<$BlogRSDUrl$>

domingo, agosto 23, 2009

Coisas que eu sei


Quando eu cheguei em São Paulo, em 2001, a maior dificuldade - além dos dias de sol insuportáveis longe da praia - era estar longe dos meus amigos. Aqui, parecia que as pessoas me odiavam pelo simples fato de falar diferente deles. Era horrível. como foi difícil ser aceita pelo que sou, e não pelo que queriam que eu fosse.

O tempo, no entanto, foi favorável a mim. Por mais que alguém me magoasse, vinha outro alguém para me estender a mão. E assim a vida seguiu, cheia de percalços, mas eu não sou do tipo que desiste facilmente.

De todas as dificuldades que passo aqui, a mais dolorosa é não me sentir aceita. É saber que meu jeito de ser, de falar e de me vestir faz com que as pessoas me julguem. Eu sempre fui muito julgada a vida inteira, mas aqui em São Paulo isso tomou proporções imensas. Ai entram os estereótipos: carioca é puta e não gosta de trabalhar. Então tá.

Um dia surgiu no meu caminho um cara chamado David. Como ele também não é daqui, tivemos uma identificação fora do comum. Nossas vidas penosas, nossos corações partidos, o preconceito que nos cerca. Quanta pizza e quanto papo. David é meu primeiro amigo em São Paulo, e uma das pessoas que eu mais amo nessa vida. A Jana não existe sem o David. Somos como Will & Grace.

Foi com o David que eu fui ontem para a primeira comemoração paulistana do meu aniversário. Até o ano passado fazíamos pequenas reuniões em casa, boteco com a galera da faculdade, nada muito grandioso. Dessa vez, achei que estava na hora de reunir todo mundo. Para os outros, foi uma noite como outra qualquer, mas para mim teve um significado especial.

Aos poucos, em uma mesa de bar, estava sendo reconstituída a história da minha vida. Desde o Léo, meu primeiro amigo das cabines e uma das pessoas mais leais que conheço, até o Douglas, meu amigo mineiro que, como eu, aprendeu a entender a língua espanhola bem antes do dialeto paulistano.

Pela mesa passaram minha querida Mari, companheira de sorrisos e lágrimas; os queridíssimos Karina e Fabinho, todos colegas de faculdade; Gi, amiga das horas mais difíceis e dos momentos mais felizes; Kelly, amiga querida desde os áureos tempos publicitários; Ravi, Bruninho, Edu e Alex, os meus meninos das cabines; e, claro, os já citados David, Léo (com sua irmã fofa, a Vanessa) e Douglas. E ainda um reencontro inesperado com o Junior, a única pessoa no universo que me chama de Jana Banana, depois de muitos anos sem vê-lo.

Cada um faz parte de um pedaço da história da minha vida em São Paulo. História que, no capítulo de ontem, começou com capirinha e coxinha no Brasamora e terminou em uma balada roqueira na Augusta.

Coisas que só acontecem em SP. Coisas que guardo na memória e no meu coração.


Janaina Pereira

Comentários Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?