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terça-feira, junho 23, 2009

O jornalismo é a fonte


Russel Crowe tem pelo menos quatro papéis marcantes no cinema – o policial de Los Angeles, Cidade Proibida, o executivo com dor na consciência em O informante, o mocinho de Gladiador e o cientista de Uma mente brilhante. Os últimos trabalhos do ator, no entanto, deixam a desejar. Muitos quilos acima do peso, ele volta em Intrigas de Estado (State of Play), de Kevin McDonald (do ótimo O último rei da Escócia) – estreia de ontem nos cinemas -, um misto de suspense e ação que coloca mais uma vez os bastidores do jornalismo e da política em xeque.

O filme é baseado em uma série de televisão britânica de mesmo nome, exibida pela BBC de Londres, que obteve relativo sucesso. O ponto de partida da trama é o assassinato de Sonia Baker, assistente de Stephen Collins (Ben Affleck), que investigava para ele o processo de “privatização” das forças armadas dos Estados Unidos. Collins tem um amigo de faculdade, o repórter do The Globe, Cal McAffrey (Crowe) e é ele quem conduz toda a narrativa.

Cal é o tipo de repórter que qualquer redação do mundo gostaria de ter: conhece as pessoas certas, tem faro investigativo apurado, é corajoso, defende e acredita na matéria. Ao lado dele está a inexperiente (e blogueira, diga-se de passagem) repórter Della Frye (Rachel McAdams), responsável pela parte online do jornal que fica conectada aos acontecimentos no Capitólio. No comando da trupe de repórteres está a editora, Cameron (Helen Mirren) – durona, sem papas na língua e determinada como todo editor deve ser – e é, pelo menos no cinema.

O filme mostra algumas ‘verdades’ das redações atuais: o impresso versus o on-line; os jornalistas veteranos esbarrando na pressa da nova geração; a apuração correndo contra o tempo; a matéria sendo derrubada porque os donos do jornal não querem problemas com notícias polêmicas; e algumas questões que norteiam o jornalismo atual – ainda existe ética? Qual o preço que o repórter paga pela proteção das fontes? O jornal impresso vai sobreviver ao mundo virtual?

Tudo isso faz de Intrigas de Estado uma razoável produção sobre jornalismo, nada comparada a clássicos como Todos os Homens do Presidente, Boa noite, boa sorte e o já citado O informante – todos baseados em fatos reais – ou mesmo os ficcionais Síndrome da China, A montanha dos sete abutres e Herói por Acidente.

Apesar de longo – são mais de duas horas de projeção – o filme tem bom ritmo, intercala cenas de ação com diálogos consistentes, e consegue entreter, embora tenha um final previsível. Grande parte da boa performance de Intrigas de Estado se deve a Russel Crowe – que segura a produção com seu habitual talento, mesmo sem ter um grande papel nas mãos – e pela história em si – o jornalismo e a política sempre renderam bons roteiros ao cinema. Não é brilhante, mas funciona.


Janaina Pereira

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