<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, maio 24, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 1: Quase que me chamo Rivelino


Adoro Copa do Mundo. Não vejo a hora de começar a da África, no próximo dia 11. Gosto de futebol, gosto de torcer, gosto desse verde e amarelo brega nas ruas, gosto de acreditar que somos bons em alguma coisa. Todas as Copas que eu participei como torcedora, desde que nasci, foram marcantes de alguma forma. Espero mesmo que o Brasil ganhe na África, porque não sou de torcer contra. Ate lá vou relembrar as minhas Copas do Mundo e o que essa competição representa na minha vida.

Minha primeira Copa foi no ventre da minha mãe: em 1974, Brasil já tricampeão, papai gritava a cada gol da seleção canarinho e falava que eu tinha que nascer. Tudo isso porque os médicos diziam que eu deveria nascer no final de julho - mas eu não estava a fim e, numa atitude meio baiana, só nasci em 14 de agosto.

Ainda bem. Era capaz do meu pai, de quem herdei o amor pelo futebol, querer me batizar de Jairzinho, Rivelino ou Gérson. Não duvido nada. Na época não tinha ultrassonografia, ninguém sabia que eu era menina, e embora papai quisesse uma filha, nessa hora ele torcia para que eu fosse um menino.

Mamãe conta que papai queria muito que eu nascesse durante a Copa de 74, mas ela torcia para eu esperar um pouco mais, pois nascer em época de Copa não é legal. O país pára, os médicos nem querem saberde colocar pirralhos no mundo. Ouvi as preces da mamãe e fiquei no ventre um tempinho a mais. Era o local mais seguro naquele momento. E nascer sem ser percebida não dá, né?

O Brasil nem foi campeão naquele ano mas foi em 1974 que surgiu a tal Laranja Mecânica, a lendária seleção holandesa que encantou o mundo e não levou nada para casa. O título foi da Alemanha (então Ocidental) de Beckembauer.

Quatro anos depois, eu já era uma criança fofa quando veio minha segunda Copa - a primeira de verdade, afinal, a de 1974 eu resolvi não participar como recém-nascida. aí surge um fato peculiar. É engraçado que lembro da primeira vez que fui ao cinema - janeiro de 1978 - mas não lembro nada da Copa do Mundo daquele ano, que rolou na Argentina. Não tenho qualquer memória afetiva do evento. Em compensação, a Copa da Espanha, em 1982, marcou a minha vida. É a minha primeira Copa de fato e de direito. E a primeira vez que eu percebi que, na vida, perder é doloroso demais.


Amanhã: Copa da Espanha (1982) - A melhor seleção do mundo não leva a taça.



Janaina Pereira

Comentários Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?