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quarta-feira, junho 03, 2009

A guerra que nunca acabou


Edward Zwick fez um dos melhores filmes sobre guerra – no caso, a Guerra Civil americana – em 1989: Tempo de Glória (Glory), além de lançar Denzel Washington ao sucesso, rendeu o primeiro Oscar (de coadjuvante) ao ator. De lá para cá, o diretor tentou vários caminhos: filme romântico (Lendas da Paixão, com Brad Pitt e sua vasta cabeleira loira andando a cavalo), épico (O último samurai, tentativa frustrada de dar o Oscar a Tom Cruise), ação (o ótimo e premonitório Nova York sitiada) até chegar a Diamantes de Sangue, com Leonardo DiCaprio, belo e sensível relato sobre o tráfico de diamantes na África.

Esperar que o filme seguinte a Diamantes fosse tão bom quanto não é pedir muito. Mas, infelizmente, não é. Embora Um ato de liberdade (Defiance) – a partir de amanhã nos cinemas – seja uma inspirada visão dos judeus sobre o holocausto – e, mesmo o tema sendo repetitivo, ainda há coisas para se falar sobre ele – o filme não acontece. Talvez porque a dureza da história tenha impedido algumas ousadias do diretor.

A trama se passa em 1941. Os bielorussos Tuvia (Daniel Craig, o atual James Bond), Zus (Liev Schreiber, que vem se mostrando um ator versátil e após X-Men Origens: Wolverine aparece neste drama de guerra) e Asael (Jamie Bell, de Billy Elliot) são irmãos que, ao fugir da perseguição nazista aos judeus, se escondem em uma floresta que conhecem desde a infância. De início eles apenas pensam em sobreviver, mas à medida que seus atos de bravura se espalham diversas pessoas passam a procurá-los, em busca de liberdade. Tuvia assume a posição de líder mas é contestado por Zus, que teme que suas decisões os levem à morte.

As reações dos irmãos ao que acontece em volta deles dão o tom pesado de Um ato de liberdade. Judeus brigando entre si por comida, mulheres cedendo aos homens para se sentirem protegidas, ganância, individualismo e muita vingança percorrem as mais de duas horas do filme. Tudo ao som de violinos, bela fotografia e um elenco afinado – e é aí que está o grande pecado desta produção. Tecnicamente ele é perfeito, mas falta emoção.

Um ato de liberdade tinha tudo para ser um grande filme, mas é confuso em suas intenções, misturando demais os gêneros drama e ação, sem convencer em nenhum deles. Assim é apenas mais um bom filme do competente Zwick. O que, nos dias de hoje, já significa muito.


Janaina Pereira

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