<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, maio 25, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 2: Arrivederci, Brasile



Em 1982, do alto de meus 7 anos, pude presenciar a Copa mais ganha de todas. O Brasil de Zico, Júnior, Sócrates e Falcão era favoritíssimo e a taça era nossa. Bem, isso antes da Copa da Espanha começar, claro.

Lembro que meu pai - sempre ele - estava eufórico. Chegava mais cedo do trabalho para ver os jogos, gritava a cada gol, era uma festa. Minha rua, no bairro do subúrbio carioca de Piedade, concorreu a rua mais bonita do Rio, então estava toda enfeitada. Tinha bandeira do Brasil para todos os lados, e eu tinha uma pequenininha, que ficava agitando no portão a cada jogo.

Eu estava na segunda série do colégio e já sabia cantar o hino nacional. Adorava. Mamãe sempre preparava comidas especiais em dias de jogo, e a cada vitória as ruas do Rio se enchiam de alegria e emoção. O tetra é nosso, ninguém tasca.

Lembro de todos os acontecimentos que envolviam a Copa da Espanha... mas dos jogos, só lembro de um. O fatídico Brasil x Itália, nas quartas-de-final, nunca saiu da minha memória. Foi ali que vi, pela primeira vez, meu pai chorar copiosamente. Vi as pessoas cabisbaixas nas ruas, as cornetas sendo jogadas no lixo, um sentimento de tristeza sem fim. Foi naquela Copa que percebi o quanto era importante para os brasileiros a tal de seleção de futebol.

Meu primo Vinícius, flamenguista roxo, era só desolamento porque o Zico não fora campeão. O Flamengo ganhou o título mundial de clubes um ano antes... aí já viu... os flamenguistas estavam se achando. Mas hoje sinto pena do Zico, Júnior, e cia. Eles mereciam demais aquela Copa. Grande seleção.

Lembro bem do personagem do Jô Soares, o Zé da Galera, com o bordão "Bota ponta, Telê!". Lembro do Laranjito, o símbolo da Copa, e do Pacheco, nosso torcedor oficial. Lembro do Paolo Rossi marcando três gols e mandando a gente para casa mais cedo. Lembro que ali eu aprendi que perder era terrivelmente difícil.

A Copa de 1982 é, disparada, a mais marcante da minha vida. Pelos jogadores brilhantes que nunca foram campeões, por um país que tentava sair da ditadura e se agarrava ali na esperança de dias melhores, por uma nação que acreditava no futebol como único motivo de alegria.

Só posso dizer uma coisa: ser campeão moral é uma merda.


Amanhã: Copa do México (1986) - A geração que nasceu para não ser campeã se despede.



Janaina Pereira

Comentários Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?