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terça-feira, dezembro 07, 2010

Tetro


Todo grande diretor tem seu clássico. Francis Ford Coppola, no entanto, exagera. Ele tem uma trilogia clássica. O cineasta alcançou o apogeu de sua carreira com O poderoso chefão, uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos. Se não bastasse isso, é dele também o épico de guerra Apocalypse Now, além do cult O Selvagem da Motocicleta. Mesmo quando faz filmes apontados como ‘menores’, como Peggy Sue e O homem que fazia chover, Coppola consegue ser grandioso. Ou seja, o cara é bom e não se fala mais disso.

Seu filme mais recente, Tetro, de 2009, só chega ao Brasil agora – estreia nesta sexta, dia 10. Claro que se espera muito de uma produção de Coppola, e ele não decepciona. Nas mãos de qualquer outro diretor a história soaria piegas, chata, cheia de clichês. Mas é um filme de Francis Ford Coppola então… é essencial para qualquer pessoa que goste de cinema de verdade.

A trama gira em torno do ingênuo Bennie (Alden Ehreinreich), de 17 anos, jovem que tragalha em um navio e chega a Buenos Aires com o objetivo de encontrar seu irmão mais velho, Tetro (Vincent Gallo), que está desaparecido há mais de uma década. Sua família se mudou da Itália para a Argentina quando eles ainda eram crianças mas, graças ao sucesso do pai deles, o maestro Carlo (Klaus Maria Brandauer), logo se mudaram para Nova York.

Bennie consegue encontrar o irmão, mas ele não é quem esperava. Tetro tornou-se um poeta melancólico, bem diferente da pessoa que Bennie se lembrava. O período em que ele vive com o irmão e sua namorada Miranda (Maribel Verdú) faz com que relembrem experiências do passado.

O roteiro, escrito pelo próprio Coppola, constrói uma narrativa densa, contada de forma sublime por imagens em preto e branco do presente, e coloridas do passado. Esse contraste dá ao longa uma beleza única. Os atores entram de corpo e alma em seus personagens, em especial Gallo, que mostra mais uma vez porque é um dos melhores de sua geração. Visceral, ele dá a Tetro um olhar de amargura e desprezo pelo mundo, embora diante das ciladas do destino, tente ter compaixão dos outros, mas jamais de si mesmo.

Coppola não faz um filme brilhante, simplesmente porque cai nas armadilhas mais fáceis de um roteiro previsível – é só prestar atenção nas imagens do passado do protagonista para acertar o final da história – mas consegue transformar Tetro em cinema acima da média. Graças a sua direção espetacular, daquelas que dribla o espectador mesmo diante do óbvio, ele faz um longa encantador e comovente. E é por isso que Francis Ford Coppola é essencial ao cinema.



Janaina Pereira

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