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quarta-feira, maio 14, 2008

Odisséia Paulistana - parte I


Para ler ouvindo "Epitáfio", dos Titãs.


Já que eu falei recentemente dos meus amigos cariocas, vamos aos amigos paulistas e nossos momentos inesquecíveis. Alguns nem são daqui, como o David, mas todos moram em meu coração. De cada um tenho – e sempre terei – muito boas recordações.

Como também já falei aqui, o lugar mais legal que eu trabalhei em São Paulo foi o Gad Design, onde conheci paulistas da melhor qualidade. Lembro, com saudades, do nosso chopp semanal no São Cristóvão – o melhor bar de Sampa – dos almoços divertidos, da viagem inesquecível para Porto Alegre, das pizzas toscanas pela madrugada, da torta de maçã que o Beto me presenteava quase toda semana e do saudoso café da manhã com palestras... bem, nem tudo era perfeito, mas era bem legal.

Do Gad ficaram amizades eternas e talvez o homem mais citado deste blog, depois do meu pai: Clauber, meu chefe preferido em todos os tempos, e nem é porque o moço é leonino como eu. Não devia ser fácil, para ele, administrar uma equipe cheia de homens pinguços e uma única mulher: eu, a mais marrenta entre todas as mulheres da agência, mas, sem falsa modéstia, a preferida da criação. Como eu sempre gostei de trabalhar em equipes predominantemente masculinas – com TPM, já basta eu – a relação entre a gente era muito divertida.

Haviam momentos inusitados. Por exemplo, até hoje é difícil para meus colegas de trabalho lidar com uma mulher que usa saia todo dia. Aí sempre tem um que fica olhando minhas pernas – o que, no começo, eu achava patético, depois constrangedor, mas agora eu não ligo mais. Depois de um tempo eles se acostumam. E eu também. Outra coisa complicada para os meninos que trabalham, ou trabalharam, comigo era aturar meu mau humor. Eu odeio acordar cedo, então, geralmente pela manhã sou muito quieta. Quando estou chateada, fico sem falar com ninguém, só abro a boca se for necessário. Como sou muito transparente, todo mundo sabe se estou bem ou não. No começo, as pessoas estranham, mas depois se acostumam e respeitam o fato de que, se estou calada, é melhor não puxar assunto.

Não deve ser fácil para o universo masculino ser comandado por uma mulher. Nas ausências do Clauber, eu assumi o comando da equipe algumas vezes e era mais complicado do que parecia. Eu sei mandar, mas nem todo mundo sabe obedecer, especialmente se o líder for mulher. Passei por alguns momentos delicados nessa função, mas nunca baixei a cabeça para isso. O fato de ser mulher nunca desmereceu meu trabalho mas eu via sinais de rebeldia porque eu era uma mulher e estava na frente dos trabalhos. Nada disso abalou as amizades que tínhamos, embora, naquele momento, eu tenha ficado magoada com algumas atitudes. Mas não chorei. Porque eu não sou o tipo de mulher que chora por isso.

Ainda entre os momentos inesquecíveis da odisséia paulistana estão os dois anos em que trabalhei na Grey. Uma agência de publicidade multinacional, com uma equipe de 25 pessoas na criação – e só eu de mulher. Como dizia o Hermes, na época, eu não aprendi nada de publicidade, mas muita coisa sobre os homens. E teve ainda os poucos, mas festivos meses na Acqua. Beto Venturi, Vamberto e Guto. Éramos quatro, novamente eu era a única mulher, mas talvez tenha sido o lugar mais tranquilo que trabalhei, com a criação mais unida e mais musical. Ouvir Tim Maia toda tarde não tem preço. Os outros lugares tiveram seus momentos e grandes amigos, como o Erlon e o Silvio, da Registrada, ou a Gi, da For. Mas, profissionalmente falando, geraram mais atritos do que alegrias. Ainda bem que sempre tem algum amigo para salvar a minha memória seletiva.

O jornalismo trouxe outras coisas para mim, entre elas, trabalhar em uma editora focada para o público feminino, cercada de mulheres, com uma editora e uma diretora mulheres, em uma equipe com apenas um homem. É estranho, mas ao mesmo tempo meu trabalho é mais egoísta e totalmente solitário, então como eu convivo bem comigo mesma, dá certo. O melhor foi eu ter sido vetada para trabalhar nas revistas femininas por não ter perfil de quem escreve para mulher. Tenho certeza que isso é herança do mundo publicitário. A convivência com os homens me tornou mais objetiva e prática – adoro isso neles – e menos passional. Assim, fui parar no núcleo de economia e hoje sigo um caminho totalmente diferente do planejado. Mais uma vez, uma mulher em um universo predominantemente masculino: o jornalismo econômico.

Meio sem querer, comecei a fazer um retrospecto dos meus sete anos de São Paulo. Sete é fechamento de ciclo, então vou fazer um balanço de tudo por aqui. Neste texto, vocês leram as melhores lembranças da minha vida profissional. No próximo capítulo, vou falar da vida pessoal.


Janaina Pereira

Comentários
É trabalhar com homem eu acho bem melhor.
Sabe que vc falando, ou melhor, escrevendo assim, parace até q pulicidade é em legal.
 
vc virou a minha musa.

bj.

ME.
 
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