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terça-feira, dezembro 18, 2012

A (eterna desculpa da) falta de tempo


Eu posso viver o resto da minha vida em São Paulo - espero que não! - e tem uma coisa na cidade que nunca vou me acostumar: as pessoas nunca têm tempo para nada. Eu sei que acabei adotando essa mania paulistana de viver correndo, mas confesso que, mesmo nos meus momentos de muito agito, procuro dar atenção aos outros.

Já não é de hoje que ouço reclamações dos meus amigos que não páro em São Paulo e nunca vejo ninguém. De fato, 2012 foi um ano em que eu passei pouco tempo na cidade, mas também quando estou aqui, ninguém tem tempo para mim. Isso é fato! Passo um ano ou até mais sem ver pessoas que considero minhas amigas de verdade, e olha que quando decido que vou ver alguém está decidido mesmo - mas ao outro sempre falta tempo.

Outro dia uma amiga comentou comigo que ficaria triste se eu resolvesse, algum dia, voltar para o Rio, porque a gente não iria se ver com frequência. Eu ri e disse: 'mas tanto faz morar lá ou aqui, eu não vejo você mesmo! Lá pelo menos teremos a desculpa da distância.' Ela ficou em silêncio, e como já está acostumada a minha cortante sinceridade, achou melhor não prosseguir no assunto.

Lembro que nos primeiros anos fora do Rio eu fazia um esforço fenomenal para ver meus amigos. Com o passar do tempo, porém, eu percebia que nem todos se esforçavam para me ver. E assim grandes amizades continuam grandes, mas eu não vejo mais as pessoas. O tempo passou, e hoje vou muito mais ao Rio a trabalho e, além disso, tenho minha família para administrar. Para os amigos não sobra quase tempo algum - mas para muitos amigos de lá, o tempo para mim também se esgotou.

Claro que nem todo mundo é assim, muito pelo contrário. Sempre penso na Luiza, minha amiga carioca, casada, com uma filha, e que sempre - eu disse sempre - tem tempo para mim. Mas ela é exceção. Até no Rio as pessoas já foram absorvidas pela falta de tempo. Mas falta de tempo, para mim, é falta de esforço das pessoas em querer ver o outro.

Às vezes fico pensando que minha insistência em ver as pessoas pode parecer que eu não faço nada nessa vida. Muito pelo contrário, em muitos casos estou atolada e mal consigo dormir por falta de tempo, mas eu sinto falta dos meus amigos, e procuro estar presente. Tá, eu sei, nem sempre isso é possível... mas pelo menos eu tento.

Ainda me incomoda que a maior parte das relações humanas hoje estejam estabelecidas nos teclados, no mundo virtual, no inbox do facebook que muitas vezes nem resposta tem. Eu fico realmente desapontada com isso, mas sei que não vou mudar o mundo. E não vou mudar, especialmente, esse jeito paulistano de ser, dessa gente que vive correndo, vive afobada, vive sem tempo.

Odeio quando percebo que estou assim, e talvez seja por isso que eu lute tanto para jamais deixar a falta de tempo me consumir. Pena que o resto dessa cidade não pense como eu. E essa é uma das coisas que nunca me acostumo aqui, e que me fazem pensar como o tempo passou e eu continuo sendo uma estrangeira dentro do meu próprio país.

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