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segunda-feira, março 08, 2010

Batom no Oscar



O Oscar nunca mais será o mesmo a partir de hoje. Assim como a vitória de atores negros foi importante para abrir o caminhos – alguém comentou que a melhor coadjuvante Mo´Nique é negra? Ela virou apenas ‘atriz’ e não representante de uma classe distinta graças ao prêmios recentes de Denzel Washington, Halle Berry e Forest Whitaker – o fato de uma mulher ganhar o prêmio de direção e filme muda o foco do até então eterno Clube do Bolinha que é a Academia de Hollywood.

Kathryn Bigelow, ex-mulher do todo poderoso James Cameron, diretor da maior bilheteria da história do cinema, fez poucos filmes e preciso de apoio da França, e não de seu País natal para fazer Guerra ao Terror, o filme que ganhou o Oscar 2010.

Kathryn é a primeira mulher a vencer na categoria de diretor em 82 anos de Oscar. Ela foi apenas a quarta indicada, e recebeu a estatueta dourada das mãos da sempre injustiçada pela Academia Barbra Streisand.

Sabendo a importância do prêmio, Barbra disse antes de divulgar o vencedor. “É chegada a hora.” Talvez as mulheres do mundo – jornalistas, críticas de cinema e cinéfilas, tão jogadas para escanteio no universo masculino que é o cinema – ainda não tenham se dado conta da importância da premiação de Bigelow. Mas o fato é que ela fez história e mostrou que mulher não precisa fazer ‘filme mulherzinha’ para ser diretora.

Em entrevista recente à Reuters, Bigelow disse ‘não vou mudar minhas ideias nem meu sexo para fazer filmes’, mostrando assim a personalidade forte de alguém que foi sim fazer um filme de guerra, tema tão masculino.

No Dia Internacional da Mulher, data totalmente dispensável e que só reforça o preconceito contra nós – existe Dia Internacional do Homem, por acaso? – Kathryn Bigelow, ao lado da ressurgida das cinzas Sandra Bullock, de Mo´Nique, e do filme Preciosa – grande surpresa com o prêmio de roteiro adaptado – são as melhores coisas do Oscar 2010.

E, claro, O Segredo dos Seus Olhos, filme que tive o prazer de ver no Festival do Rio 2009 muito antes de virar mania nacional. Filme, aliás, dirigido por um grande homem chamado Juan José Campanella.

Hoje estou mais feliz por ser uma jornalista que pode ver o cinema – área em que trabalho com tanta satisfação – com os olhos de uma mulher que não precisa mudar de sexo para gostar de ‘filmes que homens gostam’.

Obrigada, Kathryn Bigelow. Você é o cara.

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