<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

A estranha sem ninho



Hoje sim faz nove anos que vim morar em São Paulo. Mas este dia nunca teve valor para mim. Sempre penso que foi em 4 de fevereiro de 2001 que eu deixei o Rio. Sair do Rio é muito mais forte do que morar em São Paulo.

Entre os poucos motivos que me mantém em Sampa está, é claro, o trabalho. Aliás, de fato é o único motivo. Eu sinto muito pelos meus amigos, mas eu também tenho amigos no Rio e pelo mundo e as amizades continuam. Não da mesma forma que antes, mas continuam.

Procuro não me prender as pessoas. É um erro, eu sei, mas prefiro ser assim. Bem George Clooney em Amor sem Escalas. As pessoas vem e vão na minha vida e isso faz parte. Algumas se tornam importantíssimas, mas poucas permanecem. Tenho até muitos amigos, pessoas em quem confio, mas se eu precisar ir embora amanhã, não vou sofrer. Não é que não goste deles, mas eu sei deixar tudo para trás e seguir em frente.

Eu já sofri muito por perdas e partidas. Já me apeguei demais e não conseguia imaginar como seria minha vida sem determinadas pessoas. Agora eu sei que a vida continua e eu não sou importante para ninguém. O dia vai nascer, o sol vai se pôr, tudo vai continuar mesmo se eu não estiver aqui.

A pessoa que mais sente minha falta é a minha mãe, isso eu não posso negar. Eu me assusto com o amor incondicional que ela tem. Não sei se estou preparada para isso, para amar alguém assim. Claro que alguns amigos sentem falta da minha companhia ou das besteiras que falo. É perceptível no abraço que recebo quando volto (a São Paulo ou ao Rio) depois de um período ausente.

É pelo abraço que eu sei quem realmente pensou em mim. Como no dia em que reencontrei o Léo, que me abraçou com tanto carinho que, confesso, fiquei comovida. Às vezes preciso sentir e não apenas ouvir (ou ler) o quanto alguém sentiu saudades.

São Paulo me traz coisas boas mas me causa muita angústia também. Sinto tristeza por estar aqui, mas há momentos em que sou feliz. Eu não sei quanto tempo me resta, mas eu gostaria de colocar um ponto final nessa história.

Preciso de intensidade. E aqui estou me sentido muito preguiçosa com a vida. Não gosto de ser assim. Quero mais, quero o melhor, quero deixar de pensar que só o outro consegue e eu estou estacionada neste mundo que não me pertence.

Eu não sou daqui e nunca serei. Odeio ser uma estranha sem ninho. Quero meu lugar no mundo e tenho certeza que ele não é em São Paulo.


Janaina Pereira

Comentários Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?