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quinta-feira, novembro 05, 2015

Perdas


As maiores perdas que tive na vida foram de pessoas que permanecem vivas. Pessoas que estavam próximas de mim e que, por um vacilo (meu ou delas) simplesmente deixaram de existir na minha própria existência - mas que continuam aí, vivas, seguindo suas vidas sem a minha presença. Aos meus amados que morreram de fato - pai, avó, amigos, cachorros, tios, primos - eu sinto muito, sinto tanto, sinto saudades. Mas perder os vivos que continuam vivos me parece uma dor maior, ainda que passe e não fique a lembrança (como fica a dos mortos).

Perder alguém quem permanece vivo é simplesmente deixar de confiar naquele que sempre esteve por perto. Hoje a pessoa é sua amiga, está ao seu lado, fala com você todo dia, parece se importar - e, o pior, diz que se importa. Mas, de repente, tudo muda. Você nem sabe o que fez para aquele 'amigo' deixar de falar com você. Ou simplesmente te ignorar. Ou te menosprezar. Ou te evitar. Ou até falar com você, mas de modo tão superficial que não dá para compreender. Ou, ainda mais doloroso, a pessoa fala contigo, mas visivelmente não tem a menor consideração por você.

Então, minha gente, não entre na minha vida se não for para ficar. Não venha me dizer que se importa da boca para fora. Eu gosto de atitudes, não de palavras ditas ao vento. Gosto de gente que demonstra mesmo se importar, e não apenas diz que se importa mas não faz nada para te ajudar. Não é solidário, não é atencioso, não é nada. E o nada é o pior que alguém pode ser.

Eu já perdi muitas pessoas que ainda permanecem vivas por aí. Gente que ontem eu considerava amiga, que eu ouvia e que ocasionalmente me escutava  (talvez porque, naquele momento, fosse conveniente). E hoje essas mesmas pessoas me viram as costas com tamanha frieza que me assusta. Por que? Eu não sei. Geralmente esse tipo de pessoa nunca diz onde eu errei. Elas preferem se calar e fingir que eu nunca existi. Farei o mesmo então.

Aos meus mortos de verdade - pai, avó, amigos, cachorros, tios, primos - eu permaneço com minhas melhores recordações. Aos vivos que morreram dentro da minha existência, eu não deixo nada. Sim, eu derramei algumas lágrimas por eles, mas eu segui adiante. Porque, no final das contas, a perda maior não foi minha.

E essa talvez seja a resposta. Feliz daquele que se livrou de gente que nunca foi amiga de verdade. Porque, ainda bem, eu ainda sou amiga de quem merece - e quem merece ser meu amigo, de fato ainda é.

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