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segunda-feira, dezembro 10, 2007

Mulherões de Trinta


Lendo uma reportagem sobre a força das 'novas balzaquianas', percebi que a maioria das minhas amigas são minhas contemporâneas – apesar da faculdade ter me rejuvenescido e transformado meninas de 20 anos em boas e fiéis amigas. Mas, não dá para negar, mulheres de 30 são outra história.

Eu nunca achei que ia chegar aos 30 anos, não ficava pensando como seria. Não tive crise para sair dos 29, e nunca tive problemas com a idade. Todo mundo sempre me achou mais nova e isso sim é um problema, especialmente no trabalho. Não gosto que me achem mais nova, porque ser jovem significa ser inexperiente e imaturo, então preciso repetir mil vezes minha idade para todos perceberem que não estou brincando, estou trabalhando. Atualmente não tenho esse problema, muito pelo contrário, ser mais velha do que a maioria que ocupa meu cargo faz de mim alguém mais experiente e só me ajuda. E todo mundo sabe muito bem quantos anos eu tenho. Mas, ser mais jovem na vida pessoal é lucro. Sempre pode-se chocar alguém ao revelar a idade e ouvir aquele "nossa, mas você tem cara de novinha!". Isso sim é gratificante.

Não tenho medo de envelhecer, embora a idade tenha me trazido muitos problemas. A saúde exige mais cuidados, os cabelos ficam brancos, o rosto ganha sinais. Quando me vejo nos espelho percebo que sou muito diferente hoje, que é impossível alguém achar que tenho menos de 30. Está na minha cara tudo que passei e não dá para disfarçar a experiência de vida.

Sou bem diferente do que minha mãe era na minha idade. Ela já era casada, tinha uma filha de nove anos (eu!), se vestia de modo mais formal... e eu escrevi em linhas completamente tortas a minha história! Nunca fiquei grávida e às vezes penso até quando meu relógio biológico vai suportar isso!!! Ao mesmo tempo, não tenho medo de não engravidar porque sempre há uma possibilidade para ser mãe – a adoção ainda é a melhor delas – e, sinceramente, ser mãe é um dom que não sei se eu tenho. Amo crianças, mas ser mãe é mais do que gostar delas.

Não uso cremes anti-rugas, e só usei shampoo tonalizante três vezes em três anos. E ninguém repara, tenho que ficar falando que pintei o cabelo porque tanto faz pintar de terra, chocolate ou café, no final, dá na mesma. Sinal que os cabelos brancos nem chamam tanta atenção – mas eu os odeio mortalmente. Adoro comer porcaria, aliás, minha alimentação é péssima. Amo pizza, pastél, amendoin, chocolate e toso dos doces e frituras do universo. E sou feliz assim. Até tomo vitamina de iogurte natural com maçã, mel e granola, mas porque eu gosto, não porque faz bem à saúde. Não como frutas com frequência, não curto salada, e, apesar de ser junkie, meu colesterol não é alto. Pois é.

Não fumo, bebo pouco mas bebo bem, não uso drogas, não uso creme anti-rugas, nem anti-celulite. Não fiz drenagem linfática, não coloquei silicone, não faço escova definitiva. Mas, se algum dia precisar colocar botox ou fazer plástica, eu faço sim – claro, se tiver dinheiro para isso. Afinal, se a Nicole Kidman aos 40 tem a cara mais esticada do que quando ela tinha 20, porque eu não tenho esse direito? Ou alguém aí acha que a Paula Toller, também aos 40, tem aquela pele de bebê naturalmente? Só não quero parecer ridícula, mas parecer jovem é um direito que eu tenho.

Adoro academia, mas só para fazer musculação. Entro, faço o que tem que ser feito e tchau. Não tenho cuidados especiais para ficar bem aos 30 e poucos anos, e não pretendo parecer mais jovem – se as pessoas acham, fico feliz, mas não é meu objetivo de vida. Sinto-me bem como sou e como estou, e não troco meus 33 anos por idade nenhuma. Não gostaria de ter 20 anos de novo, em hipótese alguma! E sim, eu uso a mesma saia de quando eu tinha 20 anos – porque tenho pernas para isso, e enquanto tivê-las, eu vou usar.

A melhor coisa de envelhecer é olhar para trás e perceber que eu vivi. E isso eu falo com orgulho. Eu não queria ser mais do que eu era aos 20 anos. E agora também não quero ser mais do que sou aos 30. Tá, 33. Não importa. O que interessa é que olho para minhas amigas balzaquianas e percebo que nada mudou, somos as mesmas, só que mais experientes. Por isso, me desculpem as ninfetas, mas o tempo só ajuda as mulheres – e ridículos continuam sendo os homens que acham que duas de 15 são melhores do que uma de 30.



Janaina Pereira

Comentários
kkkk
Amei o texto, afinal eu tb sou uma balzaca.

Muito bom, muito bom mesmo.
 
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