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sexta-feira, outubro 16, 2009

Viajo porque te amo, volto porque preciso



Um dos melhores títulos de filme foi o nacional Viajo porque preciso, volto porque te amo . Contado de forma singular, do ponto de vista do narrador, que é o protagonista que só ouvimos a voz, e não vemos o rosto, o filme explica, lá pelo meio, o porquê do título.

No meu caso, a situação é ao contrário. Eu viajo porque amo e volto porque preciso. Tá na cara que eu amo o Rio. E quando me perguntam se gosto de São Paulo a resposta é a mesma: 'me acostumei'. Não desgosto de Sampa, pelo contrário. A cidade tem mil defeitos, mas é um lugar de oportunidades. Apesar de tudo, São Paulo nunca desistiu de mim, sempre me deu chance de trabalhar e crescer profissionalmente. Isso é o que importa, não vou viver de brisa.

Outro dia, almoçando com um amigo carioca, ele perguntou como era minha vida em São Paulo. Respondi que os dois primeiros anos foram muito difíceis. E que ainda é complicado. Vejam bem, se passaram quase nove anos e o meu discurso é o mesmo. São Paulo ainda me causa enjoo às vezes. Tanta picuinha, tanta disputa, tanta ganância... isso não é para mim. Estou lá para trabalhar e fim de papo.

E onde o Rio fica nisso tudo? Hoje eu nem sinto saudades da família e dos amigos... as pessoas estarão sempre lá, a gente se fala ou se vê de alguma forma. Eu sinto falta da cidade. Da praia, dos dias de sol, dos lugares que amo. Das minhas referências de vida. Não tenho referências em SP. Lá eu sou mais uma na multidão, sozinha, perdida, sempre correndo. Não tenho tempo para nada, vivo cansada, apenas sobrevivo.

Ai vem a turma do 'volta para o Rio'. Ok, para fazer o que? Ficar dsempregada como sempre fiquei aqui? Não há mercado de trabalho e, desculpem, eu não me acostumo mais a trabalhar no Rio. As coisas não funcionam. É tudo muito lindo, mas... eu não vou viver na praia e no cinema. Há mais coisas em jogo, minha carreira, por exemplo. Eu não estou nesta vida a passeio. Eu já passei dos 30, não existem ilusões: é jogar o jogo e vencer.

Ficar uma temporada no Rio como fiquei agora é um sonho. E sim, aqui eu sou realmente feliz. Mas, ultimamente, ser feliz não tem sido importante. As portas que se abrem e as oportunidades que surgem não são aqui. Só quem sai do umbigo carioca para o mundo sabe o que estou dizendo. Há pessoas que valorizam a felicidade e outras que valorizam a realização de alguns objetivos de vida. Eu valorizo ser útil e para mim trabalhar é de muita utilidade.

Viajo para o Rio porque amo minha cidade. Volto para São Paulo porque preciso trabalhar. A vida, definitivamente, não é como a gente quer. Se Deus perguntasse 'e aí, quer nascer paulsita rica?', responderia 'não, quero ser carioca de novo, desde que você me dê a chance de morar em São Paulo outra vez'.

Sempre serei dividida, sem identidade, com sotaque para uns, sem sotaque para outros. Mas eu sou assim e não me sinto mal por isso. E, pensando bem, o título do filme pode fazer sentido sim.

Viajo para São Paulo porque preciso, volto para o Rio porque te amo. Porque eu sempre volto. Eu vou, mas eu sempre volto.


Janaina Pereira

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