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quarta-feira, novembro 14, 2012

Magra de ruim


Havia um tempo em que pessoas acima do peso sofriam preconceitos. Agora chegou a vez dos magros. Sim, ser magro hoje em dia virou algo meio esquisito. Para começarmos esse papo, quero esclarecer que sempre fui magra. E pretendo continuar assim. Nasci com 53 cm e 4,250 Kg - um bebê grande e fortinho. Mas logo nos primeiros meses de vida fui ganhando pouco peso e, com um ano de idade, já era uma criancinha magra.

Sempre fui magrela. Meu apelido na infância era Olívia Palito. Até os 9 anos eu era chatinha para comer - só queria comer fora de casa, de preferência bife com batatas fritas. Aos poucos fui melhorando. Quando comecei a trabalhar - aos 19 anos - a alimentação fora de casa virou rotina e eu engordei - até o s 17 anos pesava 47 quilos, com 18 cheguei finalmente aos 50, peso que tenho até hoje.

Odiava minhas pernas finas e, aos 20 anos, comecei a fazer musculação, ganhei músculos e engordei. Aliás, só engordei mesmo nessa época - cheguei a 55 Kg - e no final da faculdade de jornalismo, já aos 31 anos, quando pesei 56 Kg. Um escândalo! Minhas calças não entravam em mim e cortei doces e pizzas da minha vida. Em dois meses retomei aos 53 Kg - meu peso ideal. E retomei aos doces e pizzas também!

Meu manequim é 38. Não é 36, como uma amiga minha que uma vez me deu uma calça jeans de presente acha. Minha amiga não acreditava que eu, tão magrela, vestisse 38. Mas é isso mesmo, é 38, porque a cintura é fina e o quadril largo. Sim, tenho quadril largo, visível quando engordo alguns quilos. Prefiro que ele não seja visível, então me mantendo magra não tenho aquela sensação de que sou alvo de cantadas de pedreiros - porque homem não pode ver um quadril largo + bunda grande que perde a linha.

Desde que comecei a trabalhar como freela, o que me permite comer em casa, emagreci. Sai dos bons 53 Kg e passei a pesar os mesmos 50 Kg dos meus 18 anos. Sem exercícios físicos e sem comer besteira na rua, lá se foram os três quilos que faziam diferença. Não faço mais musculação porcausa do meu joelho ferrado e perdi massa muscular. Sequei. A perna parece mais fina - detesto, mas eu posso comer horrores que não engordo. Sou difícil de engordar, e olha que como bem.

Aí vem o motivo desse post: eu quero gritar para o mundo que sou magra sim, mas não sou doente. Porque nas últimas semanas perdi as contas de quantas pessoas encontraram comigo e disseram: 'como você está magra!!!'. Então já estive acima do peso algum dia? Ou estou magra = doente? Porque as pessoas me olham como se eu estivesse doente. Chegaram a me perguntar se eu estava com algum problema. Mandaram eu fazer exame de sangue porque devo estar com anemia!!!

Hoje passei por isso de novo, e ainda falaram 'mas você emagreceu muito'. Como assim, eu sempre fui magra! O jeito que as pessoas falam disso, com cara de surpresa, deixa a pergunta no ar: será que o povo acha que tenho bulimia ou anorexia?

Então minha gente, fica o recado explícito: não tenho nem uma coisa nem outra. E não estou anêmica também. Eu como bem, eu como muito, mas devo ser uma pessoa má, porque gente ruim não engorda, já diz o ditado. Eu não estou doente, sou extremamente saudável mesmo sendo assim, tão frágil, mais osso que carne, magra de parecer que vai partir ao meio.

Se você está acima do peso, relaxa: o foco agora é detonar os magrelos. Nem toda pessoa magra é magra porque o mundo impõe, porque quer ser magro a todo custo. Existem muito magros que são magros por natureza. Simples assim. Eu sou magra mesmo, de verdade, não é bulimia, não é anorexia.  Não é anemia também. Faço meu check up anual e, além de um joelho ferrado, eu não tenho mais nada. Nem úlcera, nem gastrite, nem dor de dente, nem enxaqueca, nem nada que justique o mundo inteiro achar que estou doente só porque sou magra.

Desculpem se, do alto dos meus 1,65m, eu peso apenas 50 Kg. Desculpem se, aos 38 anos, eu ainda entro na saia que eu usava com 16 anos. Desculpem se o mundo exige uma magreza que Deus, gentilmente, me deu de graça. Desculpem se, mesmo tão magra, eu não consigo passar invisível diante de pessoas que medem o percentual de gordura alheio.

Pronto, falei.


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