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sexta-feira, agosto 07, 2015

Home Office


Acho incrível quem se dispõe a trabalhar de segunda a sexta com horários e regras. E quem trabalha com plantão então, tiro o chapéu. Quem tem horário para entrar e não tem para sair, merece meu respeito. Já passei por tudo isso. Foram muitos anos em agências de publicidade e redações sem saber se eu teria uma folga amanhã. Viradas de noite, muita correria, trânsito infernal, essas coisas. Em troca, a suposta estabilidade. Que eu nunca tive, aliás, porque eu me lascava e quando tinha que ser demitida, era. E quando tinha que pedir demissão, pedia. Até que um dia a revista em que eu trabalhava terceirizou a redação e eu me vi trabalhando em casa.

No começo realmente era estranho. Mas com o passar do tempo eu percebi que rendia muito mais. E eu ia ao médico sem precisar pedir atestado; e eu marcava reuniões virtuais; e eu saia para reportagem de campo (algo que na redação era quase impossível). E de repente eu estava trabalhando para duas ou três editoras; para agências de notícias; para empresas; para agências de publicidade. Eu me via com mais ou menos trabalho, mas nunca sem trabalho. E, pra piorar, invariavelmente eu fazia o que gostava.

E ai vieram as viagens. E as muitas pautas externas, e os novos amigos, uma nova rede de networking. E, de repente, aquele mundo de agência de publicidade regada à pizza e redação regada à café sumiu. As paredes foram quebradas e eu virei freelancer. Para mim, ótimo. Para os outros, praticamente um xingamento.

Percebi que as pessoas tinham enorme preconceito com quem trabalha em casa. Ouvia coisas como 'mas você está desempregada' ou 'você não faz nada' ou 'você precisa fazer concurso porque isso não é vida'.

Pois bem, essa minha 'não vida' me levou a lugares que nunca sonhei; a conhecer pessoas que jamais imaginei; a fazer matérias sobre temas diferentes e inusitados; a ser diferente de você. De você que trabalha de segunda a sexta das 9h às 18h com uma hora de almoço e ainda assina ponto. Tá feliz? Que bom! Eu também, mas por mim. E se amanhã eu acha que não quero mais o home office, é uma escolha minha. Assim como continuar nele também foi.

Então você que ainda acha que quem trabalha em casa não faz nada, que fica o dia no Facebook, que não tem profissão e está à toa na vida, sinto lhe dizer que foi esse trabalho - e não aquele de segunda a sexta de 9h às 18h - que me deu tudo que tenho hoje. Pode não ser nada material, mas significa muito para mim.

Eu não tenho carro, casa, iphone nem outras coisas para ostentar, mas eu tenho vida própria. E essa sensação de liberdade não tem preço, mas te garanto que vale mais do que todos os seus bens materiais juntos. Para concluir, só mais uma coisa: eu trabalho tanto quanto você. De fato nem sempre de 9h às 18h, às vezes mais, às vezes menos. Mas eu trabalho. Então antes de julgar o trabalho remoto, preocupe-se com o seu. Obrigada, de nada.

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