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sábado, maio 02, 2009

Eu e ele


A primeira vez que fui ao cinema eu tinha exatamente 3 anos e 5 meses. Era janeiro de 1978, e fui assistir Os Trapalhões no Planeta dos Macacos. Durante anos, eu só vi filmes dos Trapalhões, como era típico na minha geração. Quando eu tinha uns 6 anos, minha mãe – grande responsável pela minha paixão por cinema e quadrinhos – se deu conta que eu precisava desfrutar novos caminhos cinematográficos e só aí comecei a ver filmes da Disney.

Aos 8 anos fui ver meu primeiro filme legendado, ET – o extraterrestre. Lembro até hoje da emoção e das minhas lágrimas ao final da sessão. A partir daí eu abandonei a Disney e os Trapalhões e ‘cresci’. Virei fã do Spielberg e fiz do cinema a minha maior paixão. Minha vida nucna mais seria a mesma.

A primeira vez que sai sozinha, sem meus pais, pegando ônibus e indo para longe de casa foi para ir ao cinema, claro. Saí de Piedade para a Tijuca, bairros da zona norte do Rio. Fui ver Robocop – filme censurado para maiores de 14 anos, e eu tinha 13. Uma briga insana lá em casa – papai deixou e mamãe não. Papai argumentava que tanto faz ter 13 ou14anos, mamãe achava um absurdo uma criança de 13 anos ver filme proibido para menores de 14. No final, papai venceu. O filme era violento pacas para a época, e abriu as portas para eu assistir coisas menos infanto-juvenis.

A partir de então era cinema toda semana. De preferência às quintas (sou da época que filme estreiava às quintas), primeira sessão, na estreia. E, obviamente, veio a paixonite pelos galãs hollywoodianos. O primeiro de todos foi Harrison Ford – que eu descobri na TV com Han Solo, Rick Deckard e Indiana Jones. Tom Cruise eu descobri em vídeo – o primeiro filme que vi em VHS foi Top Gun, numa tarde inesquecível na casa da Cris – e foi o que mais vezes me levou ao cinema. Até hoje eu penso que a Kate Holmes viveu o que eu vivi – ela tambémfoi fã do Tom Cruise quando era adolescente. Surreal. Kevin Costner, Mel Gibson, Bruce Willis – todos eu descobri na TV antes de ir ao cinema.

Meu primeiro galã descoberto no cinema foge do esteriótipo: ninguém menos que o fofo Michael J. Fox. Baixinho, sem grandes atrativos físicos, o cara tinha 30 anos e fazia papel de 17 em De volta para o futuro - o filme mais marcante da minha pré-adolescência. Eu adorava o Marty McFly, um personagem marcante de um filme que m levou tantas vezes ao cinema que perdi as contas. Mas, acreditem, o primeiro galã, galã mesmo, que eu descobri verdadeiramente na telona foi Antonio Banderas.

Eu lia Capricho e havia saído uma reportagem com ‘o homem que esnobou Madonna’. Ai eu vi Filadélfia e bem... ele era o máximo. Mesmo fazendo papel de gay. Foi então que fui procurar os filmes dele na locadora... e conheci aquele que hoje é meu cineasta favorito: Pedro Almodóvar. Eu tinha uns 18 anos de idade e fui estudar a filmografia de Almodóvar - cujas cores intensas da fotografia de seus filmes e o foco feminino dos roteiros me encantaram. E aí eu deixei, definitivamente, de ser apenas uma consumidora de blockbuster.

Com o passar dos anos o vídeo cassete virou apoio. Vi todos os filmes do Hitchcock (o melhor diretor de todos os tempos,na minha modesta opinião), descobri Scorcese, Altman, Clint Eastwood, Fellini, Frank Capra (adoro filmes antigos, daqueles p&b dos anos 1930 a 1950) ... mas, desculpem, continuo tentando achar Woody Allen legal.

Apesar dessa paixão fulminante, nunca pensei em ser crítica de cinema, nunca achei que isso seria meu ganha-pão, nunca imaginei que freqüentaria cabines ao lado de jornalistas que eu leio desde criancinha, aliás, nunca achei que entraria numa cabine e depois escreveria o que achei daquele filme. Tenho um olhar muito apaixonado pelo cinema, adoro tudo que envolve um filme: curto as trilhas sonoras, a fotografia, a montagem, a direção (e a direção de arte), os figurinos... e, claro, o roteiro, afinal, escrever é tão importante para mim quanto o ar que eu respiro.

É por essas e outras que eu resolvi mudar o rumo das coisas e apostar no que gosto. Porque não quero perder o que conquistei. Não tenho pretensão nenhuma, mas quero fazer o que amo. Economia e publicidade pagam minhas contas, mas é o cinema que me faz realmente feliz.



Janaina Pereira

Comentários
Adorei Jana...é isso aí! Aposte no que vc gosta,assim como eu estou "tentando" fazer.....rs
bjs querida
 
É cinema é muito legal... Vc pensa em fazer faculdade de cinema deve ser bacana pacas... Eu escrevi dois roteiros "de louca é claro" Encontrei um modelo e fui indo pela intuição pq do cinema o que gosto é de viajar na maionese e assistir é claro... Já imaginou vc virando diretora... Uau q luxo!!! Eu como só gosto de escrever...escrevo livros q nem ao menos sei se um dia serão publicados + tudo vale a pena quando vc se satisfaz O ruim é a grana..... Corra atrás do seu sonho!!!
 
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