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sexta-feira, julho 02, 2010

Na alegria e na tristeza


Você já sabe que o Brasil foi eliminado hoje da Copa do Mundo da África. Confesso que não esperava perder para a Holanda, que joga burocraticamente e não me agrada em nada. O Brasil jogou muito bem o primeiro tempo e depois alguns jogadores sumiram, perderam a cabeça, Felipe Melo, aquelas coisas.

Eu continuo defendendo o Dunga, na alegria, na tristeza, na vitória, na derrota, no empate, na prorrogação e nos pênaltis. Ele pode não ser um grande técnico, mas é um grande homem, dá a cara pra bater, não abaixa a cabeça. Sobre a seleção, gosto mais de uns do que de outros, mas tenho consciência de que não era uma equipe brilhante. Porém, do jeito que a Copa está xinfrim, a gente podia sim chegar à final.

Dizer que esta seleção não será lembrada é fácil, partindo do princípio que as seleções vitoriosas em 1994 e 2002 também não lembramos de todos. A diferença é que 1994 tinha um cara chamado Romário que queria ser campeão do mundo para ser maior que Zico e igualado a Pelé; em 2002 tinha um cara chamado Ronaldo que desejava calar a boca de quem falou que sua carreira estava acabada.

Foi na garra individual que ganhamos essas Copas e foi em cima desses jogadores que se construiu uma equipe vitoriosa. Até 1994 nenhum goleiro brasileiro tinha sobressaído tanto quando Taffarel. Naquele ano, ainda tinha o agravamente da morte recente do Ayrton Senna, que fez a Globo criar todo um clima de 'curar a ferida nacional'. A seleção entrou na onda e fomos tetra.

Em 2002 era preciso apagar a final esquisita de 1998; e Ronaldo, que foi destruído pela imprensa e considerado um jogador emn fim de carreira, mostrou o que é mais comum entre ´nós brasileiros: o poder absurdo de ressurgir das cinzas. Eu só chorei duas vezes na vida por causa de futebol: quando o Botafogo venceu o campeonato carioca em 1989 depois de 21 anos e quando o Ronaldo foi campeão em 2002. Para mim a vitória dele - e de Romário em 1994 - foram tão pessoais e únicas, embora ambos nunca tenham chamado para si o holofote da vitória.

O que sinto hoje é uma tristeza imensa pelo Dunga, nem tanto pelos jogadores. Talvez por alguns como o goleiro Julio César, que chorou ao admitir que errou no primeiro gol holandês. É muito duro a gente descobrir que somos humanos, falhamos, erramos, e o melhor do mundo tem seus dias ruins.

A imprensa tenta achar culpados, a torcida xinga, mas eu não vejo as coisas com esse calor todo. É minha oitava Copa, e nestes anos todos eu só vi o Brasil ganhar duas vezes. Para os mais jovens, é estranho perder duas Copas seguidas - para mim não é novidade. Eu acho que alguns jogadores - não só de futebol, mas de vôlei, basquete, e qualquer esporte coletivo - não nasceram para vestir a camisa do Brasil. É questão de honra, de garra, de perseverança, de fé e de muita vontade de vencer.

Não sou fã do Kaká, mas achei legal quando ele falou que não sabe se disputa a próxima Copa, mas que isso não era por causa da derrota de hoje, porque ele gosta de jogar pela seleção. Acho emocionante ver o Julio César chorar em rede nacional minutos após perder um jogo. Para alguns aquilo lá é realmente algo que vale a pena. Mas para tantos, tantos que a torcida hoje ama, a seleção só serviu de trampolim para conseguir melhores salários em seus clubes.

Sou do tipo que não curte jogador marrento - sempre falei que Felipe Melo é hoje o que o Roberto Carlos foi ontem - e o único marrento que honrou seu egocentrismo foi Romário. Admiro gente que luta - como o Kaká fez hoje - , gente que se emociona quando faz um gol - como o Maicon em seu primeiro jogo - , gente que não se esconde na hora que a equipe precisa.

Admiro, especialmente, quem aprende que, na derrota ou na tristeza, a gente não pode fica de cabeça baixa. Tem 2014, 2018, 2022... tentar a gente vai continuar tentando. Uma hora ganhamos de novo.

Deus está nos detalhes. É uma camisa azul aqui, um Mick Jagger ali, um Felipe Melo acolá, uma cabeçada desatenta e ... putz... estamos indo de volta pra casa.

Que o vencedor dessa Copa ao menos honre a camisa que veste. Copa do Mundo não é só futebol, são países em campo. Eu jogo junto, eu perco junto, eu choro junto. Na vitória e na derrota. Sou brasileira com orgulho na alegria e na tristeza. E hoje estou triste.



Janaina Pereira

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