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segunda-feira, maio 04, 2015

Viajar sozinha



Coragem. Essa é a palavra que mais ouço quando estou viajando sozinha. É incrível como as pessoas ficam chocadas ao encontrar uma mulher que viaja sozinha. Os brasileiros, principalmente, se preocupam, querem fazer companhia, acham que a mulher que viaja sozinha precisa sempre de ajuda. O curioso é que, na minha cabeça, viajar sozinha nunca foi um problema.

Sempre gostei de viajar. Mas foi só quando vim morar em São Paulo que percebi que aqui todo mundo viajava para fora do Brasil. Essa não era minha realidade no Rio, eu só viajava pelo país mesmo e olhe lá. Os anos foram passando e algumas amigas começaram a planejar viagens e me convidaram. A primeira, eu acabei desistindo no meio do planejamento porque fiquei desempregada. A segunda, a minha amiga arrumou um namorado e desistiu da viagem. A terceira, idem. Foi então que resolvi viajar sem depender de ninguém. Eu ia viajar de qualquer jeito. Simples assim.

As pessoas acham que nasci viajando, mas meu primeiro voo solo foi em 2010. Eu ia para a casa de uma amiga na Holanda e de lá ia conhecer alguns lugares com outras amigas que estavam pela Europa também. Só que havia uma cidade que eu queria ir e nenhuma das minhas amigas estava disposta a me acompanhar. Claro que fui só. E assim pisei em Veneza pela primeira vez, realizando o sonho de menina, o sonho de uma vida toda (Veneza era o único lugar do mundo que eu queria conhecer).

De Veneza fui sozinha para Barcelona, e a partir dali minha vida nunca mais seria a mesma. Mesmo indo a outras cidades com minhas amigas (incluindo Paris) eu resolvi que viajar faria parte da minha vida de forma constante, e que ninguém ia tirar isso de mim. A partir de 2011 foram inúmeras viagens, umas mais planejadas que as outras, algumas envolvendo trabalho, e todas com a mesma companhia: eu mesma. Aqui e ali encontrei amigos mundo afora e fiz novos amigos também (é incrível a quantidade de pessoas legais que a gente conhece quando viaja sozinho). Tudo dentro dessa ideia de que 'eu vou viajar e se não tem ninguém para ir comigo, eu vou sozinha'.

Com as viagens constantes, percebi o quanto as pessoas admiravam e temiam ao mesmo tempo o que eu fazia. As mulheres, em especial, ficavam chocadas com a minha 'coragem'. Os homens não sei dizer o que pensam. Nem meus melhores amigos expressam suas opiniões a respeito dos meus voos solos. O que eu percebi foi um certo incômodo com frases do tipo 'mas você vai viajar de novo?'; 'mas você acabou de voltar da Europa!!', 'mas você não pára no Brasil'; 'mas você não se cansa de viajar?' . Pois é, sinto dizer que não me canso de viajar. E acho que viajo pouco. Acho que tem um mundo lá fora muito legal para eu conhecer e eu quero conhecer.

Viajar sozinha é uma sensação tão libertadora que acho imprescindível para qualquer ser humano. É igual análise: todo mundo deveria passar por essa experiência. Eu adoro caminhar pelas ruas sem ter hora, sem ter preocupação do que fazer, de onde vou, de quando vou comer ou se vou conhecer tal local turístico. Eu simplesmente vou. Faço o que quero, do jeito que quero.

O mais legal nessas viagens é que aprendi a voltar aos lugares que me encantaram, coisa que não fazia quando viajava acompanhada (por causa de mim mesma ou do(s) outro(s) sempre ia a lugares novos). Já fui cinco vezes a Veneza (privilegiada por causa do trabalho), três a Barcelona e duas a Milão, Montevidéu, Punta Del Este e Buenos Aires - e essas eu voltei simplesmente porque queria voltar, porque amei as cidades, porque me encontrei nesses lugares. E quando eu volto não sou a mesma pessoa, não tenho o mesmo olhar, não vou aos mesmos lugares (só um ou outro que gosto muito), não faço as mesmas coisas. É sempre uma viagem nova por um lugar conhecido.

E os lugares novos? Ah, esses eu escolho por afinidade e proximidade (e a afinidade aqui leia-se 'lugares com praia, lagos, cachoeiras, fontes, qualquer água está valendo porque minha fascinação pelo mar é maior que tudo"). Alguns estão no meio do caminho de uma viagem de trabalho; outros, eu sempre quis conhecer e me planejei para ir. Tinha vontade de fazer uma viagem de navio e fiz - e escolhi as Ilhas Gregas porque sabia que, sozinha, era uma viagem mais difícil de fazer. De quebra conheci a Croácia, que nunca imaginei na vida que eu iria um dia. Mas eu acho que, nem sempre, sou eu quem escolhe os lugares. Veneza, por exemplo, eu tenho absoluta certeza que a cidade me escolheu. E por isso é tão incrível ir para lá, porque eu amo a cidade tanto quanto ela me ama. E isso é raro, é único, é maravilhoso ter um lugar no mundo que seja a casa onde mora o seu coração.

Hoje olho para trás e vejo quantos lugares legais eu conheci, quantas pessoas fazem parte dessas viagens, quantas momentos inesquecíveis eu carrego na minha bagagem de vida. E se eu tivesse esperado os amigos, o namorado, o marido, ou sei lá quem para viajar, estava esperando até hoje.  E esperar nunca foi o meu forte. Se eu posso ir, eu vou. E eu fui.

Essa é a parte mais bacana da minha vida, e é aquela que eu espero não perder nunca. Talvez seja necessário diminuir o ritmo por causa das circunstâncias, mas parar, jamais. Quando o 'bichinho' da viagem entra no sangue, a gente já fica pensando qual será o próximo destino.

Uma vez me perguntaram qual a melhor viagem que eu fiz. Minha resposta: "A melhor vai ser a próxima". Sempre pensei isso, que o melhor está por vir. E a melhor viagem é aquela que eu ainda não fiz. Sozinha, acompanhada, não sei... mas eu vou fazê-la.





Comentários
Desejo que você viaje muito mais e voe ainda mais alto!
Bjs, Deus abençoe seus sonhos e planos.
Saudades
Ivy Garcia
 
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