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sexta-feira, agosto 28, 2009

Don't leave me dry


Ontem vi Quanto dura o amor?, filme do Roberto Moreira que chegará logo, logo aos cinemas brasileiros (aguardem as críticas oficiais). Gostei muito do filme, mas ele me deixou triste. A história gira em torno de três pessoas que tentam sobreviver em São Paulo. Preciso dizer mais alguma coisa?

Bem, o amor não dura muito, isso a gente já sabe. Pode durar um cigarro ou uma sessão de cinema. Talvez nem chega ao final do filme. Na trama, o amor também não dura. E o que mais cortou meu coração foi ver que a solidão avassaladora de São Paulo não tem cura mesmo.

Dizer que me identifiquei com o filme vai gerar piadinhas. Há uma lésbica, uma transexual e um escritor apaixonado por uma puta. Quem sou eu na história, né? Na verdade são pessoas que, por mais bem-sucedidas que sejam em seus sonhos profissionais, no amor elas não conseguem o que realmente desejam. Por que não se pode ter tudo na vida? Sei lá. Mas o amor, para elas, dura muito pouco. Quase nada.

Quando o filme acabou eu queria ficar sentada naquela simpática sacada do Belas Artes olhando o prédio em que ele foi filmado. Eu já estive naquele prédio, procurando apartamento para morar, claro. Nem me perguntem onde eu ainda não estive em São Paulo. Fui à USP depois com a abertura do filme na cabeça. E a música - tinha que ser High and Dry, do Radiohead - é trilha sonora da minha vida faz tempo.

À noite, conversando com a Mari Laviaguerre, chegamos a conclusão que só quem é de fora sabe como é tortuoso viver em São Paulo. E tanto faz se são dois anos ou oito, dá no mesmo. No final das contas nunca será a sua casa, nunca serão suas referências. E mesmo que hoje eu sinta saudades, ainda há algo incômodo, uma tristeza, uma barreira que parece não cair jamais.

O roteiro do meu filme começa naquela mesma estrada do Roberto Moreira, com a mesma música, com a mesma lágrima - e o Cristo Redentor ao fundo. Quantas vezes eu deixei o Rio chorando? Quantas vezes eu atravessei a Avenida Paulista aos prantos? Ontem não foi a última vez.

No meu caso, o amor não dura um cigarro porque eu não fumo. Talvez dure um chopp. Uma cerveja. Uma caipirinha. Não sei, mas deve durar alguma bebida alcóolica. Só sei que visualizei minhas malas prontas para voltar. Porque partir sempre parece a melhor saída para quem não suporta mais ficar.

Don't leave me high.
Don't leave me dry.



Janaina Pereira

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