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segunda-feira, maio 16, 2011

Por onde andei



Eu era uma publicitária com bom salário, um emprego legal, uam vida promissora. Mas faltava alguma coisa. A publicidade suga muito a energia de gente como eu, que gosta de liberdade para trabalhar. Nunca gostei de rótulos, nem de regras, sou disciplinada, sei o que devo fazer, não preciso de ninguém me cobrando. Porém, o que me fez mudar um pouco o rumo da minha carreira foi o fato de, como redatora, escrever muito pouco. As ideias nem sempre eram minhas e, pior, uma situação virou rotina: todo mundo acha que sabe escrever, e aí se metiam no meu trabalho. Cansei.

Quando resolvi fazer jornalismo - uma dica de um professor de publicidade, o Álvaro Gabriel - eu jamais achei que seria jornalista. Nunca passou pela minha cabeça que eu me tornaria uma repórter, quase uma Lois Lane. Mas as coisas foram acontecendo, e eu fui percebendo que sempre fui jornalista e que isso me daria muitas alegrias.

A pessoa que sempre acreditou em mim - e que nunca desistiu de mim, é bom ressaltar - foi meu professor Alexandre Barbosa. O que seria de mim sem o Alê? Ele me ensinou tudo que sei, inclusive a ser editora (algo que eu não gostava, a princípio, mas que se revelou um ótimo aprendizado para melhorar meus textos). Claro que outros professores foram importantes na minha trajetória, como a Márcia Alegro e a Ana Ziccardi, mas o Alê sempre se destacou por me ajudar a conseguir emprego: foi ele quem me indicou para trablahar na Rádio Bandeirantes, e assim eu comecei no jornalismo.

Os anos passaram e hoje eu não imagino minha vida sem as reportagens. Adoro, principalmente, entrevistar pessoas, descobrir histórias e fazer das minhas matérias uma pequena história do cotidiano. Ao contrário do que pensam,não tenho vida glamourosa. Cubro a área de cinema, que adoro, mas não viveria só disso. E não vivo. Eu sou repórter que vai onde a matéria está. Gosto de cobrir a área de saúde, que me ensina demais, e economia é algo que fiz com muito prazer por muitos anos, mas chegou um momento que eu precisava mudar. E mudei, e coisas novas apareceram, e eu estou aprendendo e isso não me cansa: eu adoro aprender.

De repente eu paro e penso que conheci o Tom Cruise e entrevistei o Luis Fernando Veríssimo - e aí eu me pergunto: o que mais Deus reserva para mim? Tenho apenas a certeza de que colhemos tudo aquilo que plantamos, e hoje trabalho muito para pagar as contas, e poderia ter uma vida mais tranquila como publicitária, mas escolhi fazer o que gosto.

Tantos anos de publciidade nunca me levaram a Cannes, e poucos anos de jornalismo me levaram a Veneza. No final o prêmio era o mesmo, um leão. E sou tão grata por isso, agradeço tanto a Deus por tirar do meu caminho aqueles que não me querem bem, e deixar os que verdadeiramente gostam de mim ao meu lado.

O caminho é longo e cheio de pedras, mas eu removo uma a uma, sem me cansar. Podem tentar me derrubar, porque eu até caio, mas sempre me levanto. Eu sou uma pessoa do bem, não perco meu tempo desejando mal aos outros, querendo me vingar ou agindo traiçoeiramente.

Um dia me disseram: segue sua vida, vá em frente e não olhe para trás. Pois, é, eu fiz isso, e olhe onde vim parar... não sou nada, mas pago minhas contas, vivo minha vida, faço minhas matérias e não devo satisfação a ninguém. Enquanto isso muita gente por ai fica cuidando da vida dos outros, falando mal de todo mundo e se preocupando com o que as pessoas fazem. Eu prefiro me preocupar comigo. Até agora tem dado certo e estou no lucro.




Janaina Pereira

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