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terça-feira, junho 01, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 7: Longe de casa há mais de uma semana



Quem poderia imaginar que eu estaria morando em São Paulo e assistindo na cidade a Copa de 2002? Pois é. Mudei para Sampa em fevereiro de 2001 e depois de morar em pensionatos, estava mudando para um apartamento - que eu dividiria com outra publicitária - justamente durante a Copa do Japão e Coréia.

Era tudo novo: eu morando sozinha, a Copa sendo realizada na Ásia e em dois países simultaneamente. No primeiro jogo do Brasil, em uam segunda de manhã cedo, eu chegava de viagem do Rio e fui dormir, antes de ir para o trabalho, mas acordei com os gritos no prédio. O fuso horário impróprio para nós, brasileiros que adoramos Copa do Mundo para sair cedo do trabalho, foi uma das complicações daquela competição que se tornou atípica.

Eu trabalhava como redatora em uma agência de publicidade e tinha duas opções: ou ia para o a agência antes do jogo - que rolava por volta de 6 horas da manhã - e tomava café da manhã com o pessoal ou ia depois e pegava o trânsito bacana de Sampa. Eu não fazia nem uma coisa, nem outra. Saia ao final do primeiro tempo e chegava na agência no começo do segundo. Era perfeito.

Eu morava no Paraíso e trabalhava na Vila Olímpia; não pegava trânsito e podia ver metade do jogo em casa e a outra metade no trabalho. A internet já bombava então dava para acompanhar os demais jogos dos outros países com facilidade. As seleções já não eram mais as mesmas e os craques da minha adolescência começavam a se aposentar. Natural, eu já tinha 27 e a adolescência ficou num passado distante. Mas o Maldini ainda estava lá, com seus olhões azuis na seleção italiana.

Na Copa de 2002 já tinha aparecido um outro Ronaldo, o Ronaldinho Gaúcho, e o até então Ronaldinho virou apenas Ronaldo. Depois de uma série de contusões, Ronaldo era dado como certo... fora da seleção. Lembro perfeitamente das manchetes dos jornais afirmando que era o fim da carreira do jogador. Mas luiz Felipe Scolari, o Felipão, resolveu levar Ronaldo para a Copa.

Ronaldo era o melhor do mundo mas a sombra de 1998 o perseguia. Muita gente dizia que ele 'amarelou' na final e o jogador tinha que provar sempre sua competência. Felipão conseguiu dar um rumo para a seleção e a tal 'família Scolari' apareceu em campo. Mesmo achando o técnico um grosso, admito que ele conseguiu mexer com os brios da galera. E lá vamos nós para a terceira final consecutiva diante da Alemanha pós-Klismann e Mathaus. Aliás, a França, até então campeã do mundo, fora eliminada na primeira fase.

Ninguém merece final de Copa do Mundo no domingo às 7 horas da manhã. Mas acordei cedo e vi o jogo sentada no chão do saudoso apê do Paraíso. Nem tinhamos onde colocar a TV. Ronaldo brilhou como nunca e, admito, eu chorei. Chorei por mim e por ele, chorei porque o cara foi esculachado pela imprensa e desacreditado por muitos, mas alguém colocou fé nele e ele foi lá e mostrou seu valor.

Chorei porque o tempo cura tudo, o tempo cicatriza as feridas e o tempo é o melhor remédio para nossos males. Chorei porque eu estava onde nunca imaginei estar um dia, e Ronaldo estava onde sempre mereceu estar: no topo do mundo.

E se há um jogador da seleção brasileira que eu admiro e respeito é Ronaldo, simplesmente por não se abater quando todos queriam vê-lo derrotado. A final da Copa de 2002 é uma dos meus momentos esportivos preferidos. E Ronaldo é um dos caras que mais admiro nessa vida - e não me interessa o que ele faz fora de campo, dentro do gramado ele fez pela seleção naquela Copa o que muita gente tentou e não conseguiu.


Amanhã: Copa da Alemanha (2006) - O tempo não pára: meus jogadores preferidos viram técnicos.


Janaina Pereira

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