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quinta-feira, setembro 11, 2008

Bairrismo


Como (quase) todo mundo sabe, o tema da minha monografia é a cultura do medo. Estou fazendo uma análise de como os jornais paulistanos tratam o Rio de Janeiro e colaboram para a imagem ruim da cidade. Tenho feito grandes descobertas em minhas pesquisas. A maior delas é que muita gente não sabe o que é bairrismo.

No primeiro momento, fiquei chocada com isso. Eu ainda fico assustada com algumas coisas que ouço e vejo, mas deixa pra lá. Eu só agradeço aos meus pais por me ensinarem a ler jornal desde pequena. Isso ajudou muito na minha formação. E olha que eu era viciada em televisão. E nem por isso fiquei alienada. Mas, enfim, nem quero falar deste assunto agora.

Vamos voltar ao bairrismo. Para quem não sabe, esta palavrinha quer dizer a defesa exarcerbada de um lugar. Ou seja, aquela coisa de 'minha terra é melhor que a sua'. O Rio é melhor que São Paulo e vice-versa. Barcelona é melhor que Madri e vice-versa. Porto Alegre é melhor que Floripa e vice-versa. O interior de São Paulo é melhor que a cidade de São Paulo, e vice-versa. O Sudeste é melhor que o Nordeste e vice-versa.

Como meu amigo David sempre disse, o bairrismo entre Rio e São Paulo é quase palpável. E aí vem toda a minha tese: eu e minha orientadora, Marcela Matos, fomos buscar na história político-econômica da cidade a origem desse bairrismo. Ai eu tenho aquele capítulo maravilhoso dos 200 anos da imprensa, com foco na imprensa carioca e paulista - o capítulo sem fim, parece que nunca vou acabá-lo. E depois vem o fatídico capítulo do bairrismo. Eu tenho que explicar algo inexplicável, que não existe em livros, em artigos, em lugar nenhum. Preciso explicar algo que sinto na pele, no sotaque, nas roupas, no meu jeito de ser diferente das pessoas que estão ao meu redor. Preciso explicar como é ser estrangeira em meu próprio País.

Preciso explicar o que não tem explicação. E me faltam palavras, mas me sobram exemplos. Tomara que a Antropologia me salve dessa.

Depois vamos caminhando para a diversão: as teorias do jornalismo, a cultura do medo, a imparcialidade, a ética, e todas aquelas coisas que eu adoro falar. E por último o estudo dos casos. São seis longos capítulos - pois é, por que eu sou uma das poucas que tenho que ter seis capítulos? - e estou muito ansiosa para acabá-los. Já fiz até a conclusão da monografia. Já fiz a dedicatória, os agradecimentos. Já acabei antes de acabar.

Às vezes é divertido, às vezes eu fico meio mal quando vejo que não escrevi o que tinha que ser escrito. Mas, de alguma forma, está servindo para as pessoas descobrirem que este preconceito idiota que tantos adoram se chama bairrismo. Um tema tão recorrente neste blog, tantas vezes narrado... e que ainda assim muita gente nunca entendeu do que realmente se tratava.


Janaina Pereira

Comentários
As vezes me chama de bairrista... sei lá, acho que não sou. sei lá. é complicado esse termo...

rs

bjo
 
esse nome realmente é invocado.
 
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