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sábado, julho 11, 2009

O Rei


Enquanto eu estou trabalhando, minha mãe está lá no Maracanã no show de Roberto Carlos. Mamãe sempre foi muito fã dele - ela vai chorar no show, tenho certeza. Por conta desse amor ao Rei, desde pequena eu ouço as canções que ele fez para nós. Sim, porque é impossível não se identificar com uma música de RC.

Eu adoro o Rei. Adoro aqueles trocadilhos infames, as canções cheias de duplo sentido, o lado religioso, a amizade com Erasmo e Wanderléa, o jeito simples e sereno que ele tem. Roberto Carlos é mara! Tudo bem que hoje ele não faz mais canções como antigamente, mas ele sempre será o Rei.

Quando fui a Cachoeiro de Itapemirim para o casamento da minha amiga Priscila, em 1999, conheci a casa em que RC nasceu e cresceu. Você olha aquele lugar simples e não imagina que Roberto saiu de lá para conquistar o Brasil inteiro. Cercado de fé - e numa vida com alguns momentos trágicos - ele soube, ao lado de Erasmo, transmitir paixão em suas músicas aparantemente simplórias, mas que atingem em cheio o povão.

Roberto não tem o lado intelectual e poético de Chico Buarque - o preferido das mulheres burguesas. Roberto é periferia, é subúrbio, é cerveja no boteco da esquina, é cantor que se ouve em motel. Discriminado pela imprensa por não ser politizado como Chico, Caetano e Gil (embora seja dele uma das mais incríveis canções da época da ditadura, a irreverente Ilegal, Imoral ou Engorda), nunca precisou de jornalista bajulando para ser querido. O povo o escolheu. E já diz o ditado: a voz do povo é a voz de Deus.

Deus, que ele canta em suas canções cheias de fé (a única vez que o vi cantar ao vivo foi quando o Papa João Paulo II veio ao Rio e rezou uma missa no Aterro do Flamengo, e lá fui eu com minha mãe. RC cantou Jesus Cristo e - confesso! - eu chorei. O cara sabe como mexer com a multidão).

De todas as suas músicas, sempre românticas e melosas, minha preferida é As canções que você fez para mim (a que me faz derramar baldes de lágrimas).

Hoje eu ouço as canções
que você fez pra mim
Não sei porque razão tudo mudou assim
Ficaram as canções
E você não ficou
Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou
Tanta coisa que entre nós dois ficou
Eu acho que você
já nem se lembra mais
É tão difícil olhar o mundo e ver
o que ainda existe
Pois sem você meu mundo é diferente
Minha alegria é triste
Quantas vezes você disse
que me amava tanto
Quantas vezes eu enxuguei o teu pranto
E agora eu choro só
sem ter você aqui



Ah, fala sério. É lindo demais. Uma verdadeira canção de fossa, de coração partido, a melhor música de fora de todos os tempos. Adoro. Esse negócio de dizer 'minha alegria é triste', ah... acaba comigo.

Adoro o Rei, adoro esse lado povo que tenho em mim, essa coisa de não ter vergonha de dizer que o amor é brega, é burro, é surdo e faz trocadinhos infames. E, como diz RC, que tudo mais vá para o inferno.



Janaina Pereira

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