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quarta-feira, setembro 24, 2008

Por onde andei


Sábado, 9 horas da manhã, lá estava eu no Centro de São Paulo para participar da seleção do VII Curso de Jornalismo em Situação de Conflito Armado, do Projeto Repórter do Futuro, uma parceria do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Oboré. Olho para os lados e vejo vários jovens modernos e descolados vindos da Cásper, Metodista, USP, Mckanzie, FAAP. E eu, do alto dos meus recém-completos 34 anos, pensando: “o que estou fazendo aqui?”

Eu tenho uma monografia capenga, uma insônia que me persegue faz semanas, um cansaço permanente e pouco tempo para terminar mais um ciclo da minha vida. E, de repente, eu achei que tinha que fazer o curso porque ele representava o que o jornalismo sempre foi para mim: puro idealismo.

Eram 218 inscritos e somente 20 vagas. A prova traçava um perfil do estudante, e eu precisava dizer o porquê de estar ali. Qual era meu objetivo com o curso? O que eu vou fazer quando for jornalista? Já trabalheu em causas humanitárias? Afinal, quem sou eu para querer fazer reportargens em zonas de conflito?

Bem, as respostas foram sinceras. Aos 34 anos, não tenho mais tempo a perder. Eu mudei de rumo, faço uma monografia baseada em notícias sobre violência, trabalho como voluntária com crianças há seis anos, já trabalhei em ONG para defender as causas femininas, fui editora do jornal da faculdade por mais de dois anos, participei de cobertura de Congresso da Educação. E, de repente,fiz coisa pra caramba nestes quatro anos. Eu fiz valer a pena.

A prova também exigia conhecimento de notícias internacionais sobre zonas de conflito – a opinião de cada um sobre a guerra ao terror e a presença do exército brasileiro no Haiti. E ainda eu tinha que descrever minha melhor reportagem. Essa foi a questão mais difícil, porque não tenho 'a melhor', acho que falta muita coisa ainda... mas tem 'a mais especial', que foi, sem dúvida, a entrevista com o presidente da Bovespa, o Raymundo Magliano Filho.

Fiz minha parte. Se eles queriam alguém com o perfil, eu sabia que me encaixava. E sim, eu consegui. A minha escolha é uma prova de que quem somos e quem nos tornarmos é muito importante nos quatro anos de jornalismo, e independe da faculdade em que se estuda: você faz o seu caminho.

Estou extremanente apavorada, talvez porque meus textos serão lidos por jornalistas conceituados, gente que faz diferença. Ao mesmo tempo, parece que abriu-se uma janela para mim. Tudo que eu sempre achei que o jornalismo deveria ser – aquela velha idéia de 'fazer parte da história' – é o que eu vejo agora. Desde a queda do muro de Berlim, quando eu pensei “eu quero fazer parte disso”, ao dia em que acreditei que eu posso fazer parte disso.

Agradeço, especialmente, a Alexandre Barbosa, José Amaral, Cilene Victor, Rosângela Paulino e Marcela Matos, respectivamente meus professores em Análise do Discurso, Geopolítica, Jornalismo Especializado, Jornalismo Social e Comunitário e Orientação no TCC, pois suas aulas foram fundamentais nesta conquista.

Ao Ale e a Ro, particularmente, agradeço por continuarem lutando pelas causas em que acreditam - a América Latina, as mulheres, os negros. O mundo precisa de pessoas assim e é em vocês que eu me inspiro.

Agradeço ainda ao meu pai, o homem que me fez acreditar que palavras e idéias podem mudar o mundo.

E por último, mas jamais os últimos, aos amigos que sempre torcem por mim. São poucos, mas extremamente fiéis. Neste caso, mais uma agradecimento à parte, ao meu ídolo Edson Natale, afinal, todo mundo já sabe que eu quero ser como ele quando crescer.Menos careca, é claro.

Eu não sei para onde estou indo. Mas, podem ter certeza, mesmo com muita gente detestando isso: eu estou a caminho.


P.S.: Um agradecimento especial para a querida Eliane Arakaki e seu texto “Goiabadas e Prêmios”, que vou guardar com muito carinho.



Janaina Pereira

Comentários
Querida Janaina,

Saiba q eu me emocionei com seu texto. Se vc tivesse me escrito antes o começo do seu texto à eles,eu já teria te adiantado. VOCÊ PASSOU.

Parabéns,espero,do fundo do coração q vc chegue onde quer.


bjos

Guilene - sua amiga e eternamente grata a vc.
 
Parabéns! Show de bola...bjaum!

Gerson Corrêa
 
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