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sexta-feira, maio 09, 2008

Maternidade


Para ler ouvindo "Woman", com John Lennon.


Existem mulheres que nasceram para ser mãe; outras, não servem nem para madrasta. Mas, parece que o grande diferencial de uma mulher ainda é esse: se você é mãe, tudo certo, se não é, tem algo errado. Tenho algumas amigas, que são ou já foram casadas, que não tiveram filhos e acho muito ousado da parte delas manter essa postura. Ser mãe não é só um estado de espírito, é uma vocação.

Como eu já passei dos 30 e nunca tive a maternidade como prioridade, fico pensando como seria minha vida se eu tivesse um filho. Certamente eu não estaria estudando – e se estivesse, minha dedicação não seria igual. Eu perderia várias oportunidades e talvez nem tivesse vindo para São Paulo – porque não consigo imaginar meu filho paulista, meu filho seria carioca, claro. Embora eu adore crianças, e tenha muita paciência com elas, eu não sei se tenho essa vocação para ser mãe. Mas se algum dia esse desejo aflorar, eu resolvo de modo bem simples: existem muitas crianças para serem adotadas e mãe é aquela que cria, portanto, há outros caminhos a seguir.

Mas vejo que não é fácil a escolha de ter o filho da própria barriga. Primeiro porque nem todos os homens estão preparados para a tarefa árdua de ser pai. E filho sem pai não dá. Eu, que perdi meu pai muito cedo, sei da importância da figura masculina na vida de uma criança, então esse negócio de produção independente não funciona comigo. Além da escolha paterna, existem outros problemas para se gerar um filho. As mudanças do corpo, as questões financeiras, a preparação psicológica e, talvez, o mais complicado de tudo: uma vida completamente diferente. Imagina ter alguém que, por anos, dependa de você... primeiro para comer, tomar banho, se vestir, andar, ir a escola, ser educado, ah, e tanta coisa... imagina ter alguém que saiu de dentro de você e um belo dia sai de casa sem dar satisfação e te deixa ali sozinha – exatamente como eu fiz com a minha mãe.

É por isso que ela sempre disse que eu só a entenderia quando eu fosse mãe.

Mal sabe ela que eu entendo bem ela mesmo sem ser mãe.

Claro que existem mães de caráter duvidoso, mulheres que envergonham os filhos – e que eu me pergunto como puderam gerar outras vidas se não conseguem administrar a vida delas. Mas também temos aquelas mulheres que fizeram da maternidade um ofício, que nasceram para isso, que abriram mão de suas vidas para cuidar de outra pessoa.

Desculpem, sou egoísta, não consigo pensar em abrir mão dos meus sonhos por causa de outra pessoa. Apesar de saber – e sentir, cada vez mais – que minha mãe precisa de um neto, eu não posso fazer isso. Talvez algum dia eu mude de idéia.

Isso só o tempo vai poder responder.


Janaina Pereira

Comentários
Ixi, penso igualzinho a vc. Mas tenho um agravante a mais, MEDO. Tenho pavor de parir....
 
Ao ler o seu texto me senti motivada a escrever este, foi como se eu estivesse ouvindo uma gravação da minha fala a alguns anos atrás.
Acabo de fazer 36 anos, tenho um filhinho(lindo!!) de 1 ano. Passei a maior parte da minha vida reprodutiva, até o ano passado, com todas essas idéias que você expôs em seu texto, pairando na minha cabeça, tinha muito medo de ser Mãe, apesar de sempre desejar muito isso.
Meu medo era tanto, que relações amorosas se desfizeram por conta disso, afinal de contas, meu projeto de vida parecia muito egocêntrico. Queria viajar para Paris, fazer mestrado na USP, morar em Vila Velha/E.S., visitar Portugual, dormir até quinze pro meio dia, ir a praia todos os finais de semana de sol, tomar chopp toda sexta feira, afinal de contas sou carioca e moro em Niterói.
Cheguei a realizar alguns desses projetos, outros AINDA não, mas sinceramente, nada disso hoje me faria mais feliz do que ser a mãe do Lucas, pode até parecer força de expressão, mas essas coisas não são mais assim tão importantes, são bacanas, mas menos relevantes do que me parecia antes. Estou ficando velha... talvez seja isso, também contribuiu muito o fato de eu ter encontrado o Pai do meu filho, não podia ser outra pessoa, só podia ser ele...
As vezes saio do trabalho, sexta-feira, e vejo os bares lotados, como sempre acontece por aqui as 6ª feira, só que a minha agora é diferente, existe um ser que depende de mim pra se alimentar, dormir, isso as vezez também me assusta, me pesa os ombros, dá um medo!! Penso: Será que dou conta? Mas quando vejo o sorriso dele no rosto, sei que essa fase de maior dependencia também vai passar. Logo, logo ele estará tomando o seu chopp às 6ª feira e eu o que estarei fazendo daqui a alguns anos??
Bem, poderei estar como todo mundo fazendo o que fez sempre, tomando um choppinho,ou retomando projetos antigos, mas seja lá o que eu venha fazer daqui a alguns anos, o fato é : Eu não serei mais um ser sozinho,desde que me senti grávida eu percebi essa minha nova condição, e isso faz toda diferença. Eu não sou mais sozinha, eu tenho filho ...
Luciana Vidal
 
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