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quinta-feira, maio 29, 2008

Isso e aquilo


Para ler ouvindo “Alive”, do Pearl Jam



Com a faculdade chegando ao fim, a pergunta que não quer calar é: Janaina Pereira vai retornar ao mundo mágico da propaganda? A resposta? Não tenho ainda. Talvez seja difícil entender que eu não escolhi nada, o destino me levou a tudo isso. Vou tentar explicar.

Dos 10 aos 13 anos eu achava que ia ser médica pediatra, por causa da minha paixão por crianças. Mas, aos 14 anos, vi uma novela chamada “Sassaricando”,em que o personagem do Marcos Frota era publicitário. Achei interessante e fui pesquisar o assunto. Gostei da idéia e escolhi a publicidade. Aos 16 anos, no entanto, eu iniciei minha vida de torcedora oficial: de vôlei, de basquete, de futebol e até de tênis. O amor pelos esportes me fez pensar em ser jornalista esportiva. Em meu teste vocacional, apareceu que meu QI era acima da média e eu devia ser escritora. Na verdade eu queria mesmo era fazer cinema. Diante de tanta indecisão, aos 17 anos fiz vestibular para jornalismo e publicidade. Não passei na UERJ, para jornalismo, mas passei na UFF, para PP. Só que eu queria estudar na UFRJ. E ainda precisa trabalhar – a vida de estudos pagos pelos meus pais acabara e com a morte do meu pai, alguns anos antes, minha mãe avisou que só me bancaria até o fim do segundo grau. Ou seja, não poderia fazer faculdade particular. A UFF só tinha aulas à tarde e à noite. Abri mão da faculdade para trabalhar. Meu padrasto, inconformado, pagou meu curso de Publicidade na ESPM. Nas primeiras aulas – de mídia e atendimento – eu fiquei na dúvida se era aquilo que eu queria. Quando chegaram as aulas de criação, eu me encontrei.

A partir dali começou minha vida de publicitária. Uma carreira cheia de anúncios para carro, para remédios, para o varejo, um stress louco que eu amava. Um novo mundo se abriu para mim. A obsessão pelo sucesso, pelos prêmios, pelo dinheiro era maior que tudo. O tempo passava, as coisas não aconteciam e eu não desistia. Fiz milhares de cursos, conheci muita gente, badalei em todas as festas, era extremamente popular no mercado do Rio de Janeiro. Não foi diferente quando vim para São Paulo. Quase todo mundo de PP sabe quem eu sou. Ou melhor, quem eu fui. Alguém que nunca desistiu do melhor anúncio, do melhor título, do melhor portfólio.

De repente eu cansei. Cansei das faltas de oportunidades do Rio. Tal qual a Natalie Portman em “Closer”, mudei de cidade – só faltou mudar de nome. Mas mantive o sobrenome do meu pai e segui adiante. Em Sampa um mundo ainda mais maravilhoso se abriu para mim. E, de repente, eu cansei de novo. Cansei da vidinha de não ter hora para sair do trabalho, das cobranças de clientes que não sabem o que querem, dos atendimentos surtados, da vida insana. Cansei de ser quem eu era. Resolvi me reinventar.

Eu nunca escolhi o jornalismo: ele me escolheu. Fui escolhida quando comecei a escrever para sites de publicidade sobre o mercado. Meu primeiro texto, no saudoso Trampolim, do André Gola e do Paulo Lisboa, fez tanto sucesso que eu era a colunista mais badalada do site. Daí para os jornais de PP foi um pulo. O pulo da gata: este blog nasceu e com ele a certeza de que eu deveria seguir um novo caminho.

Todo mundo sempre falou que me faltava uma universidade na vida. Lá fui eu voltar aos bancos escolares. Com 30 anos, não foi fácil conciliar tudo. Mas foi uma decisão que me abriu novas possibilidades. Ver pessoas dez anos mais novas com uma perspectiva de vida tão diferente da minha foi realmente assustador. Foi então que percebi o quanto eu era favorecida por ser mais velha e por ter dedicado 12 anos da minha vida à publicidade. Foi ali, na Universidade, que eu vi que eu não precisava deixar de ser publicitária para ser jornalista. Foi neste ponto da minha vida que eu mudei meu rumo e arrisquei tudo.

Aos poucos o destino me levou para os trabalhos jornalísticos e a publicidade ficou em segundo plano. Mas nunca, nunca mesmo eu a abandonei. E não vou abandonar. Eu gosto muito, sinto saudades de várias coisas, especialmente dos trabalhos em dupla, de poder criar algo do nada, vender uma idéia inusitada.

Para os amigos, novos e velhos, talvez a Janaina publicitária seja diferente da Janaina que será jornalista. Mas, para mim, não existe isso ou aquilo: eu sou alguém que permitiu se descobrir novamente. Ao contrário da galera de vinte e poucos anos, eu não tenho medo do futuro. Eu sonho. Eu arrisco. Eu vou à luta. Não me prendo a valores e preconceitos. Ao contrário da maioria do pessoal da minha idade, eu não me conformo com o pouco que tenho. Eu quero mais e melhor. Sempre.

Quatro anos depois, a faculdade está quase no fim e eu não fui vencida pelo cansaço. E espero que a minha história de amor com a publicidade e o jornalismo sejam apenas mais alguns capítulos autobiográficos. Porque eu vou me reinventar de novo. Quando todo mundo menos esperar.


Janaina Pereira

Comentários
Eita, que trajetória enh!
É ... com certeza vc nasceu p/ escrever.
 
Adoraria ler um livro seu, ja pensou na idéia?
Beijos, te admiro muito.
Ivy
 
Então essa é a história por trás dos caracóis dos teus cabelos e dos teus dentinhos enfileirados...
 
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