O Retorno de Jedi, mostra que Luke Skywalker está desaparecido. Repetindo cenas – e sequências inteiras – de Guerra nas Estrelas, o longa apresenta novos personagens e parece não saber bem o que fazer com os antigos.

No meio disso tudo, fica claro que Abrams entende de cinema e acerta na escolha do novo elenco e seus respectivos papeis. A protagonista é uma mulher, Rey (Daisy Ridley), algo impensável em outros tempos, afinal, meninas não curtiam Star Wars (eu sempre me senti uma estranha no ninho por causa disso). Sim, temos a Leia da Carrie Fisher no original, mas ela é uma princesa. Ousada, é verdade, mas princesa. O mocinho é um negro, Finn (John Boyega), algo também impensável em outros tempos pelos motivos que ainda permeiam o cinema (porque continua sendo raro vermos protagonistas negros). E o herói bonachão é Poe (Oscar Isaac), que aparece pouco nesse filme. Os três possuem potencial e carisma para segurar os dois outros longas da saga que estão por vir, mas sem dúvida é em Rey que se deposita toda a esperança de grandes momentos.

Dos novos atores do elenco, recai sobre os ombros de Adam Driver a maior responsabilidade: viver um vilão à altura de Darth Vader. O ator até tem uns bons momentos com seu Kylo Ren, mas sua missão, sem dúvida, é a mais árdua, e por isso mesmo sua atuação consegue ser correta dentro daquilo que lhe foi permitido fazer.

Sobre os personagens antigos não há muito o que dizer. São tão clássicos que falar qualquer coisa poderia estragar esse resgate – porque a memória afetiva sempre vai permanecer intacta, aconteça o que acontecer. E sem dúvida que ter Harrison Ford, Carrie Fischer e Mark Hammill de volta foi uma sacada genial de Mr. Abrams.

Haverá comoção, os fãs vão curtir, novos fãs vão surgir, mas a verdade é que Star Wars: O Despertar da Força não é um novo episódio da saga, e sim um remake do original para as novas gerações (e para as antigas matarem as saudades). Com mais tecnologia, é claro, mas sem aquele clima de novidade que fez de Guerra nas Estrelas a maior trilogia da história lá nos anos 1980.

Vale lembrar que em ano de Mad Max: Estrada da Fúria e Jurassic World, Star Wars: O Despertar da Força fica no mesmo patamar do segundo. Porque Mad Max se reinventou, mas os outros dois são apenas mais do mesmo.


Comentários Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?