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segunda-feira, julho 21, 2008

Batman again


Batman não é um super-herói. Pode ser difícil de acreditar, mas ele não é. Bob Kane criou um personagem ambíguo; valente mas cheio de raiva; digno mas extremamente impaciente; determinado mas repleto de amargura. O desejo de vingança sempre moveu Bruce Wayne e foi para aliviar sua dor e dar voz aos seus instintos primitivos que ele deu vida à Batman, o homem-morcego.

Na década de 1980, Frank Miller recriou nos quadrinhos os traços e a história do Batman original, tornando o personagem ainda mais sombrio. Mesmo com a estética visual aprimorada de Tim Burton, a franquia cinematográfica de Batman, dos anos 1990, não conseguiu capturar o espírito do personagem. Isso só veio a acontecer em 2005, quando Christopher Nolan (diretor do excelente Amnésia) mostrou que entendia a figura soturna do homem-morcego no sensacional Batman Begins. Três anos depois, Nolan traz às telas mais uma aventura do personagem, com muito caos, desordem e loucura. Não espere um blockbuster no gênero da franquia do Homem-Aranha, com efeitos especiais e aventura sem pretensão. Em O cavaleiro das trevas ( The dark knight), Batman está mais dividido do que nunca, mais sombrio do que antes, mais confuso do que poderíamos prever. E muito mais próximo da sua realidade em HQ.

Em primeiro lugar, vamos aos fatos: Heath Ledger está brilhante como Coringa, mas nada que justifique o 'auê' em torno de sua interpretação. Talvez o que surpreenda é o tom pessoal que ele dá ao personagem, fugindo da caricatura eficaz que Jack Nicholson fez em 1989, no Batman de Burton. Ledger está insano como o Coringa dos quadrinhos, um personagem saído do Asilo Arkham, visceral e debochado. A caracterização é perfeita: a voz, os gestos, o figurino, tudo funciona muito bem. O ator – morto prematuramente em janeiro deste ano – agarrou a oportunidade e fez do Coringa de Nolan o seu Coringa, que em momento algum faz lembrar o Coringa de Nicholson. Palmas para ele.

Mas eu fiquei bem mais impressionada com o Harvey Dent de Aaron Eckhart do que com o Coringa de Ledger. É Dent a figura central do filme, e em torno dele giram as dúvidas de Bruce Wayne/Batman. E por falar em Bruce, novamente Christian Bale mostrou que foi a escolha certa para o papel. Sem a boca e os dentes perfeitos – características muito marcantes dos Batmen anteriores, pois é o que se destaca na figura deste personagem – Bale investe na voz para caracterizar o homem-morcego. Uma voz poderosa, assustadora e intimidadora. O ator se mostra o mais perfeito e preparado para o papel, dando o charme e a vulnerabilidade necessários para o papel. Como Bruce Wayne, é altivo e atormentado. Como Batman é soturno e ainda mais atormentado.

Ainda se destacam no elenco o humor irônico do Alfred de Michael Caine, a elegância do Lucius Fox de Morgan Freeman (aparecendo menos que no primeiro filme), a incerteza romântica e quase ideológica da Rachel Dawes de Maggie Gyllenhaal (substituindo Katie Holmes e dando mais maturidade à personagem) e, especialmente, a forte presença do sargento e futuro comissário Gordon, em atuação magistral de Gary Oldman – que desta vez tem muito – e merecido - destaque no filme.

Vamos à história: Batman (Bale) está pagando o preço de sua popularidade em Gotham City. A cidade, que já era caótica, se tornou pior com o surgimento do justiceiro mascarado. Além de ter que lidar com novos vilões, entre eles o insano Coringa (Ledger), ele precisa conter o povo, que se inspira em suas ações, fantasia-se de Batman e fazem o homem-morcego questionar sua real importância para Gotham. As consequências dos atos de Batman acabam atormentando ainda mais o milionário Bruce Wayne, que pretende transformar o novo promotor Harvey Dent (Eckhart) no herói sem máscara da cidade.

Cuidado! A partir daqui o texto contém trechos que revelam a história!!!

Um dos pontos altos do roteiro de Christopher Nolan - em parceiria com o irmão Jonathan - é mostrar, justamente, que Batman não é um super-herói. Mais uma vez – e de forma mais intensa - vemos os limites físicos do personagem, desde machucados no corpo de Bruce Wayne ao processo de melhoria da armadura do homem-morcego, para que Wayne possa ser um Batman melhor. Tudo no filme gira em torno de que Bruce não tem superpoderes, não veio de outro planeta nem é uma mutação genética. Ele é um homem como outro qualquer, que viveu uma tragédia em sua vida que poderia ter acontecido com todos nós. Seu desejo de vingança, que parecia ter um tempo certo para acabar, se transformou numa vida dupla que ele escolheu, mas não planejou.

Cansado e preocupado com os rumos que sua vida toma, Bruce quer acabar com Batman. Ele nunca quis ser herói nem ser o motivo que levam loucos e bandidos a invadirem Gotham para desafiá-lo. Ele nunca planejou isso. Para o milionário, Batman era uma válvula de escape, uma maneira de vingar a morte dos pais e colocar as coisas em ordem. Mas ele acabou virando ícone, não só da população de Gotham, mas dos bandidos também. Como o Coringa diz quase no final do filme, a relação entre eles será para sempre. Afinal, o Coringa só existe por causa de Batman. Ele não quer fama nem dinheiro: ele quer que o circo pegue fogo. E Batman precisará lidar com as consequências de seus atos, já que Gotham se tornou pior por sua causa.

Batman é, durante todo o filme, o responsável pela salvação e pelo caos de Gotham. Ao ser enganado pelo Coringa, acaba salvando Dent e não a amada Rachel, e assim dá origem a mais um vilão, o Duas-Caras. Dent, capaz de tudo para conseguir o que deseja, dá vazão ao seu lado sombrio após ter parte do rosto corroído pelo ácido. E o sentimento de culpa de Batman se faz presente e ele assume o que não fez para manter a pose de herói sem máscara de Dent, na maior surpresa do roteiro.

O final assustador, que leva o personagem a fugir no meio das sombras, revela que um terceiro filme se faz necessário, afinal, Batman é o cavaleiro das trevas, o herói que Gotham precisa. Mesmo tendo suas próprias regras – ele nunca mata os vilões – sabe que os criminosos desejam testá-lo. Então, ao invés de assumir o posto de herói, termina o filme como fugitivo. E é essa toda a graça da história: mostrar que tentando ajudar, Batman acabou criando mais confusão. Isso é tão real, e tão próximo dos espectadores, que faz de Batman o que ele de fato é: o mais humano de todos os heróis. Por isso ele sempre será o meu favorito.




Janaina Pereira

Comentários
Jana muito bom teu post! Eu vi o Batman antes de lançar!!! :P Vi na quinta e adorei tbm! ë o filme de herói mais adulto já feito. ;) (k)s e tortas.
 
Eu adoro o Batman, exatamente por isso ele nao e um heroi, pois nao tem super poderes como super-homem ou Hulk, ou homem aranha e tal. Os poderes dele sao todos mecanicos fabricados, qualeur um com o dinheiro dele teria os poderes dele, so o batmovel foge da realidade... kkkkk, mas filme e filme. E ofato dele ser todo preto ja apresenta o lado dele que e relamente e de sombrio e vingativo... Mas alguem q eu, pelo menos, queria q existisse... SONHO MEU!!! KKKKKKKK
 
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