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quinta-feira, junho 02, 2011

Em nome do Pai


Se meu pai fosse vivo hoje completaria 68 anos - e não consigo imaginar meu pai conta tanta idade assim. A medida em que vou envelhecendo a saudade do meu pai parece só aumentar. Sempre gosto de frisar que, ao contrário de muita gente que sofre eternamente pela morte de alguém querido, eu sempre aceitei o que Deus reservou para minha vida, embora, é claro, questione de vez em quando.

Lógico que eu queria meu pai aqui. Eu convivi tão pouco com ele - apenas 14 anos - mas foi um período de muito aprendizado. Meu pai era realmente um pai muito legal e tudo que aprendi com ele segui à risca por todos esses anos. Tenho certeza que ele se orgulha do que sou, mas é óbvio que eu queria ele aqui comigo. Eu sou egoísta, não quero perder ninguém.

O que me consola - e eu acredito muito nisso - é que vou reencontrar todos que amo quando eu partir também. Não acho mesmo que tudo se resuma a uma convivência somente neste plano e que depois que a gente morre acaba. Espero mesmo que exista um outro lado em que pelo menos eu possa amenizar todos os anos que fiquei sem essas pessoas.

Hoje eu lembrei do meu pai assim que acordei, e lembrei que ele era uma pessoa muito simples, muito tranquila, que dava muito valor ao trabalho - o mesmo trabalho que o estressou tanto a ponto dele ter dois derrames cerebrais e morrer por causa do segundo. O que mais eu aprendi com ele, ou melhor, com a sua morte, é que eu nãoiria deixar trabalho algum me destruir dessa forma. Por isso hoje estou onde estou e faço o que faço, tudo do meu jeito, porque quero - e preciso - viver meus momentos de ócio. A vida é bem mais do que trabalhar para me estressar.

Meu pai talvez não tenha tido tempo de se arrepender de suas escolhas, seu caminho era aquele, não há o que questionar, mas eu posso aprender com o que vivi e senti, com tudo que passei, com as milhares de vezes que fui trabalhar com meu pai nos finais de semana e hoje penso que eu posso e quero fazer diferente, e eu faço, e fiz minhas escolhas e ele deve estar achando que foi mesmo melhor para mim.

Eu sinto muitas, muitas saudades, saudades que vão doer de novo amanhã - vai fazer um ano que minha avó morreu - e que vão voltar em agosto, quando meu aniversário for exatamente no Dia dos Pais - um tipo de coincidência que sempre me deixa mal.

Depois de todos esses anos, e de me acostumar com essa saudade, tenho cada vez mais certeza que meu pai faz parte desse caminho que hoje eu sigo em paz.



Janaina Pereira

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