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quarta-feira, dezembro 02, 2009

As rugas de Michelle


Assisti hoje ao filme Chéri, de Stephen Frears, que chega às telas ano que vem. O longa traz uma das mais belas atrizes americanas, Michelle Pfeiffer, como protagonista. Faz tempo que não via Michelle. Ela está lá, magérrima, loiríssima e com as rugas de uma mulher de 51 anos. E vou falar sobre as rugas de Michelle, não sobre o filme.

Tá, a história sobre a mulher mais velha que se apaixona pelo homem mais novo é batida. Mas o filme consegue mostrar a crueldade do envelhecimento. E é fato: envelhecer não é nada fácil.

Para o homem é muito tranquilo. Tanto faz se eles têm cabelos brancos, são carecas e barrigudos... a velhice masculina é charmosa. Sean Connery. Robert Redford, Paul Newman, Clint Eastwood... a lista de coroas que encantam é gigante. Paula Newman, particularmente, morreu com 82 anos e o charme de sempre. E as mulheres?

As atrizes sempre reclamam que não existem papéis para quem passa dos 40. Deve ser por isso que Nicole Kidman é puro botox. Mas algumas - poucas - assumem as rugas. Nesse seleto grupo está Meryl Streep - hoje uam atriz respeitada, mas que quando mais jovem era ums espécie de 'Regina Duarte hollywoodiana', bastante discriminada pela mídia de lá.

Outra que colocou as rugas na tela é a sexy simbol Kim Basinger. Também cinquentona, Kim aparece com as rugas que a idade lhe deu em The Burning Plain (que eu vi no Festival do Rio, ainda não está em circuito). Está velha mas continua bonitona. O filme de Guillermo Arriaga ainda tem Charlize Theron e seus 30 poucos anos distribuidos em seios caidos e os primeiros sinais de rugas em seu belo rosto. E ela continua linda.

Por que é tão complicado para uma mulher envelhecer? O cabelo branco tem que ser pintado, o corpo tem que permanecer durinho - e aí são horas de malhação - e as tais rugas não podem aparecer - lá vem botox, plástica e milhares de cremes. A velhice feminina, na minha modesta opinião, tem mais a ver com que o que a mulher deixa de ser do que com o que ela aparenta ser.

Com a idade, a mulher deixa de ser fértil. O homem não, ele é macho para toda a vida. Enquanto ele puder ser pai e a pílula azul fizer efeito, lá estão os homens se achando. Para o homem não importa a aparência, só importa que seu órgão sexual funcione. Já a mulher, quando entra na menopausa, vira um mero objeto de decoração.

Homens com mais de 40 jamais se envolvem com mulheres de sua idade. E os que estão na faixa dos 30 também. Todos querem as mocinhas de 20 e poucos, aparentemente mais interessantes. Já intelectualmente, elas sempre ficam devendo, afinal, não possuem experiência de vida. Mas mulheres não precisa pensar. Se estiver em forma e for minimamente gatinha, já está valendo.

Um ex-namorado meu, que é médico, certa vez me falou que o auge da sexualidade masculina é dos 20 aos 25 anos. No caso das mulheres, dos 35 aos 40 anos. Segundo ele, o casal ideal é a mulher de 40 com o cara de 25. Sexualmente perfeito, mas sabemos que, na realidade, é quase improvável que isso aconteça.

As rugas de Michelle Pfeiffer me fizeram pensar como é cruel envelhecer - e Chéri capta isso muito bem. Michelle é perfeita para o papel. Em nosso mundo machista é assim que funciona: não adianta tanta beleza, tanta magreza, tanta sensualidade se no final das contas o cara mais novo vai embora sem olhar para trás.

Que Deus permita que minhas rugas sejam breves e minha vida não seja longa.



Janaina Pereira

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