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sábado, novembro 05, 2011

1991 - 2011


Quando o Pearl Jam apareceu, lá no começo dos anos 1990, eu não usava camisa xadrez e não curtia rock tanto assim. Quer dizer, em casa eu ouvia Beatles e Rolling Stones desde que nasci, mas fui descobrindo o rock aos poucos, já na adolescência. O que me chamou a atenção no grunge, de cara, foi o Nirvana, lógico. Achava o Kurt Cobain um dos loucos mais sóbrios da música - pelo menos ele tinha letras sóbrias que falavam de um mundo diferente do planeta cor de rosa que a maioria adora.

Como muitos adolescentes, eu era chata, emburrada, problemática e adorava um drama. Sempre gostei do lado depressivo das coisas - as músicas e filmes tristes, o cortar dos pulsos imaginário, o sangue que jorra com as lágrimas. Curiosamente, eu nunca andei de preto nem achei que morreria aos 27 anos, mas sempre tive essa tendência deprê.

As músicas que falam das mazelas do mundo, especialmente as que contam o sofrimento no amor, eram as minhas preferidas. E claro que, como a maioria dos fãs do Pearl Jam, eu descobri o grupo com Black. Aquela música de coração partido para mim é única. É de uma tristeza tão grande e tão sincera, é tão dolorida e tão verdadeira... só vi algo parecido com a depressiva-mor Amy Winehouse com sua antológica Back to black.

Mesmo adorando essa coisa tristonha da vida, nunca encontrei refúgio nas drogas, nas bebidas, nem nas armas. Sempre fui uma depressiva light, das que prefere a música e o filme triste. Hoje não sou mais depressiva, mas ainda há uma melancolia no ar. Aquela tristeza que não passa, um pesar no coração de que falta algo - e eu sei o que falta, e é algo tão difícil de se encontrar hoje.

Nesses 20 anos, em que deixei de ser uma adolescente deprimida para me tornar uma mulher misteriosamente melancólica, Eddie Vedder me acompanha com todas as suas canções cortantes, e o Pearl Jam é domo de algumas das músicas da minha vida.

A música de fúria ainda é do Nirvana, Come as you are, a que eu ouvia no último volume toda vez que estava com raiva. Mas a música de dor ainda é Black, a música de libertação ainda é Alive e a música que manda todo mundo tomar conta de sua vida e deixar a minha ainda é I am mine. Porque eu sei que nasci e que um dia vou morrer e o que acontecer entre isso é meu.

Existe no mundo algo mais forte e melancólico do que o rock grunge? Acho que não. Porque eu sou essa força e essa melancolia, a eterna insatisfação, o mundo em preto e branco que às vezes ganha cor... porque eu sou assim, porque somos todos diferentes e não há necessidade de esconder quem eu sou.

I am mine.




Janaina Pereira

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