<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, julho 28, 2009

Garotas cariocas


A polêmica mais recente sobre o Rio é aquele guia de turismo da cidade, publicado em inglês, que classifica a mulher carioca como 'máquina de sexo'. Bem, vamos por partes. Primeiro, essa definição não me surpreende. Desde que sai do Rio tenho que conviver com aquele sorrisinho malicioso dos homens quando abro a boca para falar. É o sotaque. Alguns fazem aquele olhar indefectível de 'ah, essa é facinha'. Faz tempo que percebi que carioca é sinônimo de puta.

Mas eu não sou puta, e se fosse, ninguém tem nada a ver com isso. O corpo é meu e faço dele o que eu quiser. Mas não sou. E não sou fácil, pelo contrário, sou difícil pra caramba. E mulher carioca não é puta. Claro que tem as prostitutas ali da Vila Mimosa, da Glória, da Lapa, de Copacabana, assim como a Rua Agusta tem as suas também. Puta tem em qualquer lugar. E elas estão lá e merecem ser respeitadas. Mas dizer que toda carioca é popozuda - que termo bizzarro - e máquina de sexo, como se o turista fosse chegar ao Rio e pegar a primeira mulher que cruzar com ele no aeroporto - coitada das aeromoças! - é um pouco demais.

A fama de despudorada da carioca está relacionada com a cidade em si. O Rio é quente, faz 40 graus no verão, a gente anda de short, camiseta e chinelo. Usar pouca roupa lá não assusta ninguém. Não é escandaloso ir trabalhar de vestido ou saia - como em São Paulo tantas vezes é. No Rio a mulherada usa decote, saia curta, sandália, e está elegante. Não somos fake. Sinto muito se no Sul é frio e se em SP é preciso usar terninho.

O fato de uma mulher usar decote, minissaia ou roupa justa não significa que ela é vagabunda. Nem no Rio nem em lugar nenhum. Outro dia, fazendo reportagem em um Congressso, a palestrante disse que mulher que usa vestido curto vermelho pode ser confundida com prostituta, mas se o vestido for preto, ela estará elegante. Ah, tá. Vermelho é a cor da prostituição. Era só o que faltava.

A onda de bundas expostas na TV - e do silicone, nova mania nacional - também ajuda neste preconceito. Só porque uma dúzia usa o corpo para se divulgar e ganhar dinheiro -numa nova forma de prostituição, a virtual e midiática - não significa que toda mulher que usa short é piranha. Então eu vou à praia vestida ou não vou mais porque tem uma seleção de 'mulheres frutas' se exibindo por aí? Francamente. Cada um no seu quadrado!

Se a carioca gosta mais de sexo do que a paulista ou a mineira, talvez seja porque ela é mais bem-resolvida no assunto, mas as pessoas são diferentes e não se pode afirmar que todas são assim. Não gosto de funk, nunca usei calça da Gang, não desfilo no Carnaval, mas amo praia e rock - e já me falaram que carioca não gosta de rock. Puro preconceito.

A mulher carioca tem o que toda mulher nascida em região praiana tem: colorido. O Rio, por si só, é cheio de cores. E, como bem disse minha amiga carioca Cris, a carioca tem cheiro de filtro solar, hidratante, salada de fruta e suco. O jeito é outro, o cheiro, o olhar, a forma de andar, de falar, de sorrir. Carioca é diferente já pelo tom da pele - em São Paulo eu sou neguinha, e fico muito feliz por isso, adoro a cor da minha pele.

Cariocas são diferentes. Assim como a baiana é diferente - e minha querida amiga Diana, de Salvador, com sua risada única, não me deixa mentir. As gaúchas também são diferentes - e minha comadre Ana Paula, de Porto Alegre, com sua pele branquinha, que fica rosada ao sorrir, não me deixa mentir. As mineiras também são diferentes - e minha querida amiga Djenane, de Belo Horizonte, com seu jeitinho manso de falar, não me deixa mentir. Das paulistas nem falo. Conheço desde as mais alternativas, como a Sueli, às mais elegantes, como a Bárbara. Cada lugar tem suas particularidades e quem nasce ali incorpora alguma coisa.

Graças a Deus eu tenho o melhor que o Rio pode oferecer: a cor, o brilho, o bronzeado, o olhar de quem vê no mar uma fonte eterna de inspiração. Se para algumas pessoas a mulher carioca é sinônimo de vulgaridade e prostituição, eu só tenho a lamentar. Estas pessoas perdem a oportunidade de conhecer as verdadeiras garotas cariocas, meninas e mulheres guerreiras que tem mais que uma bunda grande para exibir por aí.

E, como diria a paulistana Rita Lee - nem toda brasileira é bunda!

Aproveito e posto a música, da Rita e da Zélia Duncan, cujo título é uma homenagem a Patrícia Galvão, uma mulher extraordinária que viveu numa época em que a mulher era valorizada pelo seu conhecimento, e não pelo tamanho das suas nádegas.


Pagu


Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão

Eu sou pau prá toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira
Nem sou puta...

Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Eu sou mais macho
Que muito homem...

Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hi! Hi!
Fama de porra louca
Tudo bem!
Minha mãe
É Maria Ninguém

Não sou atriz
Modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Eu sou mais macho
Que muito homem...

Nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...



Janaina Pereira

Comentários
Tipo assim...alguém esqueceu de avisar as mulheres paraenses que, assim como as cariocas, elas pode sim se vestirem descentemente no calor.

Minha irmã diz que não é possível ser chique e ter pele boa num calor de 40º, mesmo sob uma arvore frondosa...hahaha

Bjos
 
"Não gosto de funk, nunca usei calça da Gang, não desfilo no Carnaval, mas amo praia e rock - e já me falaram que carioca não gosta de rock" Tudo de bom!!!! pois além de vc ser inteligente, deve ser gatinha, e nao uma "BUNDA" falante, que só sabe remexer os "QUADRIS" em passos RIDICULOS de funk.Continue assim, unindo beleza e bom gosto.
 
Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?