<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, outubro 20, 2015

O amor nos tempos do Tinder

Acho um saco aquele processo de conhecer uma pessoa. O cara te convida para jantar (ou ir ao cinema, ou a um barzinho) e fica naquele chove-não-molha fingindo que quer te conhecer quando, na verdade, ele tem outras intenções bem específicas. Cabe a você decidir se vai querer ou não satisfazer as intenções dele. Em épocas de aplicativos de paquera (?), o amor (?) virou objeto não-identificado. Mas, ainda assim, acho louvável quando alguém realmente se interessa por você. Pelo que você diz, pensa e sente, e não pelo que você supostamente é.

Eu aprendi que o que está no mundo virtual não deve sair para o mundo real. Não dá certo, não vale a pena. Por exemplo, virtualmente eu sou encantadora. "Nossa, Janaina só viaja e come em restaurante legal, vê filmes todos os dias e conhece a Meryl Streep e o Tom Cruise". Ok, vem aqui pagar minhas contas! Vem aqui ficar cobrando o freela que leva meses para te pagar, implorando pautas aos editores ou vendo que o mês está acabando e você não produziu nenhum matéria. Está bom para você ou quer mais?

Ah sim, foi a vida que escolhi, inclusive nela não tem muito espaço para sites de paquera ou relacionamentos com homens que não sabem o que querem. Aliás, tem algum homem aí que sabe o que quer? Então tá, voltamos a parte que o virtual é mais legal que o real. O cara convidou para sair, ele te conhece virtualmente e parece legal. Parece, mas o real vai ser diferente e eu não tenho paciência para aquele momento "quero te conquistar" mas tudo bem, vou dar uma chance.

Ele vem te buscar para jantar, e quando você entra no carro, em apenas cinco segundos, ele coloca a mão na sua perna. Ai, ai ai! O erro! Já mostrou a que veio. Já definiu que vai te levar para cama no encontro dois (no máximo no três). Homens que querem realmente te conhecer não tocam em você rapidamente demonstrando interessse. Ele vai mesmo querer conversar contigo, saber quem você é de verdade.  Você sabe que vai dar merda, mas vai em frente. Preciso contar o resto? Claro que ele conseguiu o que queria, claro que ele deu um pé na bunda, claro que ele não se envolve, claro que ele não sabe o que quer, ou melhor, sabe sim, ele trata você como um aplicativo de paquera, alguém que ele clica e escolhe para "levar para jantar" hoje, e deleta após o objetivo alcançado (e tudo envolve comer, de alguma forma, repararam?).

Tédio define pessoas assim. Claro que existem mulheres nessa vibração também, que curtem ficar com um aqui e outro ali, que não ligam se forem trocadas porque trocam também. É o amor (?) em tempos virtuais, você deleta tudo que não te agrada e segue a vida. Relacionamentos duram cliques, até aparecer alguém mais legal.

Ai você acha que sua vida vai se resumir ao trabalho, ou aquilo que restar dele. Ouve papos de homens que suspistamnete estão interessados em você. "Eu não me importo que você viaje", "Nossa, sua vida é tão legal", "Ah, eu também adoro cinema". Tédio! Querido, você logo logo vai se irritar porque eu viajo, porque sou mais interessante que você, porque sou mais corajosa que você e porque eu simplesmente não estou a fim de você.

O que tem ai, por baixo desse meu pseudo "interesse" é um orgulho de, vez ou outra, fingir que estou sendo conquistada. E, lógico, ficarei ofendida quando for descartada, mas ficarei com raiva mesmo de mim, porque eu sabia que ia dar errado nos primeiros cinco segundos quando você colocou a mão na minha perna... afinal, meu bem, eu não vivo no mundo virtual como você e entendo como as coisas (vide relacionamentos) funcionam.

O que eu não entnendo são essas relações de hoje, baseadas em "quanto mais rápido melhor". Acho horrível. Pior quando me dizem "mas Jana, se você não entrar nos aplicativos não sai com ninguém". Imaginam minha resposta, né? Mas o pior que ouvi recentemente é "Jana, você tem problemas para se relacionar, precisa ir a um psicólogo".

É, tenho mesmo. Talvez porque eu não esteja a fim de qualquer coisa. Talvez porque eu seja mesmo exigente. Deve ser surreal uma mulher desejar um homem de verdade, porque esse ser não existe. Entendo aue para o universo masculino, estar ao lado de uma mulher que aparentemente não precisa dele deve ser um saco, mas se pelo menos o homem tentasse me conhecer de verdade - e não me tratasse como a garota do aplicativo de paquera - talvez ele descobrisse que por trás dessa imagem virtual de mulher forte, existe uma mulher real que tem seus momentos frágeis.

De fato, acho mesmo cansativo essa coisa dos homens fingirem que querem te conhecer, quando, no fundo, eles só querem te usar. É por isso que, quando vejo um homem sofrendo de verdade por amor, me pergunto onde ele errou para a mulher abandoná-lo. Sim, porque eu sempre achei que homens não sofriam porcausa de relacionamentos, e penso que talvez exista por ai um ou outro que sofra, mas a sua grande maioria está tão confortável na posição de "macho com o poder do clique nas mãos" que conseguiram transformar as mulheres em algo tão superficial quanto eles.

Ah, pois é, mas não sou dessas. Até queria ter esse desprendimento, mas não consigo. Então nem venha se não for para ficar e tentar me conhecer. Porque o virtual fica onde está na minha vida. Eu gosto mesmo é do mundo real, com pessoas de verdade. Simples assim.



Comentários
Muito bom Jana!!!! Muito bom mesmo.
Também detesto que coloque a mão em mim. Na verdade, eu odeio.
 
Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?