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segunda-feira, maio 31, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 6: O segundo colocado é o primeiro perdedor


E chegamos a Copa da França. O ano é 1998 e a seleção local tem um cara alto, charmoso e elegante chamado Zinedine Zidane apontado como um dos melhores do mundo e maior nome da equipe desde Platini. O Brasil, dirigido por Zagalo, leva Zico como auxiliar técnico. É aquilo: já que Zico nunca foi campeão dentro de campo, quem sabe fora dele?

Eu já trabalhava (consegui meu primeiro emprego semanas depois do final da Copa de 1994, mas precisamente em 1 de agosto de 1994, primeiro dia do real) e podia viver aquela agradável experiência de sair cedo para ver o jogo em casa. Via de perto a euforia do povo, corria para pegar o ônibus lotado a tempo de ver os jogos do Brasil, tudo em clima de euforia. Trabalhava como redatora de uma agência de publicidade no Centro do Rio e sempre chegava na hora em que a seleção começava a cantar o hino.

Mas o Brasil, como sempre, parecia não estar muito firme rumo ao penta - e que esse penta viesse logo, porque falar 'tetra' era complicado demais para um povo que diz 'pobrema'. Sob o comando da dupla Z - Zagalo e Zico - a seleção causou polêmica já em sua convocação. O técnico e seu auxiliar tinham um desafeto em comum: Romário.

O jogador, contundido às vesperas da Copa, diz que consegue se recuperar. A comissão técnica, no entanto, não assume a responsabilidade de levar o 'Peixe' machucado e joga Romário para escanteio. O Brasil - a seleção e o país - vai todo nas costas de Ronaldinho, o tal garoto da Copa de 1994 que o mundo apontava como 'o novo Pelé'.

Mesmo sem Romário - que voltou a jogar durante a Copa, mas no Brasil - e contando com alguns jogadores que foram campeões nos EUA, a seleção chegou à final (o que significou vários dias saindo cedo do trabalho pois as partidas eram no meio da tarde) diante da equipe da casa. No dia do grande e decisivo jogo, algumas horas antes do duelo, somos surpreendidos com a notícia que Ronaldinho passou mal, teve convulsão, não vai jogar, não está nem no banco. Era tanta informação desencontrada que a única coisa que nunca soubemos... foi a verdade.

Edmundo chegou a ser escalado mas voltou ao banco. Dizem que Ronaldinho entrou em campo. Eu realmente não vi. Apático, o jogador mal conseguia correr. A seleção foi na dele, e nem os gritos do capitão Dunga fizeram diferença. Resultado: a estrela do elegante e charmoso Zidane brilhou e ele conseguiu o que Platini não teve - um título inédito para a França.

Zidane é o Romário deles. Foi lá, viu e venceu. Platini virou uma espécie de Zico deles -muito bom, fora de série, talentoso... mas nunca foi campeão mundial. Aquela final, histórica pelo misterioso clima que tomou conta da seleção brasileira, dizem que foi comprada pela Nike para que a França vencesse.

Nunca achei que isso fosse verdade. Mas que a Copa da França foi muito mal contada... ah, isso foi sim. Quatro anos depois, porém, a vida pregava uma peça em mim e no Ronaldinho também e mostrava que o tempo é o melhor remédio para curar as feridas.


Amanhã: Copa do Japão (2002) - A volta por cima de Ronaldo.


Janaina Pereira

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