Veneno da Gata

Complexa

Eu sou um ser complexo. Isso para o resto do mundo, para mim eu sou super fácil de lidar. É claro que não pertenço a esse planeta, onde pessoas são tratadas como produtos e você vale o que tem. Não faço esse tipo. Não sou um personagem. Eu sou uma pessoa legal, e prezo muito a minha liberdade. Eu gosto de fazer o que quero, quando quero e como quero, e detesto dar satisfação.

Também não gosto de me sentir presa, seja a uma pessoa ou a uma situação. Eu respeito a liberdade do outro, o tempo do outro, mas não me faça de idiota. Eu não sou trouxa. Não ajudo para ser amiga, ajudo porque quero ajudar, e não espero nada em troca. Mas reparo quando as pessoas recebem a ajuda e finge que nada aconteceu. Reparo quando não sou bem aceita, quando sou julgada, quando sou tachada de pessoa difícil só porque não me encaixo no esquema. E não me encaixo mesmo.

É complicado para o mundo entender que eu sou essa mulher durona, mas que também precisa de cuidado às vezes. Eu preciso de colo, de carinho, de afeto. Mas não preciso ficar pedindo isso, não preciso ficar implorando ou chorando. Eu sei que sou merecedora de coisas boas, porque eu faço por onde. Não piso em ninguém. Mas o fato de ser uma boa pessoa não dá o direito aos outros de me tratarem como se eu fosse um lixo.

Então sim, sou durona, sou complexa, sou esquisita, de outro planeta. Mas também sou uma frágil mulher forte. Há um lado, que poucos conhecem, que chora, se descabela, grita, e exige mais respeito do mundo. E esse lado, que agora está pulsante, quer saber o que fazer e para onde ir.