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quinta-feira, maio 27, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 4: Em nome do pai



Entramos nos anos 1990 com uma Copa do Mundo na Itália. Tem lugar melhor que esse para uma Copa? Os italianos, claro, sonham em ser tetra antes do Brasil. A seleção brasileira não é muito convincente: Sebastião Lazaroni, técnico que despontou no Vasco do final dos anos 1980, é o responsável pelos nossos jogadores. Acusado de retranqueiro, lembro bem de Laza como garoto-propaganda da Fiat em um dos comerciais mais populares antes da Copa. Acho que ele foi escolhido o técnico da seleção canarinho por causa do sobrenome italiano, para fazer uma média por lá, porque em campo mesmo... que fiasco.

A Copa de 1990 foi a primeira sem meu pai. Ele morreu um ano antes, de derrame, e eu confesso que foi muito difícil ver os jogos sem ele. Papai odiaria aquele time do Lazaroni, mas iria torcer como sempre. Eu lembrava dele em cada jogo, em cada comentário que os locutores faziam, em cada vitória e, claro, na derrota para a Argentina. Papai diria que demos mole para a seleção de Maradona. Que podíamos perder para qualquer um, menos para os argetinos. Papai fez falta naquela Copa.

Mas a Copa da Itália tem outro fator marcante para mim. Além de de me apaixonar pela Azurra, colecionei pela primeira e única vez o álbum de figurinhas da Copa. Tudo porque eu queria as figurinhas dos jogadores italianos. Giannini era o meu favorito. E depois vinha o Paolo Maldini, o zagueiro do olhão azul. Affe. Muito gato. Aos 15 anos eu descobria que os homens mais lindos do mundo eram italianos. Bem, ainda são.

A Copa da Itália também revelou um tal de Dunga, volante, fiel escudeiro de Lazaroni e acusado pela imprensa de ser um dos responsáveis pelo pífio futebol que o Brasil apresentou naquela Copa. Eu simpatizava com o vascaíno Dunga, achava ele raçudo. Mas aquela seleção era vendida, posou tapando o símbolo da Pepsi - então patrocinador - porque não levou grana na bolada que a CBF embolsou com a publicidade. Esses bafões eram mais fortes do que o futebol. Com a maioria dos nossos jogadores morando na Europa, chegou-se a conclusão de que a seleção canarinho só queria saber de muito dinheiro no bolso. Ganhar a Copa? Deixa para a Alemanha, que eliminou a Itália na semifinal e despachou a Argentina na final.

Torci pelos alemães na final e me tornei fã de Lothar Mathaus e Jurger Klinsmann. Além de Beckembauer, campeão como jogador e como técnico. Alemanha foi tri com muito mérito. E eu comecei a acompanhar o campeonato de futebol italiano para ver os jogadores pós-Copa. Inclusive foi nessa época que virei torcedora da Inter de Milão - porque o Klinsmann jogava lá. Papai deve ter ficado feliz, onde quer que estivesse naqueles dias... ele deixou o futebol como minha maior herança.


Amanhã: Copa dos EUA (1994) - É tetra ou é treta?



Janaina Pereira

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