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sexta-feira, maio 28, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 5: Vai que é tua, Taffarel!


A Copa dos EUA, em 1994, começou pouco mais de um mês após a morte do único ídolo da minha vida, Ayrton Senna. Assim como a geração que hoje está na casa dos 30, eu cresci vendo a seleção de futebol afundar e o Ayrton brilhar na F-1. Sou filhote das corridas, adorava ele e fiquei arrasada com sua trágica morte. Para mim a Copa de 1994 simplesmente não existiu.

Eu estava À procura do meu primeiro emprego, ainda era apenas uma estudante, e a vida parecia um tédio. A Copa simplesmente pára o país e para mim, que queria trabalhar, era um atraso. Aos 19 anos tudo que eu queria era um emprego para dar um rumo na minha vida e, definitivamente, estava sem o menor espírito esportivo.

A Globo fez uma campanha absurda para depositar na seleção a responsabilidade de fazer o Brasil feliz depois da morte de Senna. Um cara chamado Romário, sedento para ser campeão mundial de futebol, assumiu a responsabilidade e não titubeou. A Copa dos EUA - existe lugar pior para fazer uma Copa? - é todinha dele.

Eu acompanhava minimamente o noticiário, via uma coisa aqui e ali, mas nada me empolgava. Sabia, por exemplo, que Raí - então considerado um dos melhores jogadores do Brasil graças a ascensão do São Paulo a melhor time nacional - perdera a braçadeira de campeão, no meio da Copa, para o Dunga - aquele mesmo que era símbolo da Era Lazaroni.

Eu sabia também das coreografias em homenagem aos filhos de Romário e Bebeto, a dupla de ataque, que nasciam no Brasil enquanto seus pais brilhavam na Copa. Sabia ainda que a seleção, considerada desde sempre dona dos melhores atacantes do mundo, revelava que, pela primeira vez, tínhamos um goleiro que chamava a atenção: o gaúcho Taffarel.

Eu sabia mais: que o bom mocinho Leonardo fora expulso ao dar uma cotovelada no nariz do jogador americano e assim ceder sua posição ao gordinho Branco, que acabaria se tornando um jogador importante na competição. Sabia que a seleção, que quase não se classificara nas eliminatórias - Romário foi convocado às pressas e garantiu o Brasil na Copa - estava ' de mal' com a imprensa e, para mostrar união, entrava de mãos dadas em campo. Sabia que um garoto chamado Ronaldinho, grande promessa do futebol tupiniquim, era apontado como 'o novo Pelé'.

E foi assim, numa Copa em que a seleção tinha uma nação tristonha e infeliz nas mãos,
que fomos tetra finalmente. Diante da Itália, a minha querida Azzurra, em uma suposta 'vingança' de 1982. Com direito ao "Hino da Vitória", canção que embalou por muitos anos as vitórias do Senna na F-1; ao Galvão Bueno (assumindo o posto de chato oficial) gritando "É treta!", aos jogadores de mãos dadas e ajoelhados no meio do campo rezando e chorando e ao Dunga levantando a taça, que fomos campeões depois de 24 anos.

Tudo muito sem graça se não fosse por Romário, o cara que foi lá, viu e venceu. E ao Dunga, claro, o cara que deu a volta por cima e mostrou seu valor. Papai ia adorar essa.


Na próxima segunda: Copa da França (1998) - O dia em que Ronaldinho não entrou em campo.


Janaina Pereira

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