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sábado, agosto 09, 2008

Por um piscar de olhos


Relutei um pouco em assistir O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon, França/EUA, 2007). Eu já sabia que a história era pesada, e não queria ficar deprimida. Mas, ao mesmo tempo, sei que ‘filmes baseados em tragédias reais’ têm o seu valor. Meu pé esquerdo, que consagrou Daniel Day Lewis, por exemplo, é espetacular. Então lá fui eu rumo a sessão cinéfila do Espaço Unibanco – cinema a R$2,50 para estudantes, um absurdo de bom – para assistir ao filme de Julian Schnabel, indicado a quatro Oscars este ano – e não ganhou de melhor filme estrangeiro porque não concorreu nesta categoria.

Vamos à história: Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) tem 43 anos, é editor da revista Elle e um apaixonado pela vida. Mas, subitamente, tem um derrame cerebral. Vinte dias depois, ele acorda. Ainda está lúcido, mas sofre de uma rara paralisia: o único movimento que lhe resta no corpo é o do olho esquerdo. Bauby se recusa a aceitar seu destino. Aprende a se comunicar piscando letras do alfabeto, e forma palavras, frases e até parágrafos. Cria um mundo próprio, contando com aquilo que não se paralisou: sua imaginação e sua memória.

O que mais angustia no filme – e esta é a grande sacada do roteiro de Ronald Harwood, baseado em livro de Jean-Dominique Bauby – é ver as coisas pela ótica de Bauby. Isso mesmo: a câmera é colocada do ponto de vista do personagem, ou seja, enxergamos por um olho só, vemos o mundo embaçado e acompanhamos a imaginação de Bauby através da sua locução em off. O final, poético e derradeiro, é um tapa na cara de quem ousar colocar um ponto final na vida... antes que ela realmente tenha terminado. E tem gente que ainda não acredita que cada um tem sua missão a cumprir...
Com uma atuação memorável de Amalric – e a presença da envelhecida, mas ainda bonita Emmanuelle Seigner, esposa de Roman Polasnki (sempre lembro dela em Busca Frenática com o Harrison Ford e no estarrecedor Lua de Fel ... mas o tempo não perdoa e demorei a reconhecê-la, tudo porque ela... envelheceu!) - O Escafandro e a Borboleta nos aprisiona mas também nos liberta. E é praticamente impossível não se emocionar com a liberdade que o filme sugere.


Janaina Pereira

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