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quinta-feira, junho 11, 2009

Mais um casal suspeito


Quando Julia Roberts conhece Clive Owen na primeira cena de Duplicidade (Duplicity), achei tudo muito parecido com Sr & Sra Smith (2005) – aquele filme em que Brad Pitt se encantou por Angelina Jolie. Minha suspeita se confirmou nas cenas seguintes. O novo filme de Tony Gilroy (Conduta de Risco) é mesmo uma versão ‘cabeça’ daquele que lançou o casal Brangelina – sem pancadaria e com muito mais cérebro – e ainda um trampolim para Julia & Clive repetirem a boa dobradinha de Closer (2004).

Vamos as semelhanças com o filme de Doug Liman. Casal bonito (embora Julia e Owen não tenham a beleza devastadora de Brad e Angelina), com profissões misteriosas que envolvem espionagem e uma trama em que eles são apaixonados, mas se colocam em lados opostos. Dessa vez, porém, a história é sobre espionagem industrial e conta com dois coadjuvantes de peso: Paul Giamati e Tom Wilkinson.

Enquanto Julia é a enigmática Claire, Owen vive Ray, igualmente obscuro. Depois de uma noite de amor – em que ela rouba algo importante dele – descobrimos que eles são espiões, e agem pelo mundo no melhor estilo ‘roubo uma fórmula secreta e leva quem me der mais’.

Aos poucos percebemos que a relação da dupla é mais intensa do que parece. Pelos flashbacks vamos descobrindo que Claire e Ray estão do mesmo lado, ainda que desconfiem um do outro, e planejam um grande golpe. Nestas cenas se destacam a montagem e a edição, grandes aliados do filme. Dá para acompanhar a história sem atropelos, mesmo com as idas e vindas do roteiro – e com passagens de cenas muito inteligentes, mostrando várias ações que ocorrem em tempos diferentes, todas exibidas em pequenos quadros na telona.

Apesar da inteligência em aspectos técnicos, o filme peca pelo roteiro longo – não havia necessidade de 125 minutos de muito papo e pouca ação – e pela total falta de sexy appeal de Julia Roberts, extremamente burocrática no papel. Já Clive Owen imprime todo seu charme e elegância ao personagem, o que lhe garante boas cenas. Mas os destaques do elenco são mesmo Giamatti e Wilkinson, os rabugentos donos de companhias farmacêuticas rivais. A cena em que eles brigam, logo no começo do filme – toda feita em câmera lenta – é primorosa.

Duplicidade não é brilhante como poderia ser, nem divertido como seu ‘alterego’ Sr & Sra Smith. Beira a monotonia mas é salvo pela reviravolta divertida do final e por outros aspectos que o tornam exatamente como seu título: duplo, ambíguo, duas faces. Ora bom, ora nem tanto.


Janaina Pereira

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