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segunda-feira, julho 30, 2007

Eu no Pan


Quando eu soube que o Rio iria sediar os Jogos Pan-americanos de 2007, eu prometi a mim mesma que já estaria morando lá novamente e acompanharia o Pan de perto. Mas isso não aconteceu. Quer dizer, eu não voltei a morar no Rio, mas eu fui ver o Pan.

A viagem caiu no meu colo e eu não desperdicei a oportunidade. Sem ingresso, consegui ver as competições gratuitas. E valeu muito a pena. Posso dizer, com orgulho, que das 54 medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil, eu tive o prazer de ver quatro delas. Bem de perto.

Sábado passei o dia na Marina da Glória acompanhando as regatas da vela. Um frio como nunca presenciei antes no Rio, uma chuva que não dava trégua, mas uma emoção que não conseguirei descrever aqui. Vi o Robert Scheidt vencer sua regata mas ficar com a prata no geral. E vi também sua decepção, estampada num olhar triste. Mas Scheidt ainda agradeceu a pequena torcida, que resistiu bravamente a tempestade que caia sobre a Marina, pela força.

Ele foi o último a receber a medalha, numa tarde de sete conquistas brasileiras – três ouros, duas pratas e dois bronzes. Entre os vitoriosos estava Ricardo Winicki, o Bimba, campeão mundial da classe RSX e bicampeão panamericano. Tive a chance de tirar uma foto ao lado dele logo após a conquista do ouro – com direito a ver diante de meus olhos a medalha mais cobiçada – e sim, fui tiete mesmo e guardei uma recordação para toda a minha vida.

No domingo, com menos frio e menos chuva, acompanhei a maratona. Consegui ver o trecho em que Vanderlei Cordeiro de Lima liderava, vi o momento em que ele foi ultrapassado e ainda sua desistência da prova e a vitória espetacular do Franck Caldeira. Eu estava lá, na linha de chegada. Literalmente. O mais incrível, porém, só aconteceria após a corrida: Vanderlei, mesmo sem medalha, chegou perto do público, deu autógrafos, tirou fotos e foi ovacionado. Nunca vi um atleta, que se quer completou a prova, ser tão aclamado. Eu só conseguia lembrar da Olimpíadas de Atenas, quando ele ficou com o bronze – naquela corrida histórica em que foi empurrado quando já tinha o ouro certo – e, numa lição de aceitação dos percalços da vida, disse não se importar pelo que tinha ocorrido. A simplicidade dele, que aceitou o bronze sem reclamação, chamou a atenção. E é essa lembrança, de simplicidade e humildade, que ficou nos corações brasileiros e fez com que ele, mesmo sem vencer, fosse o mais festejado.

Não conseguirei descrever com palavras o que é ouvir o hino, ver a bandeira sendo hasteada, sentir a emoção de vencer. E ainda gritar para os argentinos: "Ôôô ... vice de novo!!!" Participar do Pan, como carioca, era questão de honra. Eu tinha que estar lá.

Eu fui. Eu vi. E eu venci.



Janaina Pereira

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