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quarta-feira, fevereiro 04, 2015

14


Hoje completo 14 anos em São Paulo. Tenho pensado muito nas últimas semanas em dois acontecimentos marcantes da minha vida aqui: o dia que, no meu primeiro emprego como publicitária na cidade, fui demitida e aconselhada a voltar ao morar no Rio porque eu jamais daria certo em Sampa (eu tinha apenas cinco meses aqui); e o dia que, no início de minha carreira jornalística, uma editora disse que eu jamais seria jornalista porque eu não passava de uma publicitária.

Estes dois fatos profissionais foram marcantes, e talvez determinantes, em minha vida. O primeiro me deixou na lama por umas 48 horas; eu só chorava e me perguntava como alguém podia ser tão cruel assim. Por pior que eu fosse, dar a mão (com a oportunidade do primeiro emprego na cidade) e depois com a mesma mão me bater, parecia um tanto quanto maldoso.

O segundo me deixou chocada, porque até então a mesma editora me adorava e elogiava meu trabalho. Mas, bastou um desentendimento rotineiro em uma pauta para ela mudar categoricamente de opinião.

Conheço muitos casos de pessoas que tiveram 'profecias' em suas vidas, do tipo Beatles foi considerado ruim, Marilyn não passou em seu primeiro teste, etc. Mas conheço casos reais mesmo, de gente que foi julgada profissionalmente sem o menor critério do julgador.

No Rio, eu já tinha passado por isso uma vez, no começo da minha vida publicitária, quando fui demitida de uma agência porque, segundo o diretor, mulher não sabia escrever. Anos depois, em outra agência, eu fui 'escondida' de um cliente (uma concessionária de automóveis), porque o cara não podia saber que era uma mulher quem escrevia os anúncios dele (é, ele também achava que mulher não sabia escrever).

Curiosamente, vi meu primeiro algoz paulistano (por sinal, nascido no Rio) recentemente. Fazia exatos 13 anos que eu não o via - desde que deixei o emprego, raramente ouvi falar dele, e nunca mais tinha visto sua figura. Mas eu seria capaz de reconhecê-lo até no escuro. Ele não me viu, e eu também não fui falar, mas gostaria de agradecê-lo pelo incentivo, afinal, são pessoas assim que nos impulsionam na vida.

Graças a Deus em meu caminho sempre apareceram pessoas do bem; gente que me estendeu a mão quando eu mais precisei. Vejo muitos 'menores de 30' em suas conquistas profissionais e fico feliz ao perceber que gente tão jovem consegue ser tão bom. Para mim tudo foi bem mais complicada, porque vim de uma cidade provinciana onde 'tá bom do jeito que está' e precisei recomeçar do zero em São Paulo.

É por isso que, por mais que a cidade tenha mil defeitos, eu sempre serei grata pelas porradas que ela me deu, como prova de quem sim, eu era forte e nem sabia.

Desculpe, Rio de Janeiro, se você nunca foi bom o suficiente para mim.

Obrigada, São Paulo, porque me fazer a melhor publicitária e jornalista que eu poderia ser, ainda que algumas pessoas achassem o contrário.


Comentários
Que bom que São Paulo e nós paulistanos (nas) ganhamos um ser humano tao especial. Que Deus te abencoe e honre sempre Jana. Te admiro por quem vc é independente da profissao.
Bj na mama e na Lady
Saudades
Ivy
 
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