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domingo, agosto 12, 2007

Eu queria a eternidade


Faz tempo que não passo um aniversário em São Paulo. Apesar de morar aqui há mais de seis anos, só fiquei na cidade duas vezes para o meu niver. Evito ao máximo estar em Sampa neste dia, mas fazer o quê? Trabalhando e estudando, não me sobrou outra alternativa. E nem vou comemorar direito, a vida está numa correria e preciso resolver outras coisas mais importantes.

Mas a data é sempre cercada de uma tristeza velada, embora eu nunca deixe transparecer isso. Já foi bem mais difícil lembrar que meu aniversário é uma data que acompanha o Dia dos Pais. Hoje é apenas uma lembrança triste, mas consigo conviver bem com a ausência dele. Geralmente quando as pessoas me conhecem acham que meus pais são separados, porque nunca falo dele. A questão é que não preciso expor minha vida nem alardear para todo mundo que meu pai já morreu. Até porque detesto que sintam pena de mim. Não sou diferente de ninguém porque meu pai não está aqui. Apenas aprendi desde cedo a conviver com a morte.

Alguns dos meus amigos mais queridos são pais, e eu acho que ser pai é uma função relevante nessa vida. As mães sempre ficam com a fama, e os pais, coitados, com a má fama. Eles são esquecidos, ficam em segundo plano nesta data comercial, ganham os presentes menos interessantes mas, no final, quase sempre, pagam a conta do cartão de crédito!

Muitos homens são apenas reprodutores: fazem o filho e depois nem querem saber. Ser pai vai além do momento da fecundação. É ser presente mesmo quando se é ausente. É saber o que dizer na hora que a mãe coloca de castigo. É estar por perto quando seu filho se machuca e a mamãe sai correndo desesperada achando que a criança vai morrer. Mãe é sempre desesperada. E o pai tem que controlar o desespero dela.

Sinto muitas saudades do meu pai, mais do que qualquer pessoa possa imaginar. E quando vejo pais e filhos juntos, penso que a vida deveria congelar esse momento e deixar que eles – o pai e a mãe – fossem eternos.

Eu queria eternamente meu pai aqui. O que restou foi esse amor que há quase 20 anos convive com a ausência. Mas que é fundamental para que eu sobreviva. A morte do meu pai me trouxe alguém que era completamente complexa em minha vida: minha própria mãe. Foi a ausência dele que me obrigou a crescer rapidamente e aceitar que minha mãe é diferente de mim, mas não devo amá-la menos por isso. Meu pai sempre foi meu amigo, e minha mãe era minha inimiga mais feroz. Hoje, graças a perda do meu pai, vejo que minha mãe é a pessoa mais complicada que eu sou obrigada a lidar. Mas a maior benção que Deus pode colocar em minha vida.

Aos homens que merecem esse dia, e às mulheres que sabem a importância da data: feliz Dia dos Pais.


Janaina Pereira

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